terça-feira, 29 de maio de 2012

Vida de dona de casa


Mudança, festas em casa, dias de chuva, hóspedes, visitas... tudo isso põe à prova qualquer dona de casa! Mas tem também a rotina diária e o eterno malabarismo das mulheres para conciliar trabalho, afazeres domésticos, cuidados com o corpo, vida social... (isso sem falar em filhos! Socorro!).

E nem se iluda com essa coisa de mulher moderna e divisão das tarefas com o marido; no fim das contas sobra pra gente! Claro que isso não quer dizer que o digníssimo vai ficar com a bunda no sofá assistindo televisão enquanto você “esquenta a janta”... os meninos andam bem mais integrados nas tarefas do lar e isso é legal pra todo mundo, mas aquele capricho, aquele cuidado, só você, cara leitora (agora, se você é homem solteiro, leia com atenção as dicas dessa experiente housekeeper).

Existem alguns itens básicos de sobrevivência que são uma mão na roda, na roda viva do eterno suja-limpa-suja de qualquer casa. Veja só:

- Vamos começar lavando a louça, porque como aprendi com minhas amigas Fly Ladies, o cerne da limpeza e organização doméstica começa na pia da cozinha. A pia brilha é o primeiro lema! Aqui a dica é adquirir uma esponja de aço e um pote de sabão em pasta. Essa esponja tira as cracas mais teimosas (nada de deixar panela de molho pro dia seguinte) e o tal sabão é ótimo para desencardir plásticos e dar brilho nos itens de inox (espero que você já tenha se livrado das panelas de alumínio, que são prejudiciais à saúde... os plásticos também não são mocinhos nessa história, mas me parece que o pior é aquecê-los; eu ainda uso, pra guardar coisas na geladeira);



- Para limpar o fogão, a geladeira, bancadas e muitas outras coisas (inclusive vidros e tela de computador) existem uns paninhos de microfibra que são milagrosos e limpam sem produto de limpeza! É só deixá-lo úmido e ir limpando. Seca sozinho, sem marcas e sem fiapos. Inacreditável né? Ganhei um da minha mãe e comprei outros na Zelo (um pacotinho com 4 custa R$ 5,90). Para limpar vidro de box de banheiro é o que há! E como eles tem cores diferentes você pode deixar um no banheiro, outro na cozinha, outro no escritório, sem perigo de misturar;

- Aí vem o chão. Se a pele é o maior órgão do corpo humano, o chão é o maior órgão da casa! Eu adoro madeira, mas confesso que depois de muitos anos em muitas casas com chão de taco, estou adorando o tal do piso frio (o de casa é horroroso de feio, mas mesmo assim estou gostando!). Mas independente do tipo de piso, o acessório que mudou minha vida foi o rodo mágico ou MOP. Provavelmente você limpava o chão varrendo e depois passava pano, certo? Com o rodo mágico não precisa varrer e ele tem uma alavanca pra torcer a espuma, então poupa suas lindas mãozinhas ;) O grande lance é usar com dois baldes: um só com água, pra ir tirando a sujeira e outro com água e produto de limpeza. Mergulha em um, torce, mergulha no outro, torce, passa no chão e continua o processo. Muito prático. A espuma dura de 5 a 6 meses, aí é só comprar o refil e trocar;


- Ainda no chão, tem um pequeno luxo da vida doméstica que acabo de adquirir, que é o aspirador sem fio. Tenho um aspirador grandão, fortão e que suga até água, mas para o dia-a-dia é um trambolhinho e mega barulhento. Esse sem fio fica numa base carregando na tomada e ainda se divide em dois, pra aspirar sofá, cantinhos, dentro do carro. Um sonho e ainda é bonito, vira objeto de decoração, rs...


- Hora de lavar roupa! Tenho usado os produtos (sabão e amaciante) da marca Amazon, que tem uma boa propaganda ecológica, dizendo que seus produtos são biodegradáveis, não contém fosfato e o plástico da embalagem também é biodegradável. Se está escrito na embalagem, até que me provem o contrário, só me resta acreditar. O preço é competitivo com marcas boas e a qualidade está bem satisfatória para a rotina das minhas roupas que é: gaveta – corpo – cesto – máquina – varal – gaveta!



- Se você prestou atenção na rotina das minhas roupas percebeu que elas não passam pela tábua de passar. Tem exceções, é claro, mas ultimamente voltei aos tempos de estudante, quando nem ferro de passar eu tinha. Experimente. Você descobrirá que muitas peças realmente não precisa passar e verá que assim ganha mais tempo e economiza energia elétrica;

- E por falar em rotina, é importante criar rotinas para manter a vida doméstica domesticada. Você pode estabelecer alguns procedimentos para fazer logo que acorda e/ou antes de dormir, por exemplo. Também é legal definir dias da semana para algumas atividades como fazer compras, cuidar das plantas, lavar roupa, lavar as lixeiras. Essas dicas aprendi com as Fly Ladies, que dividem a casa e zonas e “atacam” uma zona por semana, fazendo um pouquinho por dia, ao invés de ter “o dia da faxina”. Eu ainda não consegui chegar no nível de organização e disciplina que elas recomendam, mas as dicas ajudaram muito a otimizar as tarefas.

