terça-feira, 24 de abril de 2012

Horizonte




Antes de mais nada preciso fazer algumas considerações. Uma, na verdade. Até segundo aviso (e interesses comerciais das empresas de telecomunicação) não tenho mais internet banda larga. E isso significa que teremos algumas mudanças no estilo do Aralume. Antes eu escrevia on line e ficava alternando a janela do blog com a do Google, checando letras de músicas, poesias, pesquisando sobre datas, nomes, grafias, enfim, fazendo o possível para que as postagens trouxessem informações completas e o mínimo possível de erros e equívocos nas citações.


Agora eu escrevo off line (o que acaba sendo muito bom, pois fico com um back-up instantâneo de cada texto no meu computador) e só conecto para postar o texto já concluído, ou seja, no more Google. Claro que quando eu quiser fazer um artigo mais detalhado vou pesquisar, mas isso será a exceção, não a regra. Por outro lado, “descobri” que tenho ótimos livros e revistas na estante!

Então vamos ao tema de hoje, motivado pela minha nova morada, essa mesma que me priva de uma internet banda larga e que nos faz mudar a forma de escrever e ler o Aralume.

Agora eu tenho um horizonte! Não sei a definição exata do termo (preciso comprar um dicionário!), mas deve ser algo que abranja a paisagem urbana, com seus telhados e antenas; deve ser algo que permita incluir até aquela linha reta do muro a poucos metros da janela; deve ser uma definição que faça com que todo mundo tenha um horizonte e que, portanto, questione minha exclamação do início do parágrafo.

Mas, sabe, pra mim, isso não é horizonte. Pra mim horizonte é o que enxergo nesse exato momento: uma curva sinuosa que separa a terra do céu com silhuetas irregulares de árvores que formam uma pequena floresta; logo abaixo um pasto com vaquinhas, uma estrada de terra, uma cerca, um (um!) telhado, minha rua, meu portão, meu quintal.

A poesia que mais me tocou até hoje fala sobre isso. Aposto que você já sabe qual é...
(...) eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
(O Guardador de Rebanhos, Alberto Caieiro)

Eu não diria que nossa única riqueza é ver, pois amo e usufruo prazerosamente da riqueza de cada um dos sentidos, mas compartilho totalmente com a ideia de ser do tamanho do que vejo. E da mesma forma que horizontes pequenos demais oprimem, os grandes demais podem nos deixar perdidos... gosto de ter horizontes grandes demais de vez em quando, como uma dose arrebatadora de grandeza e devoção, que renova e reabastece (lembre-se que “pequeno” e “grande” são atributos totalmente relativos... só você pode dizer se seu horizonte é grande ou pequeno!).

Percebendo meu horizonte de agora eu sinto que ele é “do meu tamanho”. Antes eu não cabia no horizonte...  ao invés de, como sugere o poema, eu me adaptar ao horizonte, ficando grande ou pequena de acordo com a paisagem, eu sentia como se estivesse com uma roupa de criança. Não, aquele horizonte de muro não era pra mim!

Da porta pra dentro, abrindo caixas de papelão cheguei nas das revistas. Sorteei uma Tpm de uma coleção considerável e veio a revista de abril de 2008, exatos quatro anos atrás, quando eu estava organizando a mudança anterior, começando a vida em Itu. Adoro essas coincidências! Mas não para por aí: a editora convidada desta edição foi a Fernanda Keller, triatleta campeã de não sei quantos Ironmans (3,8 km de natação + 180 km de ciclismo + 42 km de corrida). Mesmo pra mim, que sou minimamente habituada com atividades físicas, não dá nem pra imaginar fazer UMA dessas coisas... metade da natação eu já fiz em piscina (o que é bem diferente de águas abertas...), mas em ciclismo e corrida nem mesmo metade consigo vislumbrar, então admiro quem faça.

