sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Meu verbo é ir

Vamos? Plural e futuro, minhas formas preferidas do meu verbo preferido.

Já fui! Mas posso ir de novo. Até hoje nunca me arrependi de ter ido.

Quando a gente vai? O calendário é o melhor amigo do meu verbo.

O mundo me parece muito grande pra ir em todos os lugares que eu quero.

Voltar pra casa também é ir.


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A tampa da panela

Sabe aquela analogia sobre encontrar o par ideal, quando dizem que toda panela tem sua tampa?

Eu sempre achei que quanto mais cedo a gente acha a tampa, mais fácil de encaixar. Estão lá as panelas, novinhas, brilhando, tampas idem. Aí a vida vai dando umas bordoadas, tampas e panelas caem no chão, amassa, lasca, como encaixa?

Chega uma hora que não é mais questão de achar a tampa, mas de tampa e panela entrarem num acordo. E como entra? A base de martelada... martelinho de ouro ou marreta, depende da gravidade do caso.

sábado, 19 de outubro de 2013

Os bichos do Instituto Royal me fizeram algumas perguntas

Por que ninguém soltou os ratinhos?

Será que as empresas que não testam seus produtos em animais não estão se beneficiando dos resultados de anos e anos de crueldade, e agora só aparecem como "mocinhas"?

Todo mundo que acha esse tipo de teste um absurdo abre mão de seus analgésicos, vacinas, antibióticos e cia? (não vou falar dos creminhos, shampoozinhos, absorventes higiênicos e fraldas descartáveis, porque disso eu imagino que já abriram mão)

Por que você acha o fim do mundo torturar cãezinhos Beagle, mas bebe leite de vaca? (alguém aí sabe como é a tortura a que mãe e filho são submetidos para que você beba seu todinho e coma seu queijinho?)

Por que ninguém entra na Fundação CASA pra libertar e cuidar de crianças abandonadas?

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Obrigada aos ativistas que me proporcionaram essas reflexões. Nenhuma das perguntas acima me faz concluir que "ok, continuem os testes em animais". Elas só me mostram que o caminho é muito mais longo do que aquele que enxergamos numa análise superficial de fotinhos no Facebook...

E me mostram também que se queremos ser realmente livres, se queremos saber dos bastidores, se queremos ter escolhas honestas, precisamos estar atentos, precisamos fazer mais e mais perguntas.

O que acontece no Congo para que tenhamos minérios para compor nossos notebooks, smart phones e tablets?!

O que acontece nas terras indígenas para que tenhamos soja e pasto pro nosso churrasco?

O que acontece na casa da sua faxineira para que você tenha roupa e louça lavadas?

O que acontece na escolinha rural do Vale do Jequitinhonha enquanto seu filho briga pra não ir à escola?

O que acontece no canavial enquanto você mede uma xícara de açúcar pra colocar no seu bolo?

O que acontece com as tartarugas marinhas enquanto você come seu sushi de atum?

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Calma, não precisa entrar em depressão...

Também não precisa correr desesperado pelas ruas tentando salvar o mundo...

Mas também não vá dizer que não tem jeito, deitar no sofá e pegar o controle remoto da televisão.




domingo, 25 de agosto de 2013

Cultura de paz x cultura de guerra



Dia desses me deparei com esse outdoor no meu caminho pra cidade.

Fiquei chocada.

Antes mesmo de ler o texto, me prendi na expressão da lagarta. Expressão de desespero, de medo. Totalmente coagida por um canhão, que orgulhosamente ostenta o nome do produto anunciado.

Estaria eu sentimental demais, dada minha condição de puérpera? (se não sabe o que é isso, leia aqui). Que seja, mas essa propaganda não vai passar batida.

Não vou discutir o produto, só quero analisar a propaganda e o que ela diz sobre nossa cultura.

O objetivo é vender um produto que mata lagartas ou um produto que protege o milho?!

Pois eu chamo a primeira estratégia de cultura de guerra e a segunda de cultura de paz. Matar é guerra, é violência; proteger é paz, é maternal.

Além disso, há um equívoco no próprio objetivo, pois o que importa é a produção do milho, não a eliminação das lagartas... dá pra entender a sutileza?

Mas quem planta milho? Quem se depara com os desafios do cultivo de milho? O que essa propaganda sugere é que esse público-alvo é o que se identifica com a cultura de guerra. E isso só me lembra mais uma vez que vivemos em uma sociedade patriarcal, uma sociedade que valoriza a guerra, o combate, a força.

Particularmente não acho que esse seja um caminho que conduza à felicidade. Por isso procuro prestar muita atenção para reforçar os valores de uma cultura de paz, uma cultura matriarcal, nutridora e acolhedora.

E isso não tem nada a ver com machismo ou feminismo. É muito mais amplo. Tão amplo que contempla a todos, respeita os papeis de cada um, valoriza a vida, mas sabe permitir a morte, entendendo-a como uma peça natural, como um componente dos ciclos da natureza.

A questão não é matar ou não a lagarta. A questão é como abordar a necessidade de se matar para promover a vida.


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Banquete de pensamentos

Eis que acabo de ler um livro de auto ajuda.

Começou numa madrugada de desesperada indignação com a forma como nossa saúde é tratada. Eu lá, com conjuntivite, gripe, tosse. O remédio do homem branco funcionou por poucos dias e depois os sintomas já reapareceram. Foi o suficiente pra eu resolver que quem cuida da minha saúde sou eu.

E assim caí nesse livro, velho conhecido, mas que só agora li de cabo a rabo. Trata-se do Você pode curar sua vida (Louise Hay). É meio que o que a gente já sabe, que somos responsáveis por tudo que ocorre na nossa vida, que todas as doenças tem início em estados emocionais e que justamente por isso temos total condição de reverter qualquer quadro.

A ideia é simples, mas são tantos anos de condicionamentos baixo astral, que precisa de muita atenção pra mudar os velhos padrões de pensamento. E pra explicar o processo a autora vai usando várias analogias. Alguém já disse que toda analogia é burra e também acho que essas comparações não são assim a coisa mais brilhante do mundo, mas podem ser úteis para nos abrir os sentidos para enxergar outros pontos de vista.

Pois bem, uma dessas analogias é a que chamei de "banquete de pensamentos". Ela diz que como num restaurante onde você se serve em um buffet, escolhendo o que vai comer, da mesma forma deve ser com os pensamentos, pois devemos  - e podemos - escolher os pensamentos que vamos cultivar.

Ao ler isso já fui lembrando das minhas experiências em restaurantes tipo buffet. Eu não como carne e nessas situações fico examinando cada prato pra ver se não tem um bacon disfarçado pelo meio. Tanto que quando vou em restaurante vegetariano me pego com a mesma preocupação, para logo em seguida sentir um alívio de poder pegar tudo que ache colorido e saboroso, sem ter que ficar desvendando os ingredientes.

E com os pensamentos? Haveriam buffets de "pensamentos vegetarianos"? (o termo já é invenção minha e a partir daqui assumo a autoria das ideias!).

Claro que sim... e esses banquetes (prefiro ao termo buffet) são proporcionados pelas companhias. Em companhias "poluídas" precisamos ficar muito mais atentos aos tipos de pensamentos que colocaremos na nossa cabeça. E às vezes nem tem opção, aí pra quem é mais seletivo, só resta ir embora e procurar outro grupo.

E tem coisa mais gostosa do que estar em companhia de pessoas alto astral? Aquelas pessoas que iluminam o ambiente, que estão sempre dispostas a ajudar, que elogiam, que ao invés de reclamar, consertam, arrumam, resolvem?

Esse cenário me faz lembrar que ninguém é 100% do tempo feliz e bem disposto, então fico aqui pensando que naqueles momentos em que estamos mais azedos, talvez seja hora de nos recolhermos, a fim de não contaminar o banquete. Não que tenhamos que resolver tudo na solidão... podemos sim contar com amigos nesses momentos; podemos sim ajudar os amigos nesses momentos, mas sabendo do que se trata, explicando do que se trata.