Para finalizar, duas frases para reflexão:

“A melhor forma de manter limpo é não sujar”

“A gente limpa pra poder sujar tudo de novo”

Essas frases são minhas mesmo, fruto das muitas reflexões que tenho quando estou limpando a casa ;)

E para quem não gosta muito das tarefas do lar, a minha dica de ouro é transformar esses pequenos servicinhos sacais em oportunidade de aprendizado e autoconhecimento, afinal, a limpeza de fora reflete por dentro e vice-versa. Isso não é invenção minha, mas é uma das normas éticas do yôga, a limpeza. Limpeza do corpo, limpeza da mente, limpeza das emoções; limpeza por dentro, limpeza por fora; limpeza da casa, limpeza do mundo.

Agora sim, finalizando de verdade, um pensamento da minha mãe, minha grande inspiradora de todas as faxinas:

LIMPEZA É BELEZA!


PS - O Aralume NÃO recebe patrocínio de nenhuma das marcas citadas! (mas bem que poderia, né?!)


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Cuba por Korda



"Cuba por Korda" é o nome de um livro que mostra o olhar de Alberto Korda, um dos maiores fotógrafos cubanos de todos os tempos. Sim, é dele a famosa foto de Che Guevara. Korda iniciou sua carreira como fotógrafo de moda, mas no final dos anos 50 passou a acompanhar Fidel Castro e Che Guevara, ainda na época da guerrilha, pelas altitudes da Sierra Maestra. Ele foi, durante anos, o fotógrafo pessoal, e não o oficial, de Fidel Castro.

Neste livro ele vai contando, passo-a-passo e através de suas imagens, uma história fascinante que, confesso, não conhecia. Eu me abstenho de dar opiniões sobre o sucesso ou fracasso do regime tão peculiar daquele país, mas sua história merece respeito e seu líder merece respeito.

Veja como Korda descreve a transição de seu foco de trabalho:
“Eu optara por uma vida frívola quando, por volta dos trinta anos, um acontecimento excepcional transformou minha vida: a Revolução. Foi então que tirei esta foto, de uma garotinha abraçada a um pedaço de madeira, em substituição à boneca que não tinha. Percebi que valia a pena dedicar um trabalho à revolução que propunha a supressão de tais desigualdades.”


E esta Revolução começou de um jeito surpreendente. Em novembro de 1956 um barco com 82 homens, liderado por Fidel Castro, saiu do México. Estava à bordo o médico argentino Ernesto Guevara. Após enfrentar tempestades e avarias, o barco encalhou no sudeste de Cuba e o pequeno grupo de rebeldes foi logo encontrado pelo exército do ditador Batista e dizimado. Os poucos sobreviventes se dispersaram e com Fidel Castro ficaram apenas dois homens (Che formou outro grupo). Em pequenos grupos separados, os sobreviventes, com ajuda dos camponeses da região, dirigiram-se ao maciço de Sierra Maestra.

Poucos dias depois Raul Castro se juntou ao irmão, com mais cinco homens, e Fidel perguntou: “Quantos fuzis você tem?”. Ao saber que havia cinco fuzis disponíveis, exclamou com o otimismo da determinação que o caracteriza: “Com os meus temos sete. Ganhamos a guerra!”.

A guerra era contra a ditadura imposta por Fulgêncio Batista, desde março de 1952, quando tomara o poder por meio de um golpe sangrento, com o apoio da alta burguesia latifundiária e dos Estados Unidos. Foi então que um jovem advogado, Fidel Castro, voltou-se para a luta armada.

Seria interessante contar, apenas com base no relato de Korda, quantas vezes Fidel Castro “escapou” da morte. Situações em que seu grupo foi capturado, mas ele conseguiu fugir, ou quando ele mesmo foi capturado, mas recebeu algum tipo de intervenção para não ser executado, ou mais tarde, já no poder, tendo sofrido atentados e tentativas de envenenamento. Sorte? Talento? Astúcia? Proteção divina?! Karma?!

De qualquer forma, não era fácil acompanhá-lo. Mas mais do que habilidades técnicas, era preciso garra e coragem. Veja como Korda junta-se ao grupo:

“Era preciso um fotógrafo capaz também de redigir um artigo. Fidel me perguntou se eu já havia escrito. Disse que sim, uma enorme mentira, mas por nada no mundo eu perderia aquela expedição...”

E conforme ia acompanhando o comandante, Korda presenciava cenas assim:

“Durante vários dias, caminhamos de um lugar chamado Las Mercedes até o pico Turquino. No caminho, Fidel falava com cada camponês com quem cruzávamos, passava-lhe o braço em torno dos ombros. Um pedia vacinas para seus porcos, outro, um professor suplementar para a escola. A cada vez, voltava-se a mim e dizia: `Tome nota...´”

A força física de Fidel também é muito citada no relato de Korda e ele conta que quando seus companheiros queriam que ele andasse mais lentamente, o faziam montar no dorso de uma mula.

Essa força, aliada ao talento para liderar, formaram o grande revolucionário. Korda conta que todos os dias, qualquer que fosse a extensão da marcha, Castro explicava para os companheiros “o que tinha acontecido naquele dia, nossos problemas e os problemas do inimigo. Desta maneira os homens ficavam perfeitamente a par de tudo o que se passava e devotavam um extraordinário respeito a seu comandante”.

No início de 1957, Fidel Castro, em uma atitude ousada, recebeu nas montanhas um repórter do New York Times. Veja só o que esse jornalista escreveu:

“É fácil ver porque seus homens o adoram e porque ele mexeu com a imaginação da juventude na ilha. É um fanático instruído e devotado à sua causa, um idealista repleto de coragem com notáveis qualidades de chefe.”

Na descrição de Fidel ainda consta menção à sua memória, ressaltando que ele se lembrava do nome de cada um e de todos os caminhos e que seria até capaz de citar livros inteiros!

E sob o comando desse ser humano notável foi caminhando, literalmente, a revolução. Por onde passavam, os rebeldes instalavam escolas e hospitais, esses liderados por Che Guevara, que tinha 29 anos e a mais alta estima do comandante.

Em pouco mais de um ano a guerrilha contava com 200 homens e foi deixando de ser nômade. Por essa época, uma mulher, Celia Sanchez, passa a fazer parte do grupo.

“Aos 36 anos, essa mulher, feita de determinação e inteligência, procurava uma tarefa à sua altura. Dali em diante, dedicar-se-ia, no limite de suas forças, à causa de Fidel Castro. Fascinada, ao mesmo tempo, pelo homem e pelo revolucionário, nem as marchas forçadas nem as bombas a impediriam de segui-lo como uma sombra, na luta e nos sonhos. Igualmente treinada no manuseio das armas, Celia tornou-se a primeira mulher a combater entre os guerrilheiros (...). Era a única com poderes de dar ordens na ausência do líder máximo. A única, por razões de segurança, a saber onde Fidel dormiria. Passava cada noite recuperando, nos bolsos da jaqueta militar verde-oliva, pequenos pedaços de papel: as ideias que o revolucionário rabiscara durante o dia, e que seria preciso colocar em prática.”


Com dois anos de guerrilha, o poder foi tomado em 2 de janeiro de 1959. Dois anos após um desastrado desembarque, com um exército de menos de 10 homens.

O relato de Korda estende-se até 1967, quando Che Guevara foi morto pelo exército boliviano. Desde 1965 Che havia saído de Cuba, como que concluindo sua missão naquele país, para continuar em sua luta pela liberação dos países latino-americanos.

Vale a pena conhecer também o início da gestão de Fidel Castro no poder cubano. A forma com que ele rompeu com os Estados Unidos e as consequências que sofreu por isso. A atenção que ele dispensou aos camponeses e à região erma que o abrigara durante a guerrilha. A força-tarefa que empreendeu para alfabetizar a população. As emboscadas da CIA. A relação com a Rússia. O apoio incondicional do povo cubano.

E, claro, as fotos de Korda! Lembre-se que ele era o fotógrafo pessoal de Fidel e, portanto, acompanhava os momentos de diversão (sim, guerrilheiros revolucionários divertem-se!), de descontração, os bastidores, que mostram os homens – Che e Fidel – que formaram os mitos.

Muita coisa passou pela minha cabeça enquanto lia esse livro e via essas imagens tão fortes. Tanta coisa que não consigo nem escrever sobre elas... principalmente por não querer tocar em polêmicas que acabam caindo em discursos vazios. Tem muita coisa pra gente aprender com essa história...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Clases de Español: I - Sólo rutina

Hoy inauguro una nueva sección en Aralume: Clases de Español. No, no voy a dar clases, sino que tomar clases, con la ayuda de mis queridos amigos "habladores" de nuestro idioma hermano.

La primera clase - y hasta mismo la inauguración de la serie - fue inspirada por un pequeño extracto del libro "La Tregua", que gané de mi amiga y hermana de la vida, Ana Schilling. El personagem habla de su rutina, pero diciendo que a él le gusta la rutina.

Cuando leí ese extracto me acordé de mi primero escrito en español, un exercício que hice en la segunda clase en Cusco, con la propuesta de hablar sobre nuestra rutina y utilizar verbos reflexivos. Mira:

Mi rutina diaria empieza a las 6 de la mañana, cuando me despierto junto al sol que aparece en mi ventana. Me quedo un poco más en la cama y me levanto antes de las 7. Me cepillo mis dientes, me peino, me lavo la cara, me visto y me preparo el desayuno. Encuanto tomo mi desayuno, veo mis e-mails y las novidades en Facebook. Luego me cepillo novamente mis dientes y me voy. Llego a la escuela a las 8h30 más o menos, tomo un té y voy al salón de clases. La clase termina a las 10h30, entonces tengo mucho tiempo libre para conocer la ciudad. Hago mi almuerzo, estudio um poco, escribo em mi blog. Me ducho por la tarde, antes que se quede muy frio. Luego hago mi practica de yôga, hago una sopa y ceno. Me acuesto, hablo um poco con amigos y familiares por la computadora y me voy a dormir temprano, pués también me despierto temprano. A mi me gusta tener una rutina!


Todo el texto es muy simple, claro, la segunda clase, pero la ultima frase sorprendió a mi profesora y a mi colega. A ellas no les gusta la rutina... a muchas personas no les gusta la rutina... pero a mi y al personagem del libro, sí.

Hoy fue un día feliz; sólo rutina, dice.

