quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Eu comigo nos Andes - Lago Titicaca


Depois de cinco dias sozinha em Cusco (sobre os quais ainda não escrevi, mas vou escrever), fui fazer a minha primeira excursão "alone and by myself". Eu vim pra Cusco acompanhada e depois os companheiros foram embora... isso faz uma diferença... agora eu que iria começar uma viagem sozinha.

E como não estou de brincadeira, teve serviço completo:
- decidir a agência de viagens sozinha;
- buscar um táxi sozinha;
- esperar na rodoviária sozinha;
- viajar uma noite inteira sozinha;
- segurar a onda do frio na barriga sozinha (será que vão me buscar? será que o passeio existe mesmo? será que caí num conto do vigário?);
- entrar em um grupo de turistas onde ninguém falava a minha língua, sozinha;
- me enturmar com os companheiros turistas, guia, capitão e família anfitriã, sozinha;
- decidir que artesanatos comprar sozinha;
- fazer a viagem de volta semi-sozinha (você vai entender por quê);
- buscar um táxi sozinha;
- chegar "em casa" sozinha.

Então, depois de apreciar o cardápio, vamos ao banquete! ;)

Ainda no Brasil, enquanto estávamos planejando a viagem (reparem no plural... não fiz isso sozinha, mas principalmente com a companhia da Thássia, com quem tive o prazer de compartilhar o "orquestramento" da viagem!), tínhamos a intenção de conhecer as ilhas do Lago Titicaca, mas depois os planos mudaram e conhecemos só a Isla del Sol, na parte boliviana.

Quando os planos mudaram eu já sabia que ficaria mais duas semanas em Cusco e resolvi que iria conhecer as ilhas do lado peruano sozinha. Tínhamos pesquisado algumas agências que fazem o passeio e em Cusco orcei com mais duas, todas com o mesmo preço (US$ 50,00 pelo passeio de dois dias e uma noite). Uma delas foi a que fizemos a Trilha Inca e outra é conveniada com a escola onde estou estudando espanhol.

Optei pela conveniada com a escola, pois eles aceitaram cartão de crédito (detalhe importante, pois assim só vou pagar o passeio dia 20/02, rs...) e também porque eles tem convênio com uma pousada em Puno, onde eu poderia dar uma descansada desde a chegada do ônibus (5h) até a saída do passeio (8h).

As passagens do ônibus foram compradas via agência e solicitei o "bus cama", ou ônibus leito (S/. 140,00 ida e volta). Fiquei toda felizona pelo luxo, me imaginando naquelas poltronas lindas e enormes que ilustram o encarte da passagem. Eu já não gosto de viajar de ônibus (ai, fresca, pode falar!), com uma pessoa estranha do lado, menos ainda (fresca mesmo) e por uma noite inteira então, credo! A escolha do bus cama foi um bálsamo pra essa agonia!

Como sempre, comprei umas guloseimas pra viagem, uns chocolatinhos, uns cereais e só, porque não cabia mais nada na compacta mochila de 30 litros que o PC deixou comigo (e eu não queria assustar ninguém aparecendo com um mochilão de 72 litros pra passar um fim de semana!).

O ônibus era só às 22h30 da sexta e fiquei em casa "enrolando" numa internet vazia de sexta-feira à noite - mas embora eu tenha ficado sem companhia, fico feliz em saber que meus amigos tem mais o que fazer numa sexta à noite do que ficar de bobeira por MSNs, Skypes e Facebooks!

Lá pras nove saí e fui atrás de um táxi. No ponto perto de casa não tinha nenhum e um senhor foi até meio estúpido quando eu perguntei por táxi, "también estoy a procura de un", disse ele de forma ríspida. Ok, continuei andando e logo apareceu.

Rodoviária já é um lugar feio por natureza... à noite, no Perú e sozinha era algo realmente deprimente. Paguei a taxa de embarque, "me escondi" de uns brasileiros que estavam na fila (não estou fazendo a menor questão de encontrar com conterrâneos desconhecidos e fingir que somos amigos de longa data, só por compartilhar o idioma...) e sentei pra esperar a hora do embarque.

Página do diário, El Molekito:
"En el terminal terrestre de Cusco, aguardo mi bus para Puno. No sé por qué siempre escojo los caminos más solitários. A veces parece que tengo pereza de hacer nuevos amigos... tengo sí una pereza enorme de empezar una conversación sin motivo y pienso que esta actitud acaba por afastar que otros empiecen tal conversación conmigo..."

