quarta-feira, 28 de março de 2012

Cri, cri, cri...

Será que o título onomatopaico carece de explicação? Imagino que sim... ultimamente estou mais subjetiva do que nunca, porque mesmo as pessoas mais próximas não entendem minhas sutilezas...

Então vamos lá: que bichinho que faz "cri, cri, cri..."? Sim, o grilo! E é louco que quando queremos expressar um silêncio, imitamos o som dos grilos... tipo assim, alguém fez uma pergunta e ninguém respondeu: "cri, cri, cri...".

Sortudos daqueles que ouvem grilos quando as pessoas calam...

E o Aralume é sortudo e está ao som dos grilos essa semana... os temas passam em minha cabeça e parecem todos banais.

Ficam os grilos então, que podem ser muitas coisas, menos banais!

terça-feira, 20 de março de 2012

"Querido diário..."

Muito do que escrevo aqui é baseado nas minhas vivências pessoais. Às vezes concretas, às vezes perceptivas, às vezes para compartilhar, às vezes para registrar... e o texto de hoje é no maior estilo "querido diário", rs... lá vai!

Ontem fui pra Piracicaba encontrar com amigos queridos. Fui "só" pra isso! Um desses amigos nem acreditou "ah, não é possível que você não veio fazer mais nada aqui!". Mas não mesmo... eu peguei o ônibus em Itu de manhã, pra chegar lá a tempo do almoço. Combinei de dormir em Pira (porque os horários de ônibus são infames) e voltei hoje cedinho. Praticamente 24 horas dedicadas a encontrar com os amigos!

Tem gente que gasta tempo e dinheiro com objetos caros, com salão de beleza, com terapeuta, com médico, com trabalho... eu gasto também de vez em quando... mas por que não gastar um pouco com pessoas?! Com pessoas tão especiais, que me enchem de alegria, que compartilham valores, que me trazem lembranças deliciosas?

Ajustar as agendas não é fácil, tanto que a ideia original era passar alguns dias juntos e complicou demais. Mas como sei que o ótimo é inimigo do bom, se a oportunidade era um dia, um almoço, lá fui eu!

A Pri e o Sem foram me buscar na rodoviária e de lá fomos pra casa da Meire, mãe da Teluíra (que hoje mora no Saco do Mamanguá). A Meire sempre foi a mãezona da tchurminha, pois todos moravam longe da família e a Telu emprestava a dela pra gente. Fomos almoçar no Nampin, um restaurante vegetariano delicioso que já existia antes da nossa chegada em Pira e era onde almoçávamos em dias especias (vida de estudante, né?). Lá encontramos por acaso com a Jaguatirana, um pequeno presente do destino como que dizendo "olha, isso é pra você lembrar quando vivia trombando "por acaso" com os amigos pela rua". Almoçamos todos juntos.

De lá fomos pra um café ma-ra-vi-lho-so, que faz parte das novidades da cidade, chamado Metrópolis. Comemos doces, tomamos café, chá, conhecemos o espaço que é super bem feito e acolhedor e ficamos conversando horas a fio, usufruindo da agenda que a vida de consultor autônomo proporciona (sim, eu, Pri e Sem temos esse privilégio!). A Meire ligou pra Telu e todos falamos com ela, uma verdadeira festa!

Na saída um acidente... o Otávio veio nos encontrar e acabou se envolvendo num atropelamento... não foi culpa dele, não foi grave, mas teve que ir pra delegacia fazer BO, depoimento, o escambau e ficou de castigo até a noite! Como a nossa presença não ia ajudar muito, eu e a Pri fomos pra Esalq, continuar o dia de encontros.

Chamei o Moli e ficamos nas mesinhas do Marron Glacê falando bobagens... aquelas bobagens deliciosas, risonhas, nostálgicas. Eu olhava em volta, era hora do intervalo entre as aulas, o lugar cheio de "bichos & doutores". Impressionante como parece que nada mudou... e quer saber? Isso me alegra... Não demorou e mais um encontro "por acaso"! O Pinus estava passando, chamamos e ele veio sentar com a gente. Exatamente como acontecia quando aquele era meu cenário cotidiano... a vida não tinha tanta pressa... mesmo com prazos apertados, reuniões, aulas, sempre havia tempo pra uma conversa fiada.