Podemos até pensar que ela é uma atleta profissional, que dedica sua vida a isso, que tem genética favorável, etc, etc... e então a própria Fernanda nos apresenta a Sister Madonna, uma freira de 77 anos que começou a correr com 45 e há quase 20 anos participa do Ironman TODOANO! Ela completa a prova no tempo máximo (10 horas), mas completa. E sabe a mensagem dessa freira? “Onde estão os seus sonhos, coloque o seu corpo”. De uma simplicidade extrema, de uma sabedoria óbvia, mas quantos de nós não precisam ouvir isso para realmente colocar a mão na massa e fazer o sonho acontecer?

Muitos dos meus sonhos estão num horizonte ondulado com silhuetas irregulares e aqui está meu corpo. Finalmente. Inicialmente.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ilha Grande


O objetivo inicial era fazer uma viagem entre primas: eu, minha irmã (Ana Clara) e nossa prima (Isadora), com quem eu nunca tinha viajado assim, depois de "grande". A Ana e a Isa tiveram algumas boas viagens no ano passado e eu fiquei com um certo ciúme =D aí convoquei as duas para uma viagem a três!

Depois de considerar alguns lugares, uma conjunção astrológica de ideias fez com que as três falassem quase ao mesmo tempo: Ilha Grande! Embora seja um pouco longe, a possibilidade de viajar de ônibus à noite nos faria ganhar tempo. Quando eu estava no Peru e passei um fim de semana em Puno pensei que exploro muito pouco esse tipo de viagem no Brasil: entrar num ônibus na sexta à noite, chegar sábado cedo no destino, passar o sábado e o domingo, entrar de novo no ônibus e estar de volta segunda cedo. E nesse caso ainda teríamos um dia a mais, pois sexta foi feriado!

Claro que é cansativo, mas se a opção for isso ou nada, vambora!

Desde a ideia original muitas coisas mudaram e uma delas foi que apareceu a Bianca, amiga da Ana, que tinha terminado o namoro, estava a fim de uma viagem "de meninas" e foi acolhida com prazer pelo grupo. No fim, a Bianca voltou com o namorado, que acabou se infiltrando na viagem das meninas... claro que não é um namorado qualquer! Trata-se do Pablo, que fez parte da equipe da expedição Jalapão/Chapada (relembre aqui). O plano inicial mudou, mas a trupe se saiu muito bem!

A Bianca e o Pablo moram no Rio e pra eles é bem mais perto. Eu, Ana e Isa saímos de São Paulo no ônibus das 22h40 (R$ 60,00) e chegamos em Angra às 7h... sim, é longe! Na rodoviária tem um guichê do catamarã que faz a viagem pra Ilha Grande e já compramos as passagens de ida e volta (R$ 50,00/pessoa/ida e volta). Táxi até o cais (R$ 14,00), café da manhã bem sem vergonha na padaria e pontualmente às 8h zarpou o catamarã.

A moça da agência tinha falado que em 45 minutos estaríamos na Ilha, mas é simplesmente o dobro! Eu já tinha visto em sites que a viagem dura 1h30 e não sei por que ela falou aquilo... fomos no teto do barco, admirando a paisagem e tomando uma brisa. A melhor parte foi quando apareceu uma turma de golfinhos (professores de plantão, qual o coletivo de golfinho?!). As coisas mais fofas, bem pertinho do barco, super boas vindas!

Antes de desembarcar já encontramos com a Bianca e o Pablo, que estavam chegando num outro barco. Se tivéssemos combinado não teria dado tão certo! Existem várias opções de hospedagem na Ilha Grande, mas escolhemos ficar na movimentada vila de Abraão pra não ficarmos muito isoladas... depois de conhecer a Ilha vimos que talvez não seja a melhor opção... A nossa pousada foi a Costa Verde (R$ 700,00 o pacote pro feriado em quarto triplo com café da manhã), que é bem simples, mas fica num canto espantosamente silencioso em meio à muvuca.

