terça-feira, 29 de novembro de 2011

Virando onça


Eu não queria escrever sobre isso. Definitivamente não queria.

Mas a situação obriga. Na "famosa rede social" vejo ambientalistas em campanha para defender o Código Florestal, para parar Belo Monte, para salvar o Tietê, mas ninguém fala do massacre dos índios Guarani Kaiowá que está acontecendo no Mato Grosso do Sul. Será apenas uma questão de foco? Afinal, são tantas as causas para defender...

Fico pensando se sou eu que estou fazendo tempestade em copo d´água, se eu deveria tratar o caso como "coisa normal", afinal, são tantas as mazelas do mundo...

Só que por outro lado, não vejo tantas bandeiras sendo levantadas. Ok, os assuntos que mencionei, sobre questões ambientais, estão sendo "martelados", mas por meia dúzia de pessoas. Ah, sim, deixe esclarecer: meu universo de amostragem é de menos de 400 pessoas, que fazem parte do meu círculo de amigos no Facebook. Será que posso extrapolar esse pequeno universo para inferir sobre o pensamento médio da sociedade?

Não sei, até desconfio que sim... ou pelo menos inferir sobre "o pensamento médio da classe média da sociedade"...

E ah, como me irrita ver as pessoas compartilhando piadinhas banais (ok, humor é essencial pra vida, mