terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

É conversando que a gente se entende


Essa terça é muito especial, pois é nosso aniversário de 3 anos de casamento!!! Pode parecer pouco, mas essa história vem de longe... em abril vamos comemorar 11 anos de namoro, dos quais 6 de vida a dois sob o mesmo teto!

Eu sou uma entusiasta da vida a dois. Torço para as pessoas ficarem juntas e sempre recomendo esse caminho, que pra mim é uma via riquíssima de aprendizado e evolução. Mas só é assim se for encarado assim... explico melhor: se ambos estão dispostos a evoluir e aprender, levando essa convivência estreita e intensa com outra pessoa como ferramenta, é uma verdadeira escola; mas se simplesmente se compra o pacote do "viveram felizes para sempre", a chance de cada um acabar indo pra um lado e "de bico" é muito grande...

Não que cada um ir pra um lado seja um problema, nem um sinal de fracasso. Mas tem casais que mal se dão ao trabalho de tentar (porque dá trabalho!) e nos primeiros sinas de arestas jogam a toalha. "Não é do jeito que eu quero, então tchau!". Assim ninguém evolui, né?! Mas triste mesmo é quando uma história que começou tão legal e bonita acaba em desavença... e acho que os finais, em geral, são tão doídos porque o casal insiste até as últimas forças em algo que há muito sabiam que não iria pra frente, justamente por acharem que o fim seria um fracasso.

Conheço raríssimos casais que conseguiram terminar numa boa e/ou ficar amigos depois. Acho isso tão legal! Eu simplesmente não consigo imaginar que essa pessoa com a qual estou casada, que admiro tanto, possa um dia vir a ser motivo de tristeza e sofrimento na minha vida... e nem o contrário... onde será o ponto em que tudo desanda?! Talvez seja tão difícil encontrar esse ponto porque o processo é muito gradual... imagine uma paleta de cores: onde que o vermelho vira azul?! É praticamente impossível definir!

Então, se você quer levar um relacionamento a sério, é preciso exercitar a atenção. É preciso desligar o piloto automático e assumir que isso vai demandar trabalho e energia. O que me intriga é que quando seguimos a natureza as coisas costumam ficar mais simples e mais fáceis, afinal, é como se estivéssemos em um barco a favor da corrente. Segundo esse pensamento, a única premissa para um relacionamento "dar certo" seria que as duas pessoas se amassem. A partir daí seria só se deixar levar, seguindo as orientações da natureza, e tudo seria lindo.

Mas na prática é bem diferente. Só o amor não basta e acho que quem acredita nisso - que se os dois se amam está tudo resolvido - tende a deixar o barco afundar.

Tenho um amigo que diz que o ser humano não é um animal monogâmico... nunca pudemos aprofundar muito nesse assunto, não sei em que ele se baseia pra fazer tal afirmação, mas desconfio que seja verdade. Sendo assim, o enigma está resolvido! Se nossa natureza não é monogâmica, quando forçamos essa situação estamos agindo contra a corrente, e por isso que dá tanto trabalho!

Fique tranquilo, não vou fazer apologia à poligamia, embora estejam surgindo coisas muito interessantes sobre o tema... chamei a atenção pra isso só para que possamos tentar entender melhor por que ficar junto às vezes é tão custoso. Um custo que tem que compensar, é claro, porque senão busque outras formas de amar, afinal "Qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor vale amar".

Mas uma vez resolvido que, mesmo contrariando as forças da natureza, vamos seguir a força da "mãe cultura" e ter um relacionamento a dois, a principal ferramenta que eu uso e recomendo é a conversa. Uma boa comunicação é fundamental em qualquer aspecto da vida e discordo veementemente de quem diz que é responsável pelo que fala, mas não pelo que entendem.

Comunicar bem é fazer a pessoa entender o que você quer! Se a pessoa não entende, ou entende mal, ou entende outra coisa, o principal prejudicado é você, que não conseguiu passar sua mensagem e ainda pode ter que resolver mal entendidos que nem existiam.