Mas os prazos e horários existem e cada um toma seu rumo. Eu e a Pri, que tínhamos compromisso apenas com o "dia de encontros", descemos até a Floresta (não, não é uma floresta como você imagina, com árvores e bichos, mas é como a gente chama o Departamento de Ciências Florestais, rs...). No caminho passamos pela frente do LERF e vi o Ricardo, querido professor, na janelinha da sala dele. Fui até lá e pela janela mesmo trocamos algumas palavras e sorrisos, coisa que não havia no tempo de estudante, quando pra falar com professor a gente batia na porta e pedia licença!

A Pri ficou no laboratório dela e fui até a sala do João, também querido professor, que foi meu orientador no mestrado (o Ricardo foi co-orientador). Ele ficou feliz em me ver, contou empolgado dos novos projetos, disse todo feliz que agora tem até estagiários de graduação (coisa rara na área quantitativa que assusta a todos com seus números e fórmulas). Fui também brindada com conversas filosóficas (isso sempre me encantou no João) e relatos de transformações pessoais e profissionais. Se a Pri não tivesse ido me resgatar, estaria lá até agora!

Fomos pra casa e mais encontros, agora com os pais dela. Os pais dos grandes e antigos amigos são um pouquinho nossos pais também... durante a tarde fomos falando com o Sem pra saber das notícias da delegacia e eles ainda lá de castigo... aí foi a vez das meninas botarem as fofocas em dia, papo de amiga. O telefone toca de novo, pronto, estavam liberados e famintos!

Corremos pra pizzaria (aquela mesma que frequentávamos nos velhos e bons tempos que não voltam nunca mais) e tagarelamos, tagarelamos, tagarelamos, com assuntos e intensidades talvez impróprios para o local, mas, fazer o quê?! Esperar outra coincidência astrológica de agendas?

Fui dormir feliz, no aconchego da casa da minha amiga, que levantou cedo pra me levar na rodoviária.

Cheguei em casa querendo contar a história e querendo, principalmente, guardar a história.

E querendo também dizer pra todo mundo que as "picuinhas" cotidianas não podem nos isolar das pessoas que amamos; que não podemos nos emaranhar na rede dos afazeres e compromissos, porque quando estamos longe dessas pessoas, definhamos; e quando as encontramos voltamos cheios de alegria e energia para fazer tudo o que for necessário e sabe como? Cantarolando, com um sorriso no rosto e com muito prazer, porque sabemos que a vida vale a pena!

terça-feira, 13 de março de 2012

A importância de ser pequeno


Mais uma vez a música me traz lágrimas aos olhos; mais uma vez a arte me transporta para um universo paralelo de enlevo e prazer; mais uma vez eu sinto uma vontade enorme de abraçar cada uma daquelas pessoas que proporcionaram essa orgia avassaladora (e abraço, ainda que mentalmente e emocionalmente, com um sincero sentimento de gratidão, com os mais fortes votos de sucesso).

Estou falando d´El Grande Conserto, evento que reuniu cerca de 50 músicos, uma primorosa equipe organizadora e não sei quantos embevecidos ouvintes, todos com um objetivo nobre: dar sua contribuição para a reforma das estruturas da Casa de Francisca. Não vou tentar explicar, porque isso já foi muito bem feito (veja transcrição no final da postagem).

E como se não bastasse, foi no Teatro Oficina, com sua atmosfera libertária, subversiva, escancarada e extremamente acolhedora (para os que compartilham da liberdade e da subversão, é claro...).

O público ia de alegres crianças (até mesmo um bebê de colo!) a idosos (inclusive o octagenário e reverenciadíssima estrela da noite Paulo Vanzolini). Da extensa programação conseguimos desfrutar de "apenas" sete horas... acabamos saindo nos 44 minutos do segundo tempo, mas realmente o cansaço e a fome falaram mais alto. Na verdade eu não pensei que conseguiria ficar metade desse tempo e senti claro como nunca antes o poder da música em revigorar e alimentar. SETE horas!