Depois de várias deliberações resolvemos encarar a trilha para Lopes Mendes, que é uma das praias mais bonitas do Brasil. São 2h30 de caminhada, mas encurtamos o percurso pegando um taxi boat na praia de Palmas. Não é possível desembarcar em Lopes Mendes, então os barcos param na praia de Pouso e depois tem mais uns 15 minutos de caminhada até o paraíso. Lá tem várias barraquinhas com refrigerante, água, cerveja, sanduíches, salada de frutas, bolos e salgadinhos. Tínhamos levado lanche também e deu pra segurar a fome, mesmo tendo um café da manhã de um pão de queijo e sem almoço...

Voltamos por volta das 16h com o tempo nublando e quase chovendo (capinha de chuva fiel companheira!). O taxi boat custou R$ 25,00 incluindo o trecho da ida (Palmas a Pouso) e a volta de Pouso a Abraão.

Chegando em Abraão já contratamos o passeio do dia seguinte. Resolvemos fazer a volta à ilha, o passeio mais completo e, consequentemente, caro: R$ 160,00. Saída às 9h30 e retorno às 18h em lancha rápida, grupo de 12 pessoas, água e gelo, máscara e snorkel e espagheti inclusos. Esquema "patrão", rs... há também opções de outros passeios, mais curtos e mais baratos, em escunas, mas os barcos são enormes e aqueles grupos gigantes me assustam (vida de tiazona, fazer o que?!).

Pertinho da nossa pousada (esquina das ruas Getúlio Vargas e Amâncio Felício) tem o Pato Crepes, do qual viramos fregueses! Açaí, sucos, crepes, tudo muito bom, com preços honestos (açaí de 400 ml por R$ 5,50 e crepes bem servidos por R$ 15,50) e ambiente bem simpático. Mandei um açaí de 800 ml e fomos tomar banho para depois sair pra jantar.

O Pablo cavalheiramente nos convidou para o jantar, que foi no restaurante Lua & Mar. Esse restaurante fica escondidinho num canto da praia e é uma delícia: mesinhas na areia, luz de velas, sossego... enquanto isso a vila ferve e os bares disputam a clientela com música ao vivo, um forfé! Comemos pra caramba e depois de uma noite mal dormida (lembre-se que nossa noite foi no bumba!), caminhada, barco e comilança nossa única opção foi capotar! Hoje, só amanhã...

Acordamos cedo, passamos no mercadinho e fomos pro local combinado pra saída do passeio. Os mercadinhos de Abraão são muito bons, inclusive com boa variedade de frutas e legumes. O dia estava lindo e dominamos a proa da lancha, com sol e vento à vontade! E chacoalhões também... ainda mais nos trechos de mar aberto. Um misto entre "uhuu que legal" e "ai minha bunda/coluna/costelas/braços".

A primeira parada é na praia de Cachadaço, escondidinha, pequenininha e linda. A cor da água é impressionante! Muito clara, transparente e verdona refletindo a floresta. São 40 minutos em cada parada e logo continuamos o passeio. A próxima parada não tem desembarque, é só pra ver onde era o presídio, na praia de Dois Rios. Depois a paradisíaca Parnaioca. Aqui tivemos um cantinho VIP inacreditável! Como era feriado a Ilha estava lotada e em todo lugar que se chegava estava cheio de gente, mas na Parnaioca tem um rio do outro lado da praia e a galera vai caminhando até lá... eu, a Ana e a Isa ficamos quietinhas na areia, só nós, o maior sossego!!!

Depois tem um trecho longo de barco até a praia de Aventureiro, que é uma boa opção de hospedagem pra quem quer mais sossego, mas com alguma estrutura. Tem um píer, vários campings e uns quartinhos pra alugar. A praia é linda e a água naquele padrão que se repetiria nos 360 graus de volta à Ilha.