E é engraçado que o simples fato de explicar do que se trata já resolve grande parte do azedume. Quando falamos sobre nossos sentimentos somos obrigados a confrontá-los e desconfio que muito mau humor e tristeza sejam porque nem sabemos direito o que estamos sentindo, aí fica aquela confusão, aquela vontade de reclamar de tudo, aquela indisposição que faz com que tudo saia pela metade ou mal feito.

Dizem que com as crianças isso é muito nítido. A criança tá lá, toda birrenta e manhosa, simplesmente porque não sabe o que está se passando com ela. Às vezes é um ciúme, às vezes é uma saudade, às vezes é só sono, mas se não tem um adulto pra ler os sinais e explicar pra ela do que se trata, o humor só piora, e uma vez explicado, aquilo se dissolve e a criança aprende mais um nome, pra uma coisa que ela nem entendia.

Então, adultos, sejamos adultos. Sejamos maduros, sejamos conscientes, olhemos para nossos sentimentos, conversemos com eles, olhemos para os sentimentos dos que nos cercam e escolhamos se queremos compartilhá-los.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Como se alimentar bem no McDonald's

O título é marqueteiro, assumo. É realmente forçar a barra colocar na mesma frase os termos "alimentar bem" e McDonald's, mas você já vai entender o que quero dizer.

Pra começar, convido a uma reflexão: pense na diferença entre comer e se alimentar. Imagino que a maioria das pessoas que frequenta o McDonald's e qualquer outro estabelecimento de fast food vai lá simplesmente pra comer, sem a preocupação de se alimentar. Já é uma primeira dica do raciocínio que vem pela frente.

Ok, vamos lá.

Eu sempre gostei de pensar sobre minha alimentação e de buscar formas mais saudáveis. A frase "você é o que você come" me impressiona profundamente. Além disso, concordo com o cara que disse "fazei do teu alimento o teu remédio".

Acontece que quanto mais eu pesquiso sobre alimentação, mais encontro teorias e práticas divergentes. Encontro verdadeiras seitas, fundamentalismos, intolerâncias e cada um com suas "verdades absolutas". Nem os ditos cientistas entram num acordo. Uma hora ovo faz mal, depois é imprescindível. Há quem diga que carne é fundamental e há os que dizem que é completamente nociva. E o leite, então? Previne osteoporose mesmo?

No meio desse balaio todo, entre uma garfada e outra, acabei chegando num roteiro minimamente libertador, e é isso que quero compartilhar, pois ele é aplicável a QUALQUER refeição, seja um famoso hamburger ou um arroz integral orgânico biodinâmico, pois a chave não está em O QUE comer, mas COMO comer.

Tenho cá pra mim que mais do que qualquer tabela nutricional, a atitude em relação ao alimento é o que conta e a primeira e mais importante é a GRATIDÃO. Independente do que está entrando em sua boca, agradeça. Agradeça sinceramente. Se será a Deus, à terra, ao agricultor ou ao amigo que está pagando seu almoço, não importa, o que importa é o sentimento de gratidão.

Logo em seguida e quase que como consequência vem a ALEGRIA. Comer é celebrar, alimentar-se é celebrar e brindar o corpo com novas forças. Cresci ouvindo minha mãe dizer "feliz é o bicho que come" e "comer é a alegria do Zen". Mais vale um prato gorduroso e pobre em nutrientes, mas rico em confraternização, do que a saladinha triste da dieta... (o que não quer dizer que uma confraternização vá te fazer bem, se você não se sente feliz naquele ambiente e com aquelas pessoas... e da mesma forma, uma saladinha, por mais simples que seja, pode te encher plenamente de alegria!).

E por fim, mas não menos importante, vem a ATENÇÃO. Olhar e sentir o alimento. Enquanto pensava nesse texto, lembrei que já escrevi sobre isso, veja só: A proposta é cada um come o que gosta. Vale inclusive ler o comentário que minha mãe deixou, citando a frase que lembrei acima e muito mais.


quarta-feira, 10 de julho de 2013

A vida sem TV

Ficar sem televisão nunca foi pra mim grande coisa. Quero dizer, nunca foi nenhum "ato heroico" ou algo que merecesse, por exemplo, uma postagem no blog sobre a minha experiência.