Viva a cultura, viva a arte, viva a Casa de Francisca! E viva todas as pessoas que dedicam a vida aos seus ideais e talentos!



EL GRANDE CONSERTO CASA DE FRANCISCA
11 de março de 2012 às 17h

Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona
Rua Jaceguai 520 Bixiga São Paulo SP
No ano de 2011 a Casa de Francisca apresentou cerca de trezentos shows ao longo de onze meses de trabalho. 

Quase dez mil pessoas passaram pela Casa (de 44 em 44 pessoas) e tiveram um contato íntimo privilegiado com o universo de mais de 400 artistas de grande comprometimento e independência artística.

Ano em que se abriu com “Território de Bárbaros” na semana de aniversário da cidade, seguido da “Mostra de Piano” com alguns dos principais pianistas em atividade do país.

Ano de muitas “sessões malditas” nas altas madrugadas de sábado e inúmeras “leituras íntimas” em parceria com a editora 34.

Ano em homenagem a Drummond, organizado pelo instituto Moreira Salles e comemorações dos aniversários de Paulo Vanzolini e Jorge Mautner.

Ano de realização e lançamento do registro em dvd do show de Arrigo Barnabé com co-produção do Canal Brasil e do estúdio de som “Na Goma”, de Filipe Magalhães.

Ano de grandes lançamentos com novos trabalhos e grupos de grande expressão.

Ano de laboratório de muitos outros trabalhos que estão por vir ao longo deste novo ano.

Desde o final de dezembro de 2011 a Casa de Francisca voltou-se para uma nova reforma em suas estruturas.

Uma reforma que não aumentará a capacidade da casa, mas fundamental para a permanência e a continuidade do projeto.

Um grande conserto no espaço como um todo para haver menos desgaste na circulação e acomodação de público, artistas e equipe.

Um reforma para que também se tenha respiro junto ao silêncio que tanto se aprecia.

Contudo, a Casa vive a mesma realidade das pequenas empresas e trabalhos independentes do país. 

Os editais públicos e patrocínios culturais parecem um pouco distantes para uma casa com menos de 50 lugares e tenta-se encontrar saídas para sua proposta eminentemente artesanal.

É com muita alegria que a Casa de Francisca recebe o apoio de mais de 50 artistas para “El Grande Conserto” em um dos cenários de maior força e resistência cultural do país: o Teatro Oficina.

Celebremos este encontro de força e delicadeza de cada um desses artistas e de todos os artistas que também fazem parte da Casa, mas que infelizmente não estarão no palco neste dia pela complexidade na dinâmica de um evento como este.

Estejam todos convidados. Compartilhem, divulguem, recomendem!

Façamos um grande conserto acreditando também na importância de ser pequeno.


A BARCA
ALZIRA E
ANA BERNARDO
ANA LUIZA
ANDRÉ ABUJAM RA
ARI COLARES
ARRIGO BARNABÉ
BENJAMIM TAUBKIN E
NÚCLEO DE MÚSICA DO ABAÇAÍ
BETO VILLARES
CACÁ MACHADO
CELSO SIM
CHICO SARAIVA
CIDA MOREIRA
CRIOLO
DANIEL MURRAY
DANIEL SZAFRAN
DANILO MORAES
EDUARDO GUDIN
FILPO RIBEIRO
ÍTALO PERON
JOÃO TAUBKIN
JONATHAN SILVA
JUÇARA MARÇAL
KIKO DINUCCI
LINCOLN ANTONIO
LUIS FELIPE GAMA
LUISA MAITA
LULINHA ALENCAR
LURDEZ DA LUZ
MARCELO CABRAL
MARCELO PRETTO
MARGINALS
MAURICIO PEREIRA
MAZÉ CINTRA
METÁ METÁ
NEUSA DE SOUZA
PASSO TORTO
PAULO BRAGA
PAULO VANZOLINI
RENATO BRAZ
RODRIGO CAMPOS
ROMULO FRÓES
SANDRA XIMENEZ
SAPOPEMBA
SERGIO ESPÍNDOLA
SUZANA SALLES
TETÊ ESPÍNDOLA
THIAGO FRANÇA
THOMAS ROHRER
TONY GORDIN
VANESSA MORENO
VERLÚCIA NOGUEIRA
WANDI DORATI OTTO

