sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Como cultivar a espiritualidade - parte II

A experiência de leveza e liberdade que o capítulo anterior me proporcionou foi tão grande e está sendo tão boa, que quase se basta. Mas sei que há muito pela frente.

No desfrute dessa graça surgiram outros insights, ou sacações, como minha cada vez mais tênue - ou apurada - inclinação hippie prefere.

Um exercício interessante foi me deixar levar pelo rio do tempo (mais uma metáfora com água... não é intencional, mas sei que nada é por acaso!). Amparada pelo bem estar da liberdade recém descoberta, deixei de lado a ansiedade de "ter que resolver". Como era de se esperar, as coisas foram se resolvendo, ou se revelando, como uma nova paisagem que aparece depois da curva.

A paisagem me trouxe três chaves pra me guiar nessa busca de cultivar a espiritualidade. Vou falar de cada uma delas, iniciando pela que tenho mais familiaridade e deixando com que o tempo amadureça em mim as outras duas.

Pois bem, minha primeira chave pra cultivar a espiritualidade é a Natureza.

Óbvio, claro. Sempre esteve comigo, desde os pequenos pés descalços que subiam em árvores. O contato com a Natureza - com inicial maiúscula - sempre me foi fonte de inspiração, fonte de energia, abrigo em momentos de confusão ou desconsolo. A Natureza já me trouxe muitas respostas e já me fez milhões de perguntas. Em nome da Natureza escolhi um ofício. Em nome da Natureza fiz e faço pregações. Mas calma, não transformarei a Natureza em religião!

Só que a partir de hoje, quando me perguntarem "como anda a minha espiritualidade", ou como faço para cultivá-la, responderei com serena convicção:

- tenho contemplado o amanhecer e o entardecer
- tenho observado as plantas do meu jardim
- procuro sentir a brisa fresca da noite
- estou prestando mais atenção à diversidade dos sons de pássaros e insetos que me rodeiam

Essa é minha prática cotidiana, diária. Mas existem também as missas de domingo e os retiros espirituais, onde é possível:

- contemplar uma paisagem sem nenhuma interferência humana aparente
- sentir o corpo formigando ao sol depois de um gelado banho de cachoeira
- soltar-se ao balanço das ondas de alguma praia limpa e tranquila
- absorver o estrelado do céu e ser absorvida por ele
- admirar as diversas estampas das asas das mariposas numa noite de inverno no alto da serra
- dormir ao som de grilos e sapos
- pisar na terra, pisar na areia, pisar na pedra

E por aí vai... poder desfrutar desses momentos traz significado à minha vida, à medida em que me sinto parte dessa orquestra. E como explicar que a água fria do chuveiro nada tem a ver com a água fria da cachoeira? Como explicar que nenhum CD de sons da natureza embala o sono como o coachar e cricrilar ao vivo? Isso é estar em contato com a espiritualidade...

Voltando à nossa definição inicial: A espiritualidade pode ser definida como uma "propensão humana a buscar significado para a vida por meio de conceitos que transcendem o tangível, à procura de um sentido de conexão com algo maior que si próprio".

C.Q.D.

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