Fiquei ali pensando por que não sou dessas pessoas super populares, que puxam papo com todo mundo, que sempre tem um assunto interessante, que não tem vergonha de falar errado um idioma que não dominam. Admiro profundamente essas pessoas...

O DeRose fala que timidez é falta de educação; que não existe desculpa pra não cumprimentar as pessoas, pra não dar um sorriso, pra não fazer um comentário cortês. Concordo e não chego a me considerar tímida, nesse sentido de parecer um bicho do mato. Mas também acho que a diversidade de personalidades deve ser respeitada... sou mais "na minha"... às vezes me acomodo um pouco, principalmente porque geralmente estou com o PC, que é umas dessas pessoas super populares, e ele faz o "trabalho pesado" por mim, rs... (pesado pra mim, não pra ele!) e um dos motivos de querer viajar sozinha também foi sair um pouco da toca, exercitar o relacionamento com pessoas desconhecidas... que fique claro que é um esforço tremendo! Mais um... quando pensei nessa viagem não me dei conta do baú de desafios no qual ela se tornaria!

E enfim chega a hora do embarque. Qual não foi a minha decepção quando vi que NÃO ERA um bus cama!!! E eu nem tinha com quem reclamar ali, já que tinha comprado as passagens pela agência de viagens... era sim um ônibus bom, bem mais novo do que o que fomos pra Uyuni, mas com poltronas normais... ah, fiquei tão chateada!!!

O que não tem remédio, remediado está... peguei a mantinha que ocupava um espaço considerável da mochila e que salvou minha noite, iPod a postos, consegui dormir razoavelmente bem. Ah, não sem antes trocar umas palavras com a colega de poltrona, uma estadunidense que não falava espanhol. Fiz bonitinha minha lição de casa, conversando com a moça "como uma pessoa normal", hahaha! Foi ela quem pegou o iPod primeiro e fiquei feliz por não ter sido eu a "antissocial"! Já estava na hora de estrear meu caderno de exercícios e fiz a primeira página da lição de casa ;)

Chegamos em Puno antes do sol. Mais uma rodoviária, éca! E com um frio lascado, ainda bem que nem tinha guardado a mantinha! Achei uma cadeira e sentei pra esperar a pessoa que me buscaria... o moço da agência disse que iriam me buscar umas 5h30 ou 6h e não era nem 5h ainda... fiquei pensando se pegava o livro na mochila apertada e quando decidi pegá-lo, aparece um moço com uma plaquinha com o meu nome! Ah, que bom, realmente alguém tinha ido me buscar e antes do horário combinado!

Ele me levou pra tal pousada e me colocou num quarto junto com um grupo de 4 chilenas de 20 e poucos anos. Mesmo com o sono e cansaço da viagem, fiz a página 2 da lição de casa e interagi um pouco com as meninas, que me olhavam com um certo encanto por eu estar "viajando sola", algo como "nossa, um dia quero fazer isso!". Estávamos todas cansadas e tiramos um cochilo, eu feliz por me sentir a "tia aventureira" =D

Acordei no horário combinado, arrumei minhas coisas, troquei de roupa (afinal, estava praticamente de pijama!) e logo um menino veio me chamar. As chilenas ainda dormiam e fui descobrir que elas iriam fazer outro passeio. Fomos pro porto e foi aí que deu o maior frio na barriga!

Eu estava com um menino de, no máximo, 14 anos, não tinha nenhum voucher ou documento "oficial" do passeio (só o número do telefone do cara da agência) e o menino parecia um pouco perdido, como se estivesse esperando/procurando alguém... eu perguntava se estava tudo bem, ele fazia uma cara de claro-que-não-está e dizia que sim, que estava tudo bem.

Depois de longuíssimos três ou quatro minutos nessa situação ele me diz que vai não sei onde, aí eu gelei. Peraí, eu não ia ficar sozinha ali de jeito nenhum! Botei uma pressão no moleque, afinal tinha uns turistas embarcando, ele falou com o moço que estava recebendo os turistas e pude entrar no barco também. Ufa, pelo menos estava dentro do barco!

Conheci o guia, Alex, que foi muito simpático, e tomei assento. Um pouco depois apareceu um rapaz no barco chamando por mim, gelei de novo, mas era só pra se certificar de que eu havia embarcado. Devia ser por ele que o menino estava procurando...

Todos à bordo, o guia faz uma rodada de apresentações, perguntando a nacionalidade de cada um: um rapaz e um casal estadunidenses; uma senhora belga; uma família (4) australiana; um casal de alemães; um casal de irlandeses; um casal de argentinos e uma colombiana. Oba, nenhum brasileiro!!!