Las dudas se quedarán en italico y las correcciones serán incorporadas al texto en colores destacados.

Why don´t we do it in the road?

Eu bem que tentei, mas não consegui... ou consegui em parte (uma boa parte, na verdade). Calma, não é nada disso que você está pensando! Eu queria ter feito essa postagem da estrada, na longa volta pra casa pelas Via Dutra e D. Pedro, mas nosso sistema de internet móvel não é assim uma Brastemp e chegou um momento em que não consegui conectar mais... mesmo assim, esse texto foi quase que todinho feito "in the road" (ou "on the road"...) e fala sobre nossas peripécias em quase cinco dias pela queridíssima Serra da Mantiqueira!

A primeira parte da viagem foi o presente de aniversário que ganhei do Paulo Cesar S2 S2 S2 e a segunda foi em missão especial em mais um capítulo da luta pela oficialização da Fundação Mantiqueira.

Pois bem, começamos em Gonçalves, MG. Fica pertinho de Bragança, umas 2h de viagem, que inclui uma pitoresca estradinha de terra (Fernão Dias até Cambuí, depois uns 40 km até Gonçalves, dos quais uns 20 km são de terra). Com hospedagem devidamente reservada, ficamos na Pousada Espelho D'água (1km da cidade).

Ganhei um chalé com lareira e hidromassagem =D =D =D. Chalé muito simpático, com um deck provido de uma paisagem deliciosa (que inclui uma cachoeira), aquecimento da água a gás (inclusive da pia do banheiro) e tinha até roupões (gente, não estou acostumada com essas coisas! Mas acostumo rapidinho, rs...).



Depois de um merecido banho de banheira, saímos pra dar uma volta na cidade e estava tendo quermesse! Comemos umas coisinhas por lá e depois fomos pro único restaurante aberto, o Porto do Céu. O lugar é muito legal, com uma decoração bacana, atendimento simpático e degustamos um Capelletti in Brodo delicioso por R$ 36,00. Depois disso voltamos pro nosso "chateaux" e curtimos uma lareirinha.

O café da manhã da pousada também é muito bom e depois do desjejum fomos pra feira de produtos orgânicos, que acontece todo sábado, das 9h às 13h. Compramos umas hortaliças pra abastecer a segunda parte da viagem e tomamos um cafezinho da roça, no maior clima "faz de conta que a gente mora aqui"!




Continuamos com nosso "turismo de compras", coisa que, sinceramente, fazemos muito pouco em nossas viagens! Entramos em um monte de lojinha, compramos algumas coisas bacanas, das quais são dignas de nota:
- geléias, chutneys e antepastos da Senhora das Especiarias (R$ 15,00 o pote);
- móveis de madeira da Toque de Minas (compramos uns banquinhos lindos, com ladrilho hidráulico, por R$ 70,00);
- quirera da Fábrica de Farinha por R$ 1,70/kg (na quermesse tinha uma quirerada que me deu água na boca, mas tinha carne de porco... é também conhecida por canjiquinha);
- iguarias do Empório Orgânico, como uma broa de milho artesanal por R$ 1,50.

Almoçamos no restaurante Deméter na Roça, que foi uma ótima indicação do Mauro, dono do Empório Orgânico. A maior parte dos ingredientes do restaurante é orgânica e é tudo servido no fogão a lenha; estilo bem mineiro, mas com boas opções sem carne (e sem bacon, e sem banha, rs...). O almoço custa R$ 32,00/pessoa e come-se MUITO bem.

Dando continuidade ao fim de semana burguês, fiquei mais umas duas horas de molho na banheira, curtindo um fim de tarde pelo janelão, ouvindo música, explorando as opções de hidromassagem e luzes, vendo o fogo da lareira, namorando, me perfumando com óleo de banho, comendo chocolate e por aí vai... fiz absolutamente TUDO o que tinha direito! Que nem criança, rs...

No jantar teve o repeteco do roteiro quermesse + Porto do Céu. Acho que até teríamos outras opções de restaurante pra noite de sábado, mas gosto de voltar nos lugares e ter essa sensação de ser "da casa", de conhecer o cardápio... coisa de gente idosa, eu acho! Mas outra coisa que nos atraiu pra esse restaurante é que teria música ao vivo, e realmente teve. A um couvert de R$ 10,00 jantamos ao som de um rock folk interessante.

Na manhã do domingo ainda usufruímos um pouco da internet wi-fi que tem na sede da pousada, arrumamos as coisas com calma e fomos pra segunda parte da viagem, agora desbravando a parte alta da Mantiqueira, um caminho que nunca havíamos feito e que tem paisagens muito bonitas.


Mas como o tempo é exíguo, escasso e diminuto, em certo ponto descemos pra Dutra, para depois subir novamente até a Fazenda Boa Vista, sede da Fundação Mantiqueira e que fica no município de Bocaina de Minas. Chegamos ao cair da tarde e a novidade dessa vez é que ficamos no chalé, que é uma graça, super aconchegante.

Enquanto o PC fez uma reunião extraordinária com o Presidente da Fundação Mantiqueira, Sr. Álvaro Braga, fiz uma sopa de abóbora com alho poró, lá da feirinha de Gonçalves. Pra acompanhar, queijo da região e cebolinha da horta. Luxo só! Ah, sim, a sala de reunião foi a sauna da pousada!

Os dois dias seguintes foram de trabalho (de verdade!), mas como somos todos filhos de Deus e de Pachamama, na noite de segunda fomos fazer uma sauna no hotel mais antigo de Mauá, que é o HotelBuhler. Por R$ 15,00/pessoa tivemos sauna seca e úmida, piscina térmica, toalhas e um sabonetinho de eucalipto muito cheiroso! Outra coisa muito bacana é que esse hotel é cheio das iniciativas ecológicas, principalmente com relação ao lixo; coisas que funcionam mesmo, nada de maquiagem verde. A dica foi do Álvaro, que frequenta a região há muitos anos e sabe das coisas. Jantamos no Borbulhas (o único aberto) e a entrada foi um Rosti de Pinhão, receita com a qual eles ganharam um Festival Gastronômico. É, aqui nada é elementar ;)

Infelizmente não tiramos fotos dessa segunda etapa, pois choveu tanto que até esqueci da existência da câmera... a chuva não chegou a atrapalhar, mas já sinto falta do sol.

Aproveito mais uma vez pra dizer que a Fundação Mantiqueira aceita de bom grado todo e qualquer apoio, sendo o mais prazeroso deles a hospedagem na pousada da Fazenda Boa Vista. Se quiser conhecer esse paraíso, fale comigo. É um lugar muito especial. 

terça-feira, 8 de maio de 2012

Virada Cultural 2012


Reconheço que tenho um montão de assuntos muito mais relevantes e interessantes para escrever, mas é que eu gosto tanto desse evento e foi tão legal reler o relato da Virada 2010 que preciso deixar essa recordação para mim mesma aqui no Aralume!

Bom, a graça da Virada, pra mim, é virar! É passar a madrugada de show em show, é ver o dia clarear, é ver as ruas da cidade ocupadas, é respirar o ar de euforia coletiva! Mas como não sou mais adolescente e prezo por minha integridade física e moral, são necessários alguns cuidados... nossa turminha já está ficando expert em Virada e a mochilinha do Moli é prova disso. Casaco, mantinha, camiseta extra, desodorante, pasta e escova de dentes, lanchinhos, um verdadeiro kit de sobrevivência.

No meu kit Virada tinha agasalho de sobra, camiseta para o domingão ensolarado, necessaire com desodorante, colírio (e óculos escuros!), lápis do olho, pasta e escova de dentes e ainda um spray de própolis para cuidar da garganta castigada pelos gritos eufóricos e frio da madrugada. Coisa de profissional mesmo, hehe.

Gosto de começar o evento pelo centrão. Praça da República, São João e cia., ainda limpas e “possíveis”. Depois a dica é percorrer o circuito SESC, com atividades civilizadas e ambientes impecáveis. Vida de tiozão =D

O plano começou bem e depois de sentir o ar da noite com um jazz na República fomos para o SESC Vila Mariana, onde vimos Os Mulheres Negras, com a participação especialíssima de um músico uruguaio que é o “homem banda”, só vendo. Comemos por lá mesmo e entramos no show do Wandi Doratiotto, sempre simpático, engraçado e com um repertório muito gostoso. Na saída conversamos com ele, que tem uma receptividade incrível, falando com a gente como se fôssemos grandes amigos, muito legal mesmo. Por lá ainda tinha uma exposição de fotos de um cara que deu a volta ao mundo de bicicleta. Fotos lindas, instalação linda. Viva o SESC!



Já era 1h e fomos pro SESC Consolação, onde estava tendo uma programação especial sobre o México. Comemos umas iguarias mexicanas (embora já tivesse acabado quase tudo) e resolvemos voltar pro centro pra ver o Zimbo Trio na República. A lua (super lua, diga-se de passagem) estava esplendorosa e depois de ver dois shows em auditório foi uma delícia respirar o ar fresco da noite assistindo um show na praça. Só que o som estava meio devagar e pra espantar o sono (nisso já era umas 3h) fomos percorrer os outros palcos.

Acabamos parando no Anhangabaú para assistir o Quinteto da Paraíba. Cadeirinhas, primeira fila, tudo muito bom, tudo muito bem... só que montaram o palco debaixo do Viaduto do Chá e é claro que tinha uns espírito de porco lá em cima. Ficamos meio tensos com nossas cabeças sendo alvo fácil para uma cusparada (no mínimo) e depois que o companheiro da fila de trás vomitou ali mesmo, levantamos e fomos embora. Pois é, Virada é assim... só não pode perder a esportiva!

Caminhar pelo centro às 5h da madruga é uma experiência tensa. Aquelas pessoas parecem umas almas penadas, virando garrafas e garrafas (de plástico) de vinho ruim goela abaixo. Como diz o Moli, dá dor de cabeça só de olhar! Muito lixo pelas calçadas e um cheiro de mijo que beira o insuportável. Contando assim você pode até pensar que eu sofri, ou que caí numa roubada e não vou nunca mais, mas foi de boa! Na verdade, eu sabia exatamente o que ia encontrar por lá e estar psicologicamente preparada faz toda a diferença.

