segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Fluxo Esforço Inércia Disciplina e por aí vai...

Ultimamente tenho ouvido falar muito no tal do "fluxo". Que a vida flui, que a energia flui e que para que sejamos felizes basta entrar no fluxo e deixar rolar. A ideia é muito simples, daquela simplicidade que desafia as complicações onde fomos nos metendo nessa vida cyber-urbana-acadêmica e justamente por isso as mentes pensantes desconfiam logo de cara.

A mim a ideia convence. Se está difícil, se está demandando esforço, é porque não é por aí.

Mas tem um pequeno detalhe: o que é esforço?

Em muitos aspectos adquirimos um certo comodismo e entramos num estado de inércia. As dificuldades surgem, os incômodos surgem, e parece que pra lidarmos com eles precisamos de algum esforço, mas se o esforço indica que não estamos no fluxo, então o fluxo é ficar nesse estado de dificuldade e incômodo? Então a questão é optar pelo "menor esforço"?

Não!

A questão é que pra sair do comodismo, pra romper com essa inércia, precisamos de um peteleco - ou na maioria das vezes um belo chute na bunda!

Esse peteleco, esse chute, demanda um esforço, dói um pouco, talvez até fique roxo, mas não é nada de mais. Essa dorzinha do chute, esse desconforto de sair do lugar, esse esforço pra parar de bocejar e agir, são perfeitamente suportáveis e cabíveis, deixe de manha! Respire fundo, olhe sua vida e avalie: você está deitado na rede reclamando que não tem isso, não tem aquilo, não fazem isso ou fazem muito daquilo? Está precisando de um peteleco...

Ou, ao contrário, você trabalha, trabalha, rala pra caramba e nada sai como você quer? Está precisando desapegar dessa ralação toda, silenciar e buscar o tal do fluxo, esse lugar mágico onde as coisas acontecem.

Mas uma coisa é certa: o fluxo não está no esforço tanto quanto não está na inércia.

E aqui entra uma visão nova - nova pra mim, é claro - do papel da disciplina.

Sempre achei que disciplina fosse estabelecer algo e cumprí-lo sistematicamente: não comerei mais carne; farei atividade física duas vezes por semana; levarei meu cachorro pra passear todo dia; visitarei meus pais toda semana; levarei meu filho no parquinho segunda, quarta e sexta.

Só que essa disciplina aprisiona, pelo simples fato de que essa disciplina está baseada no futuro e o futuro não existe. Ou então está baseada no passado, quando estabeleço as deliberações pautadas em situações que passei e não quero passar mais, ou que quero que se repitam. E o passado não existe mais...

Não adianta, a vida acontece aqui e agora. Fora isso é ilusão e ilusão é prisão.

A minha nova disciplina, a minha nova visão sobre a disciplina, é ter constância e rigor na auto-observação. É ser disciplinada o suficiente pra não me deixar entorpecida numa rede reclamando da vida (deitar na rede pra descansar, maravilha! O problema não é a rede...) Ou então ser disciplinada o suficiente pra me dar conta de que esse caminho onde já trabalhei tanto não vai dar onde eu queria, e ter a coragem, o desapego e a humildade de dar meia volta e recomeçar a caminhada.

As duas situações exigem esforço; as duas situações pedem quebra de inércia (inércia do repouso e inércia do movimento); as duas situações demandam energia. A Vida pede energia, mas toda ação pela Vida nos energiza! Se algo te pede energia, mas não te energiza, desconfie... isso não é fluxo!


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