segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Castigo e tarefa

Se quisermos crescer e evoluir, em qualquer área, teremos que desempenhar algumas tarefas, teremos que cumprir algumas metas, teremos que nos comprometer de alguma forma. Seja em um esporte, seja no estudo de determinada área, seja em alguma arte, seja num relacionamento, seja numa filosofia, enfim, as coisas não acontecem sozinhas e um investimento de tempo e energia é sempre necessário.

Além disso, imagino que em qualquer "projeto pedagógico" as tarefas vão sendo incrementadas em complexidade conforme se sucedem. A cada etapa você aprendeu algo novo, que certamente te ajudará na próxima fase, e para continuar aprendendo vai receber uma tarefa um pouco mais difícil - se "um pouco" ou "bem mais" vai depender da generosidade e do bom humor do mestre, rs...

Mas cada um sabe o mestre que tem, afinal, é o discípulo que escolhe o mestre. Então não confundamos tarefa com castigo.

Se a vida te coloca diante de um grande desafio (e vai colocar, pois crescer e evoluir enquanto ser humano não é facultativo...), o melhor é compreender a tarefa e tratar de cumpri-la. Tem tarefa que a gente tem que fazer sozinho e tem tarefa que temos que pedir ajuda (muitas vezes o próprio pedido de ajuda já constitui uma grande tarefa!).

Pode parecer bobo, clichê, mas essa cultura judaico-cristã é tão forte e "invisível" que carregamos mais culpa e sofrimento do que deveríamos (se é que deveríamos...). Existe sim uma Lei do Karma, que muitas vezes é mal compreendida, e nada mais é do que causa e efeito, tanto para o "bom", quanto para o "ruim". Também não tem nada a ver com castigo. Seria mais ou menos assim: se você fez a tarefa direitinho, ganha uma estrelinha, vai pro "quadro de honra" e coisas assim; mas se você atrasou ou não fez com o capricho que deveria, também não passará despercebido.

Quando encaramos os problemas da vida como tarefas, parece que fica tudo mais claro. Mesmo porque a pior parte de um "castigo" é não entender por que fomos merecedores dele. E aí entram os dogmas, as doutrinas, as coisas que não entendemos e não enxergamos... tudo escuro.

Luz, quero luz, sei que além das cortinas são palcos azuis e infinitas cortinas, com palcos atrás...

Isso tudo eu fui pensando e matutando com relação à minha própria vida, às provações que poderiam me soar como castigo. Mas graças à minha veia rebelde, que não vê motivo pra castigo, consigo enxergar dessa forma.

Levando um pouco além, uma vez que estou prestes a ser responsável pela educação de uma criança, foi inevitável refletir acerca dos castigos aos quais esses pequenos seres são tão facilmente e automaticamente submetidos. Você que tem ou quer ter filhos; você que convive com crianças; você que é professor, mestre, tutor: o que você quer imprimir nessas mentes e corações? Medo ou responsabilidade? Culpa ou motivação? Frustração ou entendimento? Sentimento de injustiça ou vontade de aprender?

O que eu sinto é que, mesmo de forma inconsciente, quando um adulto aplica um castigo a uma criança ele está na verdade se vingando dos castigos que recebeu. Mas bastaria um pouco de reflexão pra quebrar esse ciclo. Reflexão sincera e profunda, sem cair na armadilha de achar que "minha mãe fez assim comigo e deu certo". Deu certo mesmo? Você se considera uma pessoa madura e bem resolvida? Sinceramente, olhando nos próprios olhos refletidos em qualquer espelho... lembrando que os filhos são os maiores e mais fiéis espelhos...

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