terça-feira, 6 de março de 2012

Los Roques - por Luciane Botelho

A ideia de ter autores convidados aqui no Aralume já estava quase sumindo, fraquinha, fraquinha, mas eu mantenho meu radar ligado e sempre que vejo uma brecha, ofereço o espaço (mas se por acaso eu não vir, ofereça-se!). E nada como topar com uma pessoa agilizada, prática e determinada! Minha querida amiga, madrinha e afilhada de casamento, Luciane Botelho, acaba de voltar das férias e diz, num comentário despretensioso, que se eu quisesse ela me mandaria o texto com as informações da viagem. Ah, não deu outra! A seguir você confere o relato, super completo, detalhado e ricamente ilustrado! Mas antes, a tradicional introdução dos autores convidados:

Como conheci a Luciane
Essa amizade começou há duas gerações, com a amizade da Vó Guara (mãe da minha mãe) e do Vô Vespa (pai da mãe da Lu). As filhas também foram amigas e tem até foto delas crianças na piscina do Clube Literário (lá mesmo onde eu casei! Nada como ser quatrocentona, rs...)! Talvez a primeira memória que eu tenha da Lu seja lá no sítio de Pedra Bela, nós, a Ana (minha irmã) e o Tales (irmão dela), tocando o terror no Paiol de Telha! A Lu sempre foi a mais corajosa e fazia coisas inacreditáveis, como descer uma ladeira enooooooorme de bicicleta, escorregar no tobogã gigaaaaaaaaante do Jardim Público, ficar dependurada de cabeça pra baixo nas árvores onde brincávamos. Continuamos amigas pela adolescência afora, unidas pela identificação de ser filhas de pais separados e meio maluquinhos ("meio" foi bondade minha, rs...). Depois saímos de Bragança pra estudar e nossos encontros ficaram mais raros, mas trazem aquela sensação de que nos vimos ontem!

Como conheci a Carolina
A história de como conheci a Carolina começa há uns 50 anos atrás, quando nossos avós viraram amigos, depois nossas mães viraram amigas e em 1989 fomos apresentadas na casa da vó dela. Desde o primeiro momento a gente simpatizou uma com a outra e nos tornamos amigas, e mesmo nunca estudando na mesma sala de aula a gente sempre estava brincando juntas. A gente também ia para o sítio dela e aproveitava muito lá. Depois eu mudei de cidade, mas mesmo assim ela ia na minha casa passar o final de semana de vez em quando. Aí veio a época da faculdade e a Carol foi para Piracicaba e eu para São Paulo, mas apesar da distância a gente sempre se falava e quando dava se encontrava. A vida de criança era bem melhor, agora virou tudo uma correria, ainda bem que tem o blog e o facebook para diminuir a distância.


Los Roques

Decidi ir para Los Roques em abril 2011, depois de ver algumas fotos onde o lugar parecia o paraíso. Já fazia tempo que eu queria visitar o Caribe, mas meu marido relutava em ir para um lugar com resorts comerciais e praias lotadas. Alguém me disse que Los Roques era tipo Fernando de Noronha há 20 anos. Comprei as passagens com milhas smiles em julho de 2011, vôo gol. Esse vôo para Caracas é diário e sai às 11 h.

A data escolhida foi o carnaval de 2012, por isso a antecedência para trocar as milhas. Comecei a pesquisar sobre o lugar e tem muita coisa na internet, vários blogs davam dicas e acho que isso ajudou a nâo sermos engambelados em nenhum momento. Ficamos sabendo de uma pousada chamada La Cigala e reservamos, eles também reservam o vôo para Los Roques. No começo da negociação eu comecei a implicar com o horário do vôo Caracas-Los Roques-Caracas, pois eu queria ficar o mínimo em Caracas. Nessa de negociar o horário do vôo eu perdi minha reseva 40 dias antes da viagem. Ai o que eu fiz foi mandar email para várias pousadas, mas a maioria estava cheia, uma muito boa que ainda tinha vaga chamava Malibu, mas custava $200 por pessoa a diária com pensão completa. Nessa altura do campeonato sabia que se eu não arrumasse pousada e vôo Caracas-Los Roques-Caracas meu marido ia surtar, pois a organização da viagem tinha ficado por minha conta. Foi assim que decidi seguir uma das dicas que vi na internet e recorrer aos serviços do Jesus Contreras (je_1971@hotmail.com), vários blogs diziam que ele era um faz tudo na ilha. Então o Jesus acabou fechando nosso vôo Caracas-Los Roques-Caracas, pernoite em Caracas já que não daria para pegar o vôo no mesmo dia e nossa pousada (el paraiso azul) por $120 por pessoa incluindo café da manha e jantar. Eu tinha que transferir 20% do valor total para a conta do Jesus, mas ele me deu umas coordenadas tão enroladas que o gerente do banco do Brasil não entendeu e como faltava pouco tempo o Jesus falou que confiava em mim e que eu poderia acertar tudo em dólar quando eu chegasse. Então viajei na confiança, ficava imaginando se eu chegasse em Caracas e não tivesse o tal translado ou as passagens... mas depois de quase 6 horas de vôo cheguei em Caracas e deu tudo certo. Passei bem rápido pela imigração e fomos pegar a mochila do meu marido na esteira, já que eu fiz uma mochila bem pequena e carreguei no avião mesmo. A mochila dele era maior por conta dos snorkels. Saindo do portão de desembarque já vieram vários funcionários do aeroporto querendo trocar bolívares (moeda local) por dólares. Uma amiga que veio recentemente disse que conseguiu um cambio de 1 dólar para 8 bolívares, mas no aeroporto inicialmente queriam me vender por 1:6,5 ai eu disse meu preço e o cara topou então troquei $100, o suficiente para passar o resto do dia em Caracas e pagar a taxa de entrada em Los Roques que é de 180 bolívares. Toda essa loucura de troca de moeda acontece, pois no câmbio oficial 1 dólar vale só 4,5 bolívares, então todo mundo recorre ao câmbio negro.

Logo em seguida chegou nosso transfer para o hotel la parada que fica bem pertinho do aeroporto, custou $100 a diária do casal. O bairro onde fica o aeroporto é bem feio e o hotel foi gentilmente apelido por nós por el pulgueiro, mas fiquem calmos porque não tinha pulgas, era apenas um lugar simples num vizinhança precária.




Nesse dia o restaurante do hotel estava fechado e tivemos que sair procurando onde jantar. Opção 1 era um restaurante chamado el braseiro, o lugar era mais sujo e feio que qualquer botequim do centro de sampa. Desistimos e fomos na padaria da frente, mas não tinha quase nada ai vimos um subway perto e fomos até lá comer um lanche, pagamos 86 bolivares. De barriga cheia voltamos para o el pulgueiro e decidimos dormir, pois nosso vôo para Los Roques saia 6h. Acordamos 4h e pegamos o transfer 4:30h. Ainda estava tudo escuro quando nos deixaram no terminal nacional que fica ao lado do internacional. É possível ir andando por dentro do aeroporto de um terminal para o outro. Começou o check in e varias pessoas tiveram que pagar excesso de bagagem, pois o limite por passageiro é 10kg. No check in foi só mostrar o passaporte e pegar o ticket, pois o Jesus já tinha acertado tudo. Reparem que até esse momento eu só conhecia o Jesus por email e não tinha pago um tostão por nada ainda. No embarque vale a pena ficar na frente da fila para escolher um lugar legal no avião, a passagem não vem com número de poltrona, cada um senta onde quer, e ai a dica e sentar do lado esquerdo do avião , pois dá para ver Los Roques do alto e o visual é de tirar o fôlego. Quase não conseguimos, porque o embarque foi uma muvuca e olha que a companhia que voamos era a melhor (aerotuy- http://www.tuy.com) e o avião o maior (48 lugares). A passagem saiu por $330 ida e volta, parece que da para conseguir por $250, mas só na baixa temporada. Outras empresas que fazem o trecho são a chapi air e a Jomicol (perguntei o preço depois no guichê da Jomicol e o preço era $320 ida e volta). A gente preferiu a aerotuy porque disseram que as outras empresas tinham aviões muito pequenos e que sacudiam muito.