Não presenciamos nenhuma cena de violência e em nenhum momento passei medo. Se sorte ou ingenuidade, não sei, só sei que foi assim. Comemos um milho cozido delicioso, paramos mais um pouco no palco República pra ouvir a banda argentina Violentango, nos despedimos daquela lua absolutamente majestosa e fomos pro Largo do Arouche, onde estava minha grande expectativa da Virada: Bloco do Sargento Pimenta às 6h!

Chegamos lá às 5h50 e aí sim vimos o que era uma cena de filme de terror! Uma gente feia (desculpa Rafa!), uma atmosfera de Blade Runner naquela penumbra pré amanhecer, coisa de filme mesmo. E pra completar, os gays mais esdrúxulos e menos recatados tomavam conta do cenário. Fomos salvos pelo PC, que conhecia uma padaria muito boa por ali, a Gemel. Nossa, um verdadeiro oásis! Ambiente claro, limpo, cardápio farto, pia com sabonete, garçons atenciosos. O público continuava gay, mas agora de outra estirpe. Gays charmosos e elegantes tomando seus capuccinos!

Quando saímos na rua já estava claro e eu queria muito dar uma chegadinha no Bloco. Atravessamos o Largo, que acabara de ser exorcizado pela luz do sol! Impressionante como em menos de uma hora o público (e a atmosfera) tinha mudado. Era 6h30 e o Bloco estava subindo no palco. Não foi nada que se diga “ó”, mas deu pra dançar e espantar o sono.

Fomos resgatar a Dalva, que ficou descansando na Maria Antonia, e ainda usufruímos dos banheiros limpos da USP antes de seguir para o nosso próximo compromisso: Jair Rodrigues no SESC Pompéia às 9h. Deu tempo de tomar um expresso e descansar um pouco nos sofás do SESC antes do show e lá fomos nós.

À essa altura o sono já estava bem instalado e estávamos meio que preparados para tirar um cochilo no show. Até parece... o Jair entrou como um furacão, mandando um samba atrás do outro, só clássicos. Uma energia que chegava a ser intimidadora! Uma sintonia e uma simpatia com os músicos e a platéia que eu nunca tinha visto. E foi muito engraçado ver o assédio das velhinhas, que ficaram alucinadas!

Depois do bombardeio de sambões, um mais animado que o outro, ele deu um respiro, falou de sua devoção pela padroeira do Brasil e cantou Romaria. De arrepiar mesmo as peles menos religiosas. Logo em seguida chamou a Elis pro palco. Conversou com ela. Contou sobre o Dois na Bossa. E prestou sua homenagem à companheira, nesse trigésimo ano de sua morte. Ele simplesmente cantou Arrastão. Nem tentei conter as lágrimas, que nem sabia exatamente porque surgiam, mas foi um episódio muito forte. Acho que mesmo quem nunca ouviu falar de Elis Regina e Jair Rodrigues se emocionaria com a emoção do cantor no palco. Depois dessa ele saiu de cena, deixando um dos músicos tocando viola. Jair volta cantando Disparada, haja coração!

“porque gado a gente marca, tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente!”

Saímos do show a mil. Se tivéssemos dormido uma noite inteira não estaríamos tão bem dispostos. É claro! Fomos resgatar a Ana e o Leo, que preferiram dormir meia noite, e seguimos para o encerramento da (nossa) festa: Titãs ressuscitando Cabeça Dinossauro, 12h no Palco São João.

Chegando na São João por uma perpendicular víamos de longe o rio de gente se dirigindo para o palco. Comi um pastel de palmito e fomos nos emaranhando naquele amontoado. O espaço entre cada um foi diminuindo e só a passagem de som já empolgava a galera. A pérola do evento ficou por conta de um rapaz que nos fez a seguinte pergunta: “viu, são duas bandas? A Cabeça Dinossauro e os Titãs?”. Ô dó! Rimos com discrição e explicamos pacientemente pra ele do que se tratava. Nessa hora me senti uma dinossaura!

E então eles entram no palco! Haja garganta e palmas! Começa a piração e lá pela terceira ou quarta música o Moli fala: “se prepara que na Polícia vai ficar tenso”. Dito e feito! Todos queriam expressar sua indignação contra a entidade policial e tinham ali a melhor das oportunidades. Do nosso lado começou aquele agito característico dos shows de rock, onde fica todo mundo se batendo, mas num clima muito amigável e fraternal, uma verdadeira massagem coletiva. Era lúdico, não era violento. Mas não tinha como não pensar que se alguém tropeçasse no meio daquela muvuca poderia ser seu último tropeço... pensamento de tiazona... cuidado minino!

E por aí foi. Muito, muito, muito bom! Foi interessante mergulhar no lado raivoso da arte.

“você vai morrer e não vai pro céu, é bom aprender, a vida é cruel!”

Já tínhamos desistido de ficar até o fim da Virada, mas depois dessa a única opção possível realmente era ir pra casa. E foi engraçado chegar na casa da sogra com aquelas olheiras, com aquela “inhaca” de quem passou a madrugada perambulando pelo centro, com aquele “budum” de quem acabava de sair de um show de rock em pleno sol do meio dia. Olhei pra mim e pensei: “minha filha, você tem 31 anos, é uma engenheira, é uma mulher casada, olha só o seu estado!”. A adolescente dentro de mim, aquela que sempre vive e que sempre viverá, aquela lembrada sabiamente pelo Seu Jorge na “minha” música Carolina, simplesmente abriu um sorriso de satisfação, o suficiente para dizer: “Estou VIVA”.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

It´s getting better!