Mas desde que resolvi/resolvemos abolir definitivamente o aparelho da nossa sala, venho percebendo como isso intriga as pessoas.

A começar pelas faxineiras, que acham isso muito esquisito, mas em pouco tempo vem contar como estão assistindo menos televisão, pois passaram a prestar atenção no hábito e viram como perdiam tempo com bobagens. A Beni, nossa ajudante de agora, já veio falar algumas vezes, maravilhada, como é boa a vida sem televisão! Disse que até a filha dela, de 8 anos, gostou da ideia de manter a TV desligada e - pasmem - anda lendo muito mais e dizendo como é bom ter a casa mais silenciosa.

Só esses relatos já seriam suficientes pra justificar minha vida sem televisão. Estimular uma criança a ler! Isso não é pouca coisa!

Mas o fato é que felizmente nunca fui muito adepta da "caixinha de fofoca", como dizia minha mãe quando eu era criança. Aliás, o exemplo vem de casa e tenho pouquíssimas recordações televisivas da infância. Quando morei em Piracicaba fiquei uns bons anos sem TV; quando morei no sítio, fiquei também sem TV, sem computador, sem telefone - só a Radio USP :)

Em Itu assinamos a Net e confesso que me diverti bastante reassistindo Pantanal e assistindo alguns seriados, mas muitas vezes me enchia de ficar procurando algo que valesse a pena e nisso já se ia pelo menos meia hora, pra "nada".

Quando resolvemos mudar pra Bragança a própria mudança já fazia parte do plano de ter filhos e nesse pacote televisão não entra. Meu "bom senso" sempre me disse isso e aí resolvi ler o que a antroposofia diz a respeito. Simplesmente de ficar de cabelo em pé! No livro Pedagogia Waldorf tem um capítulo extenso descrevendo o mal que essas telas (inclua-se computador, iPod, iPad e cia) fazem para o desenvolvimento da visão, da audição, da criatividade. Isso sem falar em conteúdo, só a parte física mesmo. Depois, é claro, vem uma consideração sobre o conteúdo, que frequentemente também é nocivo.

Recentemente li um livro menos "alternativo", chamado A Ciência dos Bebês, escrito por um neurocientista que é taxativo: televisão antes dos dois anos de idade é altamente tóxica. Depois disso seria tolerável, mas com sérias restrições aos conteúdos e tempo de exposição, de preferência na presença dos pais, para que possam ajudar a criança a "interagir" com os estímulos da programação.

Mas mesmo sem falar em criança, parece que a televisão ocupa um lugar tão fixo nas rotinas que muitas pessoas não se imaginam sem ela. É uma espécie de descanso, de "deixa eu não pensar em nada agora". Acho triste... se chegou a esse ponto, o problema não é assistir ou não televisão, tem coisa antes.

Aqui em casa duas coisas muito bacanas ocupam o lugar da televisão: música e trabalhos manuais. Tenho adoráveis lembranças da gravidez, o Paulo Cesar tocando violão e eu fazendo tricô... [suspiro] tempos longínquos! Agora, na verdade, o que ocupa o lugar da televisão é o Joaquim e ponto, rs...

"Mas nem um filminho?". Sim, nas vidas passadas, quando eu podia me dar ao luxo de ficar mais do que 15 minutos fazendo alguma coisa, assistíamos filmes e seriados no computador. Mas coisa pouca, pra dar aquela espreguiçada depois do jantar. Agora, nem isso.

Sei que tem muita coisa boa na TV (muita talvez seja exagero...) e adoro filmes e seriados, mas ainda acho que a vida é melhor sem ela. Principalmente pelo risco do vício e da apatia - já reparou como é muito fácil ficar horas em frente à TV sem se dar conta? Comigo é assim: coisas perigosas, melhor nem ter por perto!