Em se tratando de papo de casal, muito cuidado com aquela conversa "climão", tipo DR, que homem geralmente tem pavor e realmente não serve pra muita coisa. Pra não cair nessa, aplico um método que é bem usado em ambientes corporativos e tem muito a nos ensinar sobre a arte da comunicação e da conversa, que é o feedback.

Acho que antigamente chamavam isso de "crítica construtiva", mas como ninguém gosta de receber crítica - seja ou não construtiva - acabava não dando muito resultado. Então alguém criou uma forma de fazer essas tais críticas atingirem seu alvo. Um dos principais requisitos pro feedback dar certo é que ele não pode ser usado em momentos de tensão, desentendimento ou qualquer tipo de situação de briga e discussão. Se for usado por casais em um desses momentos, cai na DR!

Pra mim o ideal é naquele namoro do sábado à tarde, no sofá, na cama ou na rede, sem horário nem ninguém pra interromper. Já tivemos também conversas muito frutíferas, com feedbacks e resoluções, no carro, viajando por estradas boas e calmas, é claro! Não me vá começar uma conversa dessa num trânsito infernento ou numa estradinha de terra esburacada, rs...

Outra regra de ouro da cultura de feedback é que quem o recebe, deve ouvir, pensar e não falar. Não existe o direito a réplica, ou seja, você tem que resistir bravamente à tentação de se justificar. Por exemplo: seu marido/namorado, num momento de calmaria, ente um chamego e outro diz: "faz tempo que você não pinta as unhas...". Aí você descamba dizendo que não tem mais tempo pra ir na manicure, sabe quanto custa fazer as unhas toda semana?, com o tanto de louça que eu lavo o esmalte não dura nada, se você tivesse consertado a maçaneta da porta eu pintaria, mas do jeito que tá eu só lasco a unha, e por aí vai... é briga na certa e ainda vai minando a iniciativa do outro em dar um feedback... por mais que todas as suas justificativas sejam verdadeiras, custa ouvir e se esforçar pra fazer a unha de vez em quando, como um agrado? Não precisa estar de unhas feitas o tempo todo! Aposto que não foi isso o que ele quis dizer...

E da mesma forma que não existe o direito a réplica, não é recomendado que você dê um feedback logo após alguém ter dado um a você, porque senão parece que você só está falando aquilo pra mostrar que você não é o único a ter defeitos. Encontre um outro momento para dar os seus feedbacks. Ah, e de preferência um de cada vez, pra também não virar aquela metralhada. Lembre-se que deve ser um clima gostoso, que não permite cutucões nem cobranças. Deve haver o desejo genuíno e claramente manifestado de que sua única intenção é deixar a convivência cada vez melhor, criando inclusive espaços pacíficos de ajustes e desabafos.

Por fim, a parte fundamental é resolver o feedback! Não adianta nada ouvir, pensar, terminar a conversa com beijinhos e depois ficar tudo na mesma! Se não conseguiu fazer o que foi levantado, fale. Aí cabem as justificativas, não como "desculpas", mas como uma forma de pedir ajuda. Se foi você que deu o feedback e a pessoa não se mexeu, converse. Não cobrando, mas oferecendo ajuda.

É importante ser sempre muito claro, dizer com todas as letras, pontos, vírgulas e acentos. Eu sei que pra bom entendedor meia palavra basta, mas homens geralmente não são bons entendedores! Não estou criticando ninguém, mas deve ter a ver com a forma como os cérebros funcionam... e mulheres também não são boas entendedoras, pelo lado de "entender o que quer", de criar uma imagem na cabeça e ter as percepções filtradas por ela.

Na dúvida, pergunte. Na dúvida, fale. Na dúvida, estabeleça acordos. Mas também não vire um obcecado por conversas e acordos! Entre uma conversa e outra tem que ter o tempo de assimilar o que foi conversado, mudar hábitos e padrões, experimentar o que foi acordado... ajustar os tempos também não é fácil... quem é mais rápido tem que tomar cuidado pra não atropelar... e quem é mais devagar pode se esforçar também pra tentar acompanhar o outro.

Se os dois estão a fim, não é difícil caminhar junto.

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