terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

De mau com o cinema


Faz tempo que não vejo um filme daqueles que realmente valem duas horas do meu precioso tempo. Felizmente, na maioria das vezes em que eles não valem eu acabo dormindo, ou seja, faço algo minimamente melhor.

Provavelmente eu que não estou sabendo escolher os filmes... mas de um tempo pra cá não consigo mais assistir os tais filmes cult, que invariavelmente falam de desgraça, que acabam tendo aquela violência real, que me confrontam com uma realidade da qual eu quero justamente dar um tempinho... porque quando eu paro pra assistir um filme é pra relaxar, pra rir, pra ficar abraçada com meu amor no sofá, pra encerrar o domingão, pra ir dormir contente (não que eu não tenha motivos pra ir dormir contente, mas arrumar motivo pra dormir chateada não dá né?!).

Aí resolvi assistir um clássico: Último Tango em Paris, versão sem cortes, ui! Com o afamado galã Marlon Brando (aliás, eu, uma nostálgica assumida e incurável, fiquei feliz em constatar que prefiro os galãs de hoje em dia! George Clooney bota esse Brando no chinelo!).


Mas vamos ao que interessa, porque eu não vejo filme pra ver galã (ãhã). A sinopse na capa do DVD é instigante e intrigante:

"O filme mais erótico de todos os tempos!"
"O filme mais controverso de sua época"

Controverso, sem dúvida. Mas erótico? Cinéfilos de plantão, pessoas cultas, artistas profissionais e amadores, imploro sua compaixão e paciência e me expliquem: qual é a desse filme?! Bom, se você não viu pode pular esse parágrafo, mas continue lendo depois! Antes de mais nada preciso dizer que só consegui assistir até a tal da cena da manteiga. Já estava num esforço hercúleo pra ativar o lado "artístico" do cérebro, aquela parte que precisamos acessar pra visitar uma Bienal, por exemplo, e que nos permite "sentir" a arte, sem necessidade de julgamentos, interpretações e categorizações, saca?! Enfim, estava mesmo tentando me desvencilhar das obviedades hollywoodianas, até que a pequena feminista dentro de mim grita histérica: desde quando estupro é erótico?! Tudo bem que aquela mocinha é insuportável, mas não consigo me conectar com o erotismo de uma cena de sexo onde uma das pessoas chora (e não é de êxtase!). É sério gente, se alguém tiver uma interpretação pra esse filme, especificamente pra essa cena, eu preciso saber, me ajudem! E minha indignação não é com a cena em si, mas com o fato de classificarem isso como erótico... pleeeeeaaaaase!

Mas aproveito essa briga com o cinema para divulgar uma classificação de filmes que descobri por acaso nas vagabundagens internéticas e achei bem interessante. É o Bechdel Test (www.bechdeltest.com), que foi desenvolvido por uma feminista e consiste em fazer três perguntinhas sobre o filme:

1. Há mais de uma mulher (com nome) na história?
2. Essas mulheres conversam entre si?
3. Elas falam de algum assunto que não seja homens?

Se a resposta for não pra qualquer dessas perguntas, o filme não passou no teste. Eu tenho lá minhas implicações com o movimento feminista, mas quando você começa a se dar conta de que as histórias que chegam até nós colocam as mulheres como meros "anexos" masculinos, a coisa fica preocupante.

Claro que só dá pra saber se o filme passa ou não no teste depois de assistir, mas no site tem uma lista de filmes categorizados para poupar seu tempo... e nem é o caso de ser radical e resolver que a partir de agora não assisto mais filmes que não passem no Bechdel Test, mas, assim como prega-se que nos preocupemos com uma boa alimentação, é interessante ter consciência também do que engolimos pelos olhos.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Uma pessoa querida

Um dos diálogos infantis que guardo com carinho e que mais cito vem da querida família Pimenta. Não lembro os detalhes, mas diz a lenda que uma das Pimentinhas disse da irmã: "mamãe, a Maya (?) é muito querida né?". A mamãe, toda derretida responde que sim, mas pergunta o porquê de tanto amor. A resposta me faz ser uma pessoa muito querida também: "é que toda hora ela quer brincar, quer trocar de roupa, quer comer sobremesa, quer ir na casa do amigo...".

Aaaaiiiii, quanto querer cabe em meu coração!

Quero muito, quero mais, quero agora;
quero fazer, quero aprender, quero ter, quero dar;
quero dormir, quero acordar, quero comer, quero jejuar;
quero ir, quero voltar, quero estar;
quero conseguir, quero poder, quero calar;
quero sol, quero chuva, quero lua, quero estrela;
quero junto, quero sozinha;
quero ouvir, quero o silêncio das línguas cansadas;
quero não querer...

Ah, bruta flor do querer, ah bruta flor, bruta flor...

E sabe do pior: não tenho dúvidas. As crises do tipo "isso ou aquilo?" não me atormentam tanto quanto o turbilhão dos quereres. Eu simplesmente quero. Tudo!


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

(comecei a ler Tabacaria, mas não fui até o fim... Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer é demais pra esse coraçãozinho querido!)

O sarau continua e quem me consola é o Chico... ele, o Chico Lindo!

Mesmo com o nada feito, com a sala escura
Com um nó no peito, com a cara dura
Não tem mais jeito, a gente não tem cura

Não tem cura.

Quero uma estrada que leve à verdade
Quero a floresta em lugar da cidade

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

É conversando que a gente se entende


Essa terça é muito especial, pois é nosso aniversário de 3 anos de casamento!!! Pode parecer pouco, mas essa história vem de longe... em abril vamos comemorar 11 anos de namoro, dos quais 6 de vida a dois sob o mesmo teto!

Eu sou uma entusiasta da vida a dois. Torço para as pessoas ficarem juntas e sempre recomendo esse caminho, que pra mim é uma via riquíssima de aprendizado e evolução. Mas só é assim se for encarado assim... explico melhor: se ambos estão dispostos a evoluir e aprender, levando essa convivência estreita e intensa com outra pessoa como ferramenta, é uma verdadeira escola; mas se simplesmente se compra o pacote do "viveram felizes para sempre", a chance de cada um acabar indo pra um lado e "de bico" é muito grande...

Não que cada um ir pra um lado seja um problema, nem um sinal de fracasso. Mas tem casais que mal se dão ao trabalho de tentar (porque dá trabalho!) e nos primeiros sinas de arestas jogam a toalha. "Não é do jeito que eu quero, então tchau!". Assim ninguém evolui, né?! Mas triste mesmo é quando uma história que começou tão legal e bonita acaba em desavença... e acho que os finais, em geral, são tão doídos porque o casal insiste até as últimas forças em algo que há muito sabiam que não iria pra frente, justamente por acharem que o fim seria um fracasso.

Conheço raríssimos casais que conseguiram terminar numa boa e/ou ficar amigos depois. Acho isso tão legal! Eu simplesmente não consigo imaginar que essa pessoa com a qual estou casada, que admiro tanto, possa um dia vir a ser motivo de tristeza e sofrimento na minha vida... e nem o contrário... onde será o ponto em que tudo desanda?! Talvez seja tão difícil encontrar esse ponto porque o processo é muito gradual... imagine uma paleta de cores: onde que o vermelho vira azul?! É praticamente impossível definir!

Então, se você quer levar um relacionamento a sério, é preciso exercitar a atenção. É preciso desligar o piloto automático e assumir que isso vai demandar trabalho e energia. O que me intriga é que quando seguimos a natureza as coisas costumam ficar mais simples e mais fáceis, afinal, é como se estivéssemos em um barco a favor da corrente. Segundo esse pensamento, a única premissa para um relacionamento "dar certo" seria que as duas pessoas se amassem. A partir daí seria só se deixar levar, seguindo as orientações da natureza, e tudo seria lindo.

Mas na prática é bem diferente. Só o amor não basta e acho que quem acredita nisso - que se os dois se amam está tudo resolvido - tende a deixar o barco afundar.

Tenho um amigo que diz que o ser humano não é um animal monogâmico... nunca pudemos aprofundar muito nesse assunto, não sei em que ele se baseia pra fazer tal afirmação, mas desconfio que seja verdade. Sendo assim, o enigma está resolvido! Se nossa natureza não é monogâmica, quando forçamos essa situação estamos agindo contra a corrente, e por isso que dá tanto trabalho!

Fique tranquilo, não vou fazer apologia à poligamia, embora estejam surgindo coisas muito interessantes sobre o tema... chamei a atenção pra isso só para que possamos tentar entender melhor por que ficar junto às vezes é tão custoso. Um custo que tem que compensar, é claro, porque senão busque outras formas de amar, afinal "Qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor vale amar".

Mas uma vez resolvido que, mesmo contrariando as forças da natureza, vamos seguir a força da "mãe cultura" e ter um relacionamento a dois, a principal ferramenta que eu uso e recomendo é a conversa. Uma boa comunicação é fundamental em qualquer aspecto da vida e discordo veementemente de quem diz que é responsável pelo que fala, mas não pelo que entendem.

Comunicar bem é fazer a pessoa entender o que você quer! Se a pessoa não entende, ou entende mal, ou entende outra coisa, o principal prejudicado é você, que não conseguiu passar sua mensagem e ainda pode ter que resolver mal entendidos que nem existiam.

Em se tratando de papo de casal, muito cuidado com aquela conversa "climão", tipo DR, que homem geralmente tem pavor e realmente não serve pra muita coisa. Pra não cair nessa, aplico um método que é bem usado em ambientes corporativos e tem muito a nos ensinar sobre a arte da comunicação e da conversa, que é o feedback.