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Diferente quase igual muito melhor

Churrasco sem carne
Cerveja sem álcool
Café sem cafeína
Leite* sem lactose

Acredite, sou feliz assim
Mais leve, mais livre

O próximo estágio é o
Doce sem açúcar
Confesso: desse vício ainda não me livrei

Um dia, quem sabe, eu chegue no
Sexo sem orgasmo
Coisa tântrica de verdade
Energia vulcânica que não é pra qualquer um

E assim a gente vai virando a vida do avesso
Descobrindo os tesouros por trás do óbvio
Mergulhando em águas profundas
Subindo ao mais alto céu

Pra voltar e viver na terra


*descobri e estou adorando os leites vegetais. Arroz, coco, amêndoa, avelã! Hummm... (soja não, please)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Castigo e tarefa

Se quisermos crescer e evoluir, em qualquer área, teremos que desempenhar algumas tarefas, teremos que cumprir algumas metas, teremos que nos comprometer de alguma forma. Seja em um esporte, seja no estudo de determinada área, seja em alguma arte, seja num relacionamento, seja numa filosofia, enfim, as coisas não acontecem sozinhas e um investimento de tempo e energia é sempre necessário.

Além disso, imagino que em qualquer "projeto pedagógico" as tarefas vão sendo incrementadas em complexidade conforme se sucedem. A cada etapa você aprendeu algo novo, que certamente te ajudará na próxima fase, e para continuar aprendendo vai receber uma tarefa um pouco mais difícil - se "um pouco" ou "bem mais" vai depender da generosidade e do bom humor do mestre, rs...

Mas cada um sabe o mestre que tem, afinal, é o discípulo que escolhe o mestre. Então não confundamos tarefa com castigo.

Se a vida te coloca diante de um grande desafio (e vai colocar, pois crescer e evoluir enquanto ser humano não é facultativo...), o melhor é compreender a tarefa e tratar de cumpri-la. Tem tarefa que a gente tem que fazer sozinho e tem tarefa que temos que pedir ajuda (muitas vezes o próprio pedido de ajuda já constitui uma grande tarefa!).

Pode parecer bobo, clichê, mas essa cultura judaico-cristã é tão forte e "invisível" que carregamos mais culpa e sofrimento do que deveríamos (se é que deveríamos...). Existe sim uma Lei do Karma, que muitas vezes é mal compreendida, e nada mais é do que causa e efeito, tanto para o "bom", quanto para o "ruim". Também não tem nada a ver com castigo. Seria mais ou menos assim: se você fez a tarefa direitinho, ganha uma estrelinha, vai pro "quadro de honra" e coisas assim; mas se você atrasou ou não fez com o capricho que deveria, também não passará despercebido.

Quando encaramos os problemas da vida como tarefas, parece que fica tudo mais claro. Mesmo porque a pior parte de um "castigo" é não entender por que fomos merecedores dele. E aí entram os dogmas, as doutrinas, as coisas que não entendemos e não enxergamos... tudo escuro.

Luz, quero luz, sei que além das cortinas são palcos azuis e infinitas cortinas, com palcos atrás...

Isso tudo eu fui pensando e matutando com relação à minha própria vida, às provações que poderiam me soar como castigo. Mas graças à minha veia rebelde, que não vê motivo pra castigo, consigo enxergar dessa forma.

Levando um pouco além, uma vez que estou prestes a ser responsável pela educação de uma criança, foi inevitável refletir acerca dos castigos aos quais esses pequenos seres são tão facilmente e automaticamente submetidos. Você que tem ou quer ter filhos; você que convive com crianças; você que é professor, mestre, tutor: o que você quer imprimir nessas mentes e corações? Medo ou responsabilidade? Culpa ou motivação? Frustração ou entendimento? Sentimento de injustiça ou vontade de aprender?

O que eu sinto é que, mesmo de forma inconsciente, quando um adulto aplica um castigo a uma criança ele está na verdade se vingando dos castigos que recebeu. Mas bastaria um pouco de reflexão pra quebrar esse ciclo. Reflexão sincera e profunda, sem cair na armadilha de achar que "minha mãe fez assim comigo e deu certo". Deu certo mesmo? Você se considera uma pessoa madura e bem resolvida? Sinceramente, olhando nos próprios olhos refletidos em qualquer espelho... lembrando que os filhos são os maiores e mais fiéis espelhos...