Quando chegamos na ilha pagamos a taxa e ficamos aguardando a mochila maior que foi despachada. Em Los Roques não tem aeroporto, é só uma pista de pouso e alguém da companhia descarrega o avião e coloca as malas na pista mesmo. Todas as malas ficam enfileiradas e ai vem um labrador com o uniforme da policia escrito comando anti-drogas e fareja tudo. Então é bom não colocar nenhum toucinho ou qualquer outra coisa diferente na mala, pois a versão venezuelana do Marley vai achar!




Após pegar a mala finalmente vi o Jesus nos esperando. Então ele nos acompanhou até a pousada e já ofereceu um passeio para o dia. Pagamos todas as reservas feitas por ele e alguns passeios que decidimos. Deixamos as coisas na pousada e nos trocamos, 9h já estávamos no Porto de onde saem as lanchas.

No primeiro dia escolhemos uma praia perto chamada francisqui, essa praia fica a uns 10 minutos da ilha de Gran Roque e tem um restaurante que vende peixe, camarão e lagosta. Logo que chega já é bom reservar o prato. A lagosta custava 240 bolívares e o camarão ou o peixe 120 bolívares. Acompanha uns pãezinhos, optamos pelo camarão, mas veio bem pouco. A partir desse dia resolvemos encomendar a cava na pousada. Todas as pousadas oferecem cava e geralmente dentro delas tem bebidas, frutas, uma refeição leve, petiscos e muito gelo. Vale a pena porque ninguém merece passar o dia bebendo água quente, sem contar que muitas praias são totalmente desertas e ai a cava é fundamental. Pagamos $40 pela cava/dia. O dia nessa praia foi lindo e tiramos muitas fotos, também nadamos um pouco e fomos até uma lagoa natural fazer snorkel. As 17h a lancha veio nos buscar. Pagamos por esse passeio 140 bolívares o casal já incluído guarda sol e cadeiras.

Quando chegamos na pousada à noite nossas coisas já estavam no quarto. Corri pro banho e para minha surpresa estava faltando água, parece que quando tem muita gente na ilha isso acontece, mas beleza, porque ainda saia um filete de água e junto com umas garrafas de água que meu marido encheu consegui tomar banho. Às 19:30h a pousada serviu o jantar, como os donos da nossa pousada são italianos comemos primeiro e segundo prato, depois uma sobremesa. Aliás, achamos as comidas da nossa pousada muito boas, ponto forte do El Paraiso Azul, depois descobri que o chefe era ex-dono de restaurante em Bologna e havia comprado uma pousada há 7 anos, mas que até o momento não tinha tomado posse da pousada, pois foi enrolado pelos antigos donos. Enquanto isso ficava com a esposa trabalhando na nossa pousada.




No segundo dia acordamos cedo (ainda estávamos no fuso brasileiro que são 2h e 30 minutos a mais) e fomos procurar wifi para ver emails. Algumas pousadas liberam wifi, como a nossa não tinha ficamos com o iPhone na frente da acuarena. Às 8h serviram o café da manhã, nada muito luxuoso, mas foi bem gostoso. Na hora de sair perguntei pela cava, mas eles esqueceram. Novamente 9h estávamos na frente do porto preparados para o segundo passeio. Escolhemos a praia de Crasqui que fica a 30 minutos da ilha de Gran Roque. Para nossa sorte levamos água e um casal brasileiro montou o guarda sol ao lado do nosso com uma cava enorme, muito gentis cederam um lugar para nossa água gelar. Essa praia é bem selvagem, mas tem umas casas de pescadores transformadas em restaurante. Achamos uma casa bem legal, ao lado do simpático galpão tinha umas árvores que refrescavam o lugar e serviam de abrigo para umas barracas, isso mesmo aquilo também servia de camping. Não me agüentei e fui perguntar quanto custava para acampar de frente para praia, afinal alguém poderia querer uma dica barata de hospedagem. A dona do lugar disse que não pagava nada, mas que se quisesse a pensão completa + banho saia por 350 bolívares ($34).




Reservamos nosso peixe para as 13h, pagamos pela refeição do casal 290 bolívares e dessa vez foi bem generosa. Depois do almoço eu revezei entre olhar o mar e nadar naquelas águas azuis e tranquilas, um pedaço do Caribe selvagem. Novamente as 17 h a lancha passou nos pegar. Banho igual ao dia anterior e jantar ainda melhor que no primeiro dia (tirei umas fotos dos pratos).

No terceiro dia fizemos um passeio que custou 320 bolívares o casal. Fomos para sebastiopol e cayo muerto. O legal desse passeio é a paisagem e o mergulho de snorkel. Na volta o barqueiro deixou a gente e um grupo de gaúchos num banco de areia no meio do mar. Esse grupo de gaúchos também tinha fechado os voos e a pousada com o Jesus e também pagaram só quando chegaram na ilha. De repente tudo ficou cinza e começou a ventar e chover, durou uns 20 minutos e o sol voltou. No fim da tarde voltamos a Gran Roque e jantamos muito bem na companhia de um casal argentino (por sinal os dois eram gente finíssimas e o Argentino já disse que vem para o Brasil em 2014 para a copa do mundo, falou que vai ficar em casa).


No quarto dia fomos com o grupo de gaúchos mergulhar em boca de cote. O mergulho até que foi bom, mas achei a visibilidade pior que a de Noronha, talvez porque choveu no dia anterior. Depois de 2 descidas fomos para crasqui e ficamos lá o resto do dia . Pagamos pelo mergulho 100 dólares cada e pelo passeio em crasqui 200 bolívares o casal.




No quinto dia fomos a famosa praia de cayo de água, o lugar é lindo e compensa a distância que percorremos. O trajeto durou quase 2h, pois passamos em mosquise, que é uma praia com um viveiro de tartarugas. Depois de passar o dia em cayo de agua voltamos e o barqueiro parou em espenqui para um mergulho. Pagamos por esse passeio 320 bolivares o casal.




No sexto dia fomos a noronsqui, a praia é bem calma e é possível ver umas tartarugas no lugar. Nadamos muito nessa praia, pois bem na frente da praia tem uma ilhota, fizemos o trajeto de ida e volta da ilhota em 25 minutos. Esse passeio custou 200 bolivares o casal.



No último dia escolhemos uma praia perto chamada madrisqui, mas o barqueiro só passou por lá e deixou a gente em francisqui. Como era domingo madrisqui estava lotada e achei melhor ficar em francisqui. Ficamos lá até as 13h e voltamos para a pousada, arrumamos tudo e fomos para o check in da aerotuy. Nosso vôo saiu pontualmente 15h e chegamos em Caracas pelo aeroporto internacional com desembarque pelo nacional. Pegamos a mala e fomos caminhando por dentro do aeroporto do terminal nacional para o internacional.




No aeroporto paramos num restaurante recém inaugurado chamado fórmula 1 e comemos super bem por 300 bolívares, vale muito a pena parar nesse lugar, pois o ambiente é bem legal. Depois fomos para a fila do check in da gol e para o embarque. Todos dizem que não tem nada no free shop de Caracas, mas no dia que passei por lá até que estava cheio de coisas. O detalhe é que só vale a pena fazer compras lá se for para comprar em bolívares. O dutyfree tinha perfumes, cremes, bebidas e eletrônicos. Comprei 2 vinhos que valeram muito a pena, até me arrependi de ter poucos bolívares para gastar.

Fomos tão abençoados que sei lá como voltamos na classe executiva, acho que venderam meu assento na classe econômica. Isso também deu direito a esperar pelo vôo na sala VIP, achei o máximo, pois tinha vários lanches e bebidas, além de wifi!

Em resumo achei a viagem ótima e o lugar superou minhas expectativas. Espero que esse relato seja útil e desperte sua curiosidade para conhecer Los Roques.