quarta-feira, 10 de julho de 2013

A vida sem TV

Ficar sem televisão nunca foi pra mim grande coisa. Quero dizer, nunca foi nenhum "ato heroico" ou algo que merecesse, por exemplo, uma postagem no blog sobre a minha experiência.

Mas desde que resolvi/resolvemos abolir definitivamente o aparelho da nossa sala, venho percebendo como isso intriga as pessoas.

A começar pelas faxineiras, que acham isso muito esquisito, mas em pouco tempo vem contar como estão assistindo menos televisão, pois passaram a prestar atenção no hábito e viram como perdiam tempo com bobagens. A Beni, nossa ajudante de agora, já veio falar algumas vezes, maravilhada, como é boa a vida sem televisão! Disse que até a filha dela, de 8 anos, gostou da ideia de manter a TV desligada e - pasmem - anda lendo muito mais e dizendo como é bom ter a casa mais silenciosa.

Só esses relatos já seriam suficientes pra justificar minha vida sem televisão. Estimular uma criança a ler! Isso não é pouca coisa!

Mas o fato é que felizmente nunca fui muito adepta da "caixinha de fofoca", como dizia minha mãe quando eu era criança. Aliás, o exemplo vem de casa e tenho pouquíssimas recordações televisivas da infância. Quando morei em Piracicaba fiquei uns bons anos sem TV; quando morei no sítio, fiquei também sem TV, sem computador, sem telefone - só a Radio USP :)

Em Itu assinamos a Net e confesso que me diverti bastante reassistindo Pantanal e assistindo alguns seriados, mas muitas vezes me enchia de ficar procurando algo que valesse a pena e nisso já se ia pelo menos meia hora, pra "nada".

Quando resolvemos mudar pra Bragança a própria mudança já fazia parte do plano de ter filhos e nesse pacote televisão não entra. Meu "bom senso" sempre me disse isso e aí resolvi ler o que a antroposofia diz a respeito. Simplesmente de ficar de cabelo em pé! No livro Pedagogia Waldorf tem um capítulo extenso descrevendo o mal que essas telas (inclua-se computador, iPod, iPad e cia) fazem para o desenvolvimento da visão, da audição, da criatividade. Isso sem falar em conteúdo, só a parte física mesmo. Depois, é claro, vem uma consideração sobre o conteúdo, que frequentemente também é nocivo.

Recentemente li um livro menos "alternativo", chamado A Ciência dos Bebês, escrito por um neurocientista que é taxativo: televisão antes dos dois anos de idade é altamente tóxica. Depois disso seria tolerável, mas com sérias restrições aos conteúdos e tempo de exposição, de preferência na presença dos pais, para que possam ajudar a criança a "interagir" com os estímulos da programação.

Mas mesmo sem falar em criança, parece que a televisão ocupa um lugar tão fixo nas rotinas que muitas pessoas não se imaginam sem ela. É uma espécie de descanso, de "deixa eu não pensar em nada agora". Acho triste... se chegou a esse ponto, o problema não é assistir ou não televisão, tem coisa antes.

Aqui em casa duas coisas muito bacanas ocupam o lugar da televisão: música e trabalhos manuais. Tenho adoráveis lembranças da gravidez, o Paulo Cesar tocando violão e eu fazendo tricô... [suspiro] tempos longínquos! Agora, na verdade, o que ocupa o lugar da televisão é o Joaquim e ponto, rs...

"Mas nem um filminho?". Sim, nas vidas passadas, quando eu podia me dar ao luxo de ficar mais do que 15 minutos fazendo alguma coisa, assistíamos filmes e seriados no computador. Mas coisa pouca, pra dar aquela espreguiçada depois do jantar. Agora, nem isso.

Sei que tem muita coisa boa na TV (muita talvez seja exagero...) e adoro filmes e seriados, mas ainda acho que a vida é melhor sem ela. Principalmente pelo risco do vício e da apatia - já reparou como é muito fácil ficar horas em frente à TV sem se dar conta? Comigo é assim: coisas perigosas, melhor nem ter por perto!


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