domingo, 25 de agosto de 2013

Cultura de paz x cultura de guerra



Dia desses me deparei com esse outdoor no meu caminho pra cidade.

Fiquei chocada.

Antes mesmo de ler o texto, me prendi na expressão da lagarta. Expressão de desespero, de medo. Totalmente coagida por um canhão, que orgulhosamente ostenta o nome do produto anunciado.

Estaria eu sentimental demais, dada minha condição de puérpera? (se não sabe o que é isso, leia aqui). Que seja, mas essa propaganda não vai passar batida.

Não vou discutir o produto, só quero analisar a propaganda e o que ela diz sobre nossa cultura.

O objetivo é vender um produto que mata lagartas ou um produto que protege o milho?!

Pois eu chamo a primeira estratégia de cultura de guerra e a segunda de cultura de paz. Matar é guerra, é violência; proteger é paz, é maternal.

Além disso, há um equívoco no próprio objetivo, pois o que importa é a produção do milho, não a eliminação das lagartas... dá pra entender a sutileza?

Mas quem planta milho? Quem se depara com os desafios do cultivo de milho? O que essa propaganda sugere é que esse público-alvo é o que se identifica com a cultura de guerra. E isso só me lembra mais uma vez que vivemos em uma sociedade patriarcal, uma sociedade que valoriza a guerra, o combate, a força.

Particularmente não acho que esse seja um caminho que conduza à felicidade. Por isso procuro prestar muita atenção para reforçar os valores de uma cultura de paz, uma cultura matriarcal, nutridora e acolhedora.

E isso não tem nada a ver com machismo ou feminismo. É muito mais amplo. Tão amplo que contempla a todos, respeita os papeis de cada um, valoriza a vida, mas sabe permitir a morte, entendendo-a como uma peça natural, como um componente dos ciclos da natureza.

A questão não é matar ou não a lagarta. A questão é como abordar a necessidade de se matar para promover a vida.


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