Daqui pra frente o tempo começou a fechar, tanto que nem desembarcamos na praia dos Meros e seguimos pra Lagoa Verde. Com frio e céu nublado não me animei pra entrar na água... como sabiamente escolheu a Bianca, gastamos nossos 40 minutos em petisco! Na Lagoa Verde tem um restaurante flutuante e foi pra lá que nós fomos. Só dá bacana e a porção de meia dúzia de pasteizinhos de queijo custa R$ 35,00. Não sei se pelo lugar, se pela fome ou se por mérito do chef, mas estavam divinos!!!

O programa era parar pra almoçar na praia de Maguariqueçaba, mas o marinheiro ficou dizendo que ia estar lotado, que ia demorar muito, etc... e queria porque queria que a gente almoçasse na praia de Japariz, que nem estava no roteiro e que ficava a 20 minutos de Abraão. Foi decidido em assembléia que ficaríamos sem almoço... ainda paramos na Lagoa Azul e ninguém se animou a mergulhar porque estava frio.

Essas "lagoas" são cantinhos de mar mesmo, entre ilhas, que ficam com águas calmas e muitos peixes. São realmente muito lindas, mas o sol faz parte da paisagem e sem ele não tem muita graça... já no fim do dia, cansados e com fome, tudo o que queríamos era voltar pra casa!

Chegamos em Abraão lá pelas 17h e fomos direto tomar banho. Jantamos mais cedo, no Pato Crepes e demos uma voltinha pela vila. O Pablo e a Bianca se recolheram, nós andamos mais um pouquinho... a opção de balada mais interessante era um forró & reggae na praia das Palmas, ou seja, tinha que pegar um barco! Eu não queria me arriscar a ir e querer voltar mais cedo, mas ter que esperar barco, então desisti da ideia e fui dormir conformada. A Ana e a Isa até estavam com esperança de ir, mas começou a chover e todas dormiram cedo!

O último dia amanheceu impressionantemente lindo. Não havia uma única nuvem no céu e o sol brilhava em todo seu esplendor! Decidimos sabiamente voltar para Lopes Mendes e não imagino que pudéssemos ter decisão melhor! Fomos de táxi boat (R$ 30,00/pessoa/ida e volta) e conseguimos chegar cedo, pegando a praia quase deserta. Depois de um tempinho chegaram mais algumas pessoas, mas a praia é muito grande e deu pra ter a sensação de paraíso VIP.

Nosso catamarã pra Angra seria às 17h, então voltamos cedo, tomamos mais um açaí, banho, arrumamos as coisas e fomos para o cais às 16h30... só que o barco atrasou quase uma hora!!! Ainda bem que planejamos tudo com folga, pois nosso ônibus era só às 21h30. Chegando em Angra jantamos num restaurante japonês na orla, pegamos um táxi, trocamos de roupa no banheiro da rodoviária (péssimo, por sinal) e o clima já ia ficando de segunda-feira...

Chegamos em São Paulo às 5h e de lá a Ana teve tempo pra chegar em casa e se arrumar pra dar aula às 8h... eu e a Isa fomos pra Bragança. A Isa também teve tempo de se arrumar para estar na escola às 13h.

E eu corri para meus afazeres da mudança! Imobiliária, contratos, fiadores, cartórios... limpa casa, encaixota coisas... e no meio de tudo isso ainda consegui escrever aqui no Aralume, questão de honra ;)

Amanhã volto a ser cidadã Bragantina, levando agora marido, cachorros e filhote na bagagem! Ê 2012 que não pára de começar!!!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Vem feriado, vem!

Continuando com a minha onda sem inspiração pra escrever no Aralume, venho na maior cara de pau escrever sobre o que irei escrever :)

Explico: no feriado vou conhecer a tão sonhada Ilha Grande! É um lugar que ouço falar muito bem há muito tempo, mas que nunca encontrou espaço nas viagens aventureiras, por N motivos, menos por desinteresse.

Pois bem, agora chegou a vez da Ilha Grande e pode ficar tranquilo que na volta vai ter postagem digna de Aralume! Não desista de nós!!!

No mais, bom feriado!

Ah, e não custa lembrar que páscoa não se comemora comprando ovos apelativos e com preços sem noção!