Gostei tanto da comemoração do meu aniversário esse ano que comecei a lembrar como foram as anteriores e vi que cada uma foi sendo melhor que a outra. Cada uma com seu charme, com suas particularidades, mas de forma geral getting better ;)

Acordei cedo pra me despedir da lua cheia tão companheira. Meu dia começou assim:


E terminou assim:




Estive com meu pai e minha mãe. Do meu pai ganhei orquídeas apaixonantes.



Da minha mãe ganhei um abridor de latas lindo e novo (!), um bolo delicioso e o por do sol, que ela encomendou especialmente pra mim :)


Ganhei muitos outros presentes, em forma de objetos, de presenças, de palavras, de ondas vibracionais... todos queridos e bem vindos. À noite teve fondue em família, com direito a tia e prima queridas.Tenho a impressão de que estou gostando cada vez mais de fazer aniversário!



sexta-feira, 4 de maio de 2012

Conselheira sentimental


Afortunadamente, nunca sofri por amor. Tive, claro, aquelas paixõezinhas adolescentes não correspondidas; passei, claro, por momentos de dúvida e insegurança em meus relacionamentos; mas, sofrer, sofrer mesmo, com O Fino da Fossa girando na vitrola, nunca sofri.

Essa condição me deixa um tanto desconfortável diante de sofrimentos do tipo, pois, uma vez que nunca os vivi, fico sem saber como consolar e aconselhar. Mas por outro lado, também faz com que meus conselhos (quem consegue ficar sem dar um pitaco?!) tenham um outro peso, afinal, não é por acaso que nunca me meti em encrencas amorosas!

Só que dessa vez os “meus conselhos” não são meus, pois vou apenas transcrever e alinhavar partes de dois capítulos do livro – adivinha qual!? – Mulheres que correm com os lobos. Eu sou assim, quando encontro algo que adoro, quero que todo mundo conheça e fico até chata. E eu sei que por mais que eu fale “read the book, the only book”, muita gente não vai ler, então eu sigo para o passo 2 da estratégia, que é escrever sobre o tema. Here we go J

O livro, organizado em 15 capítulos, é quase que totalmente dedicado a assuntos específicos da natureza feminina, mas como “o parceiro” é um componente que influencia consideravelmente qualquer mulher, há um capítulo inteirinho dedicado exclusivamente a ele. O nome do capítulo é “O parceiro: a união com o outro – um hino para o Homem Selvagem” e começa assim:

Se as mulheres querem que os homens as conheçam, que eles realmente as conheçam, elas tem de lhes ensinar algo do seu conhecimento profundo. Algumas mulheres dizem que estão cansadas, que já se esforçaram demais nessa área. Sugiro humildemente que elas estiveram tentando ensinar um homem sem vontade de aprender. A maioria dos homens quer saber, quer aprender.

Não sei quanto a você, cara leitora, mas eu sempre senti que a “responsabilidade” de ensinar era minha. Os meninos estão lá, com aquele ar de criança na loja de doces esperando a mãe dar a largada. E nós somos a mãe, claro! Calma, não quero dizer que temos que ser mães deles, aliás as mulheres que exageram na dose de ensinar algo de seu conhecimento profundo, acabam virando mães e não é essa a ideia. Mas aqui entra a advertência recorrente de que não adianta “mandar pistas” para os homens. Temos que ser claras, temos que ser didáticas, temos que escrever em letras grandes e coloridas. E ainda por cima manter uma certa dose de mistério e sedução, pra não virar professora nem mãe. Complicado né? Mas quando a gente arruma um aluno aplicado é tããããão legal!!!

E aí entra você, caro leitor. Como anda sua vontade de aprender? Você já refletiu sobre essa estruturação de papeis? Você está aberto para receber o conhecimento profundo de uma mulher? Você está preparado para ajoelhar aos pés da deusa e contemplá-la?

O grande prejuízo dessas picuinhas de guerra dos sexos é fazer com que cada um queira ser mais que o outro. Mais o que? Não importa, se você quer ser forte, eu tenho que ser mais; se você quer ser independente, eu tenho que ser mais; se você quer ser sensível, eu tenho que ser mais; se você quer ser vaidosa, eu tenho que ser mais [meeedooo!]. Quando cada um entende suas virtudes e fraquezas e se coloca de acordo com elas fica tudo tão lindo...

(meninos, aproveitando a oportunidade, lá vai um “read the book” pra vocês: leiam Xico Sá! Aprendam com esse bardo pernambucano como se deve tratar uma mulher!)

Ok, vamos voltar ao capítulo! Esse alinhavo está virando um bordado!

Para conquistar o coração de uma Mulher Selvagem, seu parceiro deve entender profundamente sua dualidade natural (...). Qualquer um que seja íntimo de uma Mulher Selvagem está de fato na presença de duas mulheres (...). O esforço de compreender essa natureza dual das mulheres às vezes faz com que os homens, e até mesmo as próprias mulheres, fechem os olhos e bradem aos céus em busca de ajuda.