Acho que antigamente chamavam isso de "crítica construtiva", mas como ninguém gosta de receber crítica - seja ou não construtiva - acabava não dando muito resultado. Então alguém criou uma forma de fazer essas tais críticas atingirem seu alvo. Um dos principais requisitos pro feedback dar certo é que ele não pode ser usado em momentos de tensão, desentendimento ou qualquer tipo de situação de briga e discussão. Se for usado por casais em um desses momentos, cai na DR!

Pra mim o ideal é naquele namoro do sábado à tarde, no sofá, na cama ou na rede, sem horário nem ninguém pra interromper. Já tivemos também conversas muito frutíferas, com feedbacks e resoluções, no carro, viajando por estradas boas e calmas, é claro! Não me vá começar uma conversa dessa num trânsito infernento ou numa estradinha de terra esburacada, rs...

Outra regra de ouro da cultura de feedback é que quem o recebe, deve ouvir, pensar e não falar. Não existe o direito a réplica, ou seja, você tem que resistir bravamente à tentação de se justificar. Por exemplo: seu marido/namorado, num momento de calmaria, ente um chamego e outro diz: "faz tempo que você não pinta as unhas...". Aí você descamba dizendo que não tem mais tempo pra ir na manicure, sabe quanto custa fazer as unhas toda semana?, com o tanto de louça que eu lavo o esmalte não dura nada, se você tivesse consertado a maçaneta da porta eu pintaria, mas do jeito que tá eu só lasco a unha, e por aí vai... é briga na certa e ainda vai minando a iniciativa do outro em dar um feedback... por mais que todas as suas justificativas sejam verdadeiras, custa ouvir e se esforçar pra fazer a unha de vez em quando, como um agrado? Não precisa estar de unhas feitas o tempo todo! Aposto que não foi isso o que ele quis dizer...

E da mesma forma que não existe o direito a réplica, não é recomendado que você dê um feedback logo após alguém ter dado um a você, porque senão parece que você só está falando aquilo pra mostrar que você não é o único a ter defeitos. Encontre um outro momento para dar os seus feedbacks. Ah, e de preferência um de cada vez, pra também não virar aquela metralhada. Lembre-se que deve ser um clima gostoso, que não permite cutucões nem cobranças. Deve haver o desejo genuíno e claramente manifestado de que sua única intenção é deixar a convivência cada vez melhor, criando inclusive espaços pacíficos de ajustes e desabafos.

Por fim, a parte fundamental é resolver o feedback! Não adianta nada ouvir, pensar, terminar a conversa com beijinhos e depois ficar tudo na mesma! Se não conseguiu fazer o que foi levantado, fale. Aí cabem as justificativas, não como "desculpas", mas como uma forma de pedir ajuda. Se foi você que deu o feedback e a pessoa não se mexeu, converse. Não cobrando, mas oferecendo ajuda.

É importante ser sempre muito claro, dizer com todas as letras, pontos, vírgulas e acentos. Eu sei que pra bom entendedor meia palavra basta, mas homens geralmente não são bons entendedores! Não estou criticando ninguém, mas deve ter a ver com a forma como os cérebros funcionam... e mulheres também não são boas entendedoras, pelo lado de "entender o que quer", de criar uma imagem na cabeça e ter as percepções filtradas por ela.

Na dúvida, pergunte. Na dúvida, fale. Na dúvida, estabeleça acordos. Mas também não vire um obcecado por conversas e acordos! Entre uma conversa e outra tem que ter o tempo de assimilar o que foi conversado, mudar hábitos e padrões, experimentar o que foi acordado... ajustar os tempos também não é fácil... quem é mais rápido tem que tomar cuidado pra não atropelar... e quem é mais devagar pode se esforçar também pra tentar acompanhar o outro.

Se os dois estão a fim, não é difícil caminhar junto.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

DJ de conteúdo


Uma das definições de blogueiros que eu mais gosto é que somos "DJs de conteúdo"! Veja que raramente os conteúdos dos blogs são ideias inéditas... em geral estamos comentando acontecidos, indicando filmes, livros, viagens, sites e até mesmo outros blogs, sem medo da concorrência!

E eu, aqui no Aralume, às vezes levo ao pé da letra essa história de ser DJ e falo das músicas que me inspiram... e como inspiram...

Mas mesmo com muitas inspirações na vitrola, depois de ter passado o mês de janeiro em uma produção efervescente de VINTE E UM textos, entre Aralume, Filho do Aralume e notas no Facebook (claro que, além das músicas, uma viagem de um mês ajuda muito na produção, rs...), permito-me agora simplesmente apertar o "play" e deixá-los na companhia da minha mais recente paixão: Xico Sá!

Ao contrário dos meus textos, os dele são curtos, perfeitos para a correria diária ;) Mas não menos profundos e contundentes... coisa de cronista "de verdade".

Vai lá então:
http://xicosa.folha.blog.uol.com.br/

E se você, além da blogosfera, transita também pela Facebooksfera, pode assinar o perfil do Xico Sá pra ficar sabendo das novidades do blog, além das pequenas pérolas que ele publica vez ou outra, sem fanatismo, na medida certa!

Depois me conta o que achou...