quinta-feira, 19 de abril de 2018

curando a coragem

hoje eu fiz uma coisa incrível. realizei uma ideia. superei um auto-desafio.

a ideia foi nadar 1000m na represa Atibainha, onde tenho ido remar SUP toda semana. o encontro com o SUP é um caso à parte, mas dele veio o ímpeto pra voltar a nadar e da natação na piscina do clube veio o ímpeto pra ir pras águas abertas.

e lá fui eu, antes que o frio venha dizer não.

ingenuamente, pensava que meu desafio seria apenas nadar os tais mil metros sem pausa.

mas bastou dar as primeiras braçadas pra descobrir que meu desafio seria... o medo do escuro!

o medo daquilo que a gente não vê, não sabe o que tem por trás, por baixo, além. O medo de não saber!

abrir os olhos sob a água e enxergar nada mais do que minhas mãos e braços passando foi assustador

preferi então fechar os olhos e veio outra sensação louquíssima: a de me jogar... e o medo de dar de cara na parede (?!?!?!)

percebi minha respiração ofegante, coração acelerado.

tratei de dizer pro meu corpo que ele daria conta, algo como: "nade tranquilo, vou ter uma conversinha aqui com nossa querida mente"

lembrei então da postagem da minha amiga e terapeuta astróloga, sobre a entrada de Kíron em Áries, trazendo cura para a nossa relação com a coragem. Pronto, pensei, é agora!

enquanto eu lembrava a minha mente de que todos aqueles medos eram absolutamente infundados, do ponto de vista da objetividade real, algo também me lembrava que a cura da minha coragem estava em prover a mim mesma todos os cuidados que eu tivesse direito! Quero dizer: ter coragem não é encarar os medos e situações desafiadoras sozinha. Isso é no mínimo imprudência. Ter coragem é fazer, realizar, ir até o fim, concluir - e se cercar das condições para que isso seja possível.

e eu estava fazendo exatamente isso. na semana anterior, havia feito um reconhecimento do percurso, junto com meu instrutor de SUP. Falei pra ele da ideia, medimos o trajeto.

nos treinos de natação na piscina, treinei forte, nadei 1400, 1500m (parece pouco, mas estou nadando há menos de dois meses). falei com meu professor que nadaria na represa, perguntei se teria alguma dica especial (olhar pra frente de vez em quando, rs...)

e hoje avisei o instrutor que era minha primeira vez em águas abertas, pedi pra ele ficar de olho em mim. Fizemos o treino de SUP e depois voltei nadando e ele rebocando minha prancha

quando eu olhava pro lado, ele estava lá, e aquela imagem me dizia simplesmente que não havia o que temer, que eu estava em segurança. lá se foi o medo.

depois ficou apenas a preocupação de manter o rumo, o que também não é lá muito fácil

mas, enfim, consegui

nunca tive dúvida de que conseguiria

não cheguei a pensar em desistir... eu só comecei a ter um mini pânico de pensar que teria que nadar aquilo tudo com aquela sensação apavorante de medo do escuro e medo de dar de cara na parede (?!?!?!)

e enquanto ia negociando com o medo, as braçadas encurtavam a distância, e o tempo

ah, o tempo... tudo se passou em menos de vinte minutos!

ao final, já deitada na prancha tomando sol, percebi que a magnitude das conquistas é na escala de cada um, absolutamente incomparável, porque os demônios internos são invisíveis, impossíveis de se medir, impossíveis de se comparar, e, portanto, quem deve outorgar os prêmios, pódios, medalhas, somos nós mesmos, porque ninguém mais tem condição de saber o que enfrentamos pra estar ali. tenho lá minhas questões com competições... mas isso também é outra história...