Que TPM que nada, o buraco é muito mais embaixo... aqui meu humilde comentário é o seguinte: enquanto a própria mulher não se entender como um ser dual, como um ser lunar (e por que não lunático? rs...), não há bom aluno que dê jeito. Precisamos nos conhecer e nos entender antes de querer que o parceiro o faça. E uma vez iniciado esse processo, aí sim vamos ensinando aos nossos aplicados alunos como é que a banda toca.

O capítulo segue por detalhamentos muito interessantes, que deixarei para que os mais interessados descubram por si. Mas há uma frase no final que merece ser citada:

O bom partido é o homem que insiste em voltar para tentar entender, é o que não se deixa dissuadir.

Reforçando o conceito de “bom aluno”, não basta ficar quieto na sala de aula e tirar um cochilo ou ficar rabiscando. Muito menos sair para o recreio e não voltar, matar aula. Quem está realmente disposto a aprender não fica com a boca escancarada cheia de dentes esperando o conhecimento chegar (essa citação é do meu querido professor Marcos Sorrentino, parodiando uma famosa canção de Rauzito e tentando nos ensinar um pouco sobre educação).

Bem, uma vez resolvido o parceiro, o próximo capítulo fala sobre a evolução dos relacionamentos amorosos e é absolutamente lindo. Seu nome é “A caçada: quando o coração é um caçador solitário – encarando a natureza de vida-morte-vida no amor”.

Se quisermos ser alimentados por toda a vida, precisaremos encarar e desenvolver um relacionamento com a natureza da vida-morte-vida. Quando temos esse tipo de relacionamento, não saímos mais por aí à caça de fantasias.

O interessante aqui é que ela chama atenção para o fato de que dentro de um mesmo relacionamento, com uma mesma pessoa, existe essa ação da natureza da vida-morte-vida. Quando não sabemos disso ficamos um pouco apavorados quando uma “morte” se aproxima e nos desgastamos para manter uma vida que na verdade deveria deixar de existir, para que outra venha e para que o relacionamento evolua. Fica mais fácil entender dessa forma:

São sete tarefas que ensinam uma alma a amar outra profundamente. São elas a descoberta da outra pessoa como uma espécie de tesouro, muito embora não se perceba a princípio exatamente o que foi encontrado. Em seguida, na maioria dos relacionamentos, vem a caça e a tentativa de ocultação, um tempo de esperanças e receios para os dois lados. Depois vem a tarefa de desenredar e compreender os aspectos da vida-morte-vida do relacionamento e a compaixão dessa tarefa. Segue-se a confiança que gera o relaxamento, a capacidade de descansar na presença do outro, acompanhada por um período de compartilhamento dos sonhos futuros bem como de tristezas passadas, sendo esse o início da cura de ferimentos arcaicos relacionados ao amor. Finalmente, o uso do coração para fazer brotar uma nova vida e a fusão do corpo e da alma (...).

O amor tem seu custo. Ele exige coragem.

(...) Repetidas vezes observo um fenômeno em amantes, independente do sexo. Algo no relacionamento começa a diminuir e cai em entropia. Com frequência, o doloroso prazer da excitação sexual se abranda, um passa a perceber o lado frágil e ferido do outro, ou ainda um deixa de ver o outro como “material digno de admiração”. Parece tão repulsivo, mas esse é o momento perfeito em que se apresenta uma verdadeira oportunidade de demonstrar coragem e conhecer o amor. Amar significa ficar com. Significa emergir de um mundo de fantasia para um mundo em que o amor duradouro é possível, cara a cara, ossos a ossos, um amor de devoção. Amar significa ficar quando cada célula manda fugir.

Não é forte saber isso? Quando a gente não se dá conta de todo esse mecanismo, parece que a ordem das células para fugir deve ser obedecida imediatamente! Podemos identificar como um aviso da intuição de que algo está errado, de que não é essa a pessoa. Mas na minha experiência pessoal passei exatamente por isso, duas vezes e, embora não tivesse esse conhecimento, consegui ouvir a intuição forte de que o que eu sentia era um amor muito grande, por mais que a razão e “cada célula” me mandasse fugir. E fiquei.

Putz, esse capítulo é grande pra caramba! Ainda bem, porque se ela conseguisse decifrar e explicar todos os meandros do amor em poucas páginas, eu simplesmente não acreditaria, rs... mas o (meu) recado está dado e se você se identificou com o que transcrevi, ou se simplesmente ficou curioso pra saber onde isso vai dar, leia o capítulo! Nem precisa ler o livro todo, pois os capítulos são bem “autosuficientes”.

De qualquer forma, fica a dica para os novos amantes: no começo tudo é lindo, mas não demora a ficar bem estranho e essa é a prova de fogo. Se você pular fora, vai entrar em outra relação linda, que também vai ficar estranha rapidinho. Se você ficar, vai passar por um processo árduo de transformação em dupla, mas que os conduzirá a um estado muito mais lindo do que aquele inicial. Acredite, vale a pena!


PS – Isso tudo funciona apenas quando você encontrou um parceiro que valha o investimento e que também esteja disposto a passar por cada tarefa que ensina uma alma a amar outra profundamente. Agora, se você é uma curva de rio, mulher de malandro ou o moço bonzinho que sofre nas mãos de malvadas megeras, observe melhor com quem você anda se relacionando (amizades, inclusive) e trate de mudar de grupo!