O guia fez uma breve explanação sobre o lago e a comunidade dos Uros, as ilhas flutuantes, onde seria nossa primeira parada. Ao chegar na ilha, nos sentamos pra ouvir uma pequena palestra, do guia e dos moradores locais da comunidade. Fui pro lado dos argentinos e da colombiana e disse que queria ficar com eles, pois preferia falar em espanhol. Eles foram super acolhedores e me permitiram avançar mais umas páginas no caderno de exercícios! O casal, Maria e Jorge, é mais velho, de uns 50 e tantos anos e a colombiana, Paula, pouco mais velha que eu.

Aprendemos sobre os impactos da introdução de espécies exóticas de peixes no lago, sobre a construção das ilhas flutuantes, sobre o múltiplo uso da totora, sobre os costumes locais... foi bem bacana. O líder da ilha é um figura, super habituado a receber turistas e até falava umas coisas em inglês, uma graça. Depois da palestra, um tempo pra conhecer e comprar os artesanatos e pra passear nos barcos de totora. Eu não fui... preferi gastar meus soles em artesanías e tomar um sol do deck do barco.

Ah, sim, o dia estava ma-ra-vi-lho-so! Tirei a bota, arregacei a calça e tomei um sol nas canelas! Fiquei olhando pro céu, aquele silêncio de natureza, com pássaros ao longe, o som dos remos na água se distanciando, uma criança correndo aqui, outra acolá... nem parecia que eu estava fazendo um dos roteiros mais turísticos do Perú! Muito, muito agradável!

A próxima parada foi na Ilha Amantaní, onde passamos a noite. Foram 3h de barco até lá e deu pra fazer um pouco de tudo: tirei fotos, conversei com os novos amigos, tirei um cochilo e finalmente comecei a ler o livro que tinha levado especialmente pra essa viagem: El Hablador, de Vargas Llosa, que comprei por indicação da amiga mais literária que tenho, a Ana Schilling, minha "irmã mais velha" pra quem não sabe, rs... (viu hermanita, como sigo seus conselhos?!).

Nesse trecho descobri que os amigos da Argentina são de Mendoza e o filho mais velhos deles é guia de montanha no Aconcágua! Oh céus, meus olhos já brilharam e trocamos contatos... ah, essa doença incurável das viagens aventureiras! Descobri também que a Paula trabalha com turismo ecológico na Colômbia e os olhos também brilharam, lembrando que o PC é doido pra conhecer a Colômbia... pelo menos a doença é compartilhada entre o casal ;)

Um pouco antes de chegar na ilha o guia faz mais algumas explicações e é tudo bem interessante, gosto de ter alguém me explicando as coisas! Na ilha, somos recepcionados pelas mulheres da comunidade em trajes típicos lindíssimos. É interessante como é tudo super turístico, mas isso não me incomoda. Não fico com a impressão de ser uma coisa "fake". Na verdade a impressão que dá é que eles, tanto nas ilhas flutuantes quanto nessa, tem muito orgulho de mostrar sua cultura e são também gratos por nossa visita, pois o turismo é hoje a principal fonte de renda dessas comunidades e é o que dá uma certa sustentabilidade às tradições, uma vez que é faz parte do que os turistas querem ver.

O grupo é distribuído entre as casas e fico na mesma casa que a Paula! Só que cada uma em um quarto, que são cuidadosamente arrumados, dentro da simplicidade das casinhas de adobe sem água encanada (nesse momento ficou ainda mais gritante como a Bolívia está atrasadíssima no trato com o turista, em comparação com o Perú...). O banheiro fica fora da casa, como na roça de antigamente, mas é limpinho e tem até espelho!

Logo depois de sermos apresentadas às habitaciones, somos chamadas para o almoço, que começa com uma deliciosa sopa de quinua e tem como prato principal três tipos de batatas cozidas e um queijo na chapa delicioso! Antes de irmos pras casas eu falei pro guia que sou vegetariana e ele disse que todos na ilha são! Ele falou que às vezes tem um peixe, mas que a alimentação deles é principalmente vegetariana. Fiquei tão feliz!

Tivemos uma meia horinha de descanso e logo fomos nos encontrar com o grupo, para o passeio mais esperado do dia: a subida à montanha Pachamama, com 4.200 m de altitude, para ver o por do sol! Sobre essa parte específica do fim de semana eu falei na postagem anterior, mas quando escrevi não consultei as anotações no Molekito, então complemento agora com outras informações.

Bem, o passeio foi muito agradável, eu adoro as horas finais do dia, talvez porque tenha conhecido o mundo nesse horário! Gosto da sensação de "lá se vai mais um dia", porque ela me faz lembrar de tudo de bom que passei nesse dia e porque me dá a esperança de um dia novinho em breve, no qual eu poderei fazer "tudo o que eu quiser". Gosto da melancolia dos entardeceres, convidando à introspecção da noite, onde nos refazemos para seguir vivendo.

E fui caminhando com meus pensamentos, tirando algumas fotos, sem muita esperança de nada espetacular, pois a Adelaide não dá conta desse recado... essa é missão pra Baronesa, que se fora junto com o meu "Barão". E mesmo que a Baronesa estivesse comigo, eu também não sei se daria conta do recado, porque boas fotos não se fazem só de boas câmeras... e fui pensando no meu fotógrafo favorito, em como ele gostaria de estar ali, em como ele me faria ainda mais feliz se estivesse ao meu lado... e chegando pertinho do fim da caminhada vejo uma mulher da comunidade vendendo água, refrigerantes, chocolates e... Cusqueña! Essa é a cerveja fabricada em Cusco, pela qual o PC se apaixonou! Tenho certeza de que se ele estivesse ali iria soltar alguma exclamação animada que só ele e compraria feliz uma Cusqueña para brindar o por do sol!

Deixei as Cusqueñas pra trás, caminhei até o ponto mais alto, onde é possível ver o outro lado da ilha e aí... bem, e aí você já sabe... aquela paisagem tornou-se inútil de uma hora para outra! O vento gelado só contribuía pra isso e nesse momento sentei num canto, saquei meu caderninho e escrevi um pouco. Ao procurar o lápis na mochila achei um "caramelo de limón" que nos foi dado pelos porteadores da Trilha Inca e fez parte do lanchinho do PC e que ele tinha deixado comigo antes de ir embora... peguei aquela bala, olhei bem pra ela, como a cigana que olha uma bola de cristal e vê, não o futuro, mas o passado. Vi naquela bala cada passo da trilha inca desde o bolso lateral da mochila do PC. Vi a mim mesma rindo e sofrendo naquelas montanhas. E percebi que o vento nem estava tão gelado. Desembrulhei a bala e, como se fosse algum tipo de pílula mágica, coloquei-a na boca, fazendo com que as sensações da Trilha Inca ficassem ainda mais presentes, uma vez que os meus caramelos de limón foram usados por lá mesmo e aquele paladar me fazia viajar no tempo e no espaço.

A volta foi apressada por uma chuva que nos intimidava no horizonte. Chegamos já noite no ponto de encontro com nossas famílias, descansamos mais meia horinha e fomos chamadas para o jantar, que era exatamente o jantar do Cipriano, la na Trilha Inca! A indefectível sopa e arroz com legumes refogados, meio à souté, uma delícia!!!

Eu estava exausta, mas fazia parte da programação uma festa que o pessoal da comunidade faz para os turistas. Nessa festa, cada família veste seus hóspedes com os trajes típicos. Para os homens é simples, um poncho e um chullo (aqueles gorros típicos que cobrem a orelha); já o traje das mulheres é muito mais sofisticado. Quando me dei conta, a decisão de ir ou não na festa já não existia, pois a matriarca da casa estava me cobrindo de panos e amarrando por todos os lados!

Ela era pouco mais alta do que a minha cintura e me escalava para ajustar a roupa, com uma rapidez e agilidade de quem fez isso a vida toda! Uma camisa, finamente bordada à mão, duas saias bem pesadas e devidamente ajustadas na cintura, uma faixa arrematando o cós das saias, que dava três voltas na minha cintura e um manto negro também finamente bordado à mão, para usar sobre a cabeça.

Quando me falaram que a gente se vestiria com roupas típicas pra festa eu achei que fosse algum adereço, alguma brincadeira, mas não! É uma roupa de verdade e muito bonita! Ao terminar de ser vestida, senti o "poder da indumentária" e já não estava mais cansada! Me deparei algumas vezes com esse poder que as vestimentas adequadas tem sobre a gente... preguiça de correr? É só colocar o top, o short e o tênis que o pique vem de brinde! Não está no clima do baile de gala? Coloque o vestido longo, a sandália de salto e faça uma boa maquiagem que a Cinderela aparece no espelho! Está chovendo e tem que fazer trabalho de campo? Basta por o jeans mais surrado, o colete de Indiana Jones, a perneira, a bota e o chapéu, que você irá correndo atrás de suas aventuras! Acho que é por isso que os super heróis tem suas roupas "de briga". O hábito faz grande parte do monge!

A festa estava animadíssima! Duas bandas se alternavam e todos dançavam em roda! Era como uma ciranda, adorei! Aquela pulação toda deu um calor danado debaixo daquele monte de pano e fui ver o céu. Ah, que céééééééu!!! Muitas, muitas, muitas estrelas, como só vira em privilegiados pontos muito distantes de qualquer cidade. O manto negro cobria agora meus ombros; o rosto, voltado para o alto, sentia prazerosamente o frio da noite.

Dançamos um pouco mais e aí sim bateu o cansaço da noite mal dormida e do dia bem andado. Sem negociação possível com indumentária, música, dança ou céu estrelado, nos recolhemos a nossos quartos, não sem antes dar boa noite praquele céu maravilhoso e pra lua que surgia no horizonte! O vento, frio e uivante, não entrava no quarto, que me proporcionou uma revigorante noite de sono.

Desayuno com panquecas e mate de muña e era hora de prosseguir na jornada. A luz da manhã me inspirou algumas fotos e o dia estava, mais uma vez, especialmente bonito.

Uma horinha de barco e estávamos na próxima ilha, Taquile. O passeio nessa ilha é atravessá-la a pé e o barco nos espera no porto do outro lado. O trajeto não é muito difícil, mas começa com uma subidinha considerável... nesse ponto, uma promessa, um juramento: MINHA PRÓXIMA VIAGEM VAI SER TRANQUILAAAAAAAAAAAAA!!! Nada de subidas, muito menos com ar rarefeito; nada de desconforto térmico, muito menos frio; nada de banheiros sujos nem de dormir em barraca; banhos quentes todos os dias, mesmo que esteja calor (só pra ter a opção!); nada também de desconforto emocional... quanto mais pessoas queridas em volta, melhor!

Depois dessa subida tem um "plano peruano", como disse o Alex... a mesma coisa do "plano inca" do Hernan... caminhada agradável, jardins floridos, água cristalina lá embaixo. No alto da ilha tem uma praça, onde encontrei com a moça que veio comigo no ônibus. Gastei um pouquinho do meu inglês com ela, e depois com a australiana do nosso grupo, que estava indo fazer a trilha inca nos próximos dias e queria algumas dicas. Avancei até a página 10 da lição de casa!

O almoço foi num lugar maravilhoso, um terraço com vista de 180 graus pro lago, música ao vivo e omelete com batata frita! Na grande mesa do grupo fiquei separada dos hermanos e interagi um pouco com os gringos, embora o inglês dos irlandeses fosse algo realmente duro de entender pra mim... cheguei na página 14 da lição de casa!

Descemos pro porto e tivemos mais umas 2h30 de barco até Puno. Mais uma vez deu tempo pra tudo: conversar com os companheiros, ler, cochilar...

Chegando em Puno, avancei mais umas duas páginas no caderno de exercícios e perguntei pra Paula se ela tinha um Hostel, porque era 16h e meu ônibus era só às 22h! Ela disse que sim e me convidou pra ir pra lá com ela. Ah, que beleza, um lugar super hospitaleiro (The Walk On Inn), onde tomei um banho delicioso em um banheiro limpo e com cara de limpo por 5 soles! Tinha também internet wi-fi e consegui falar com o Paulo Cesar, dar uma navegada no Facebook e ver as novidades do mundo nos últimos dias.

A Paula comprou a passagem dela pra Cusco no mesmo horário que eu e em seguida fomos jantar. Uma pizzaria muito agradável, quentinha, com preços bons (pizza média, suficiente pra nós duas, por 19 soles). Conversamos bastante, quer dizer, a Paula falou bastante, mas foi ótimo, porque eu entendia quase tudo e quando não entendia perguntava, enfim, diálogo de quem está aprendendo a língua.

Fomos pra rodoviária e agora o bus era semi cama... um pouco mais confortável do que o da ida, mas não consegui dormir bem. Estava quentinha, tinha o Sancho me consolando, não sei o que era... viagens de ônibus, bah!

Chegamos em Cusco umas 5h e como íamos pra lados diferentes fui atrás de um táxi e cheguei em casa amanhecendo (nossa, há quanto tempo não fazia isso, rs...). Tive aquela sensação gostosa de chegar em casa, ao ver meu quartinho bonitinho, com as minhas coisas, o meu banheirinho, rs... dormi um pouco e logo fui pra aula, que começa às 8h30. Era hora de abrir outro tipo de caderno de exercícios...

Nenhum comentário:

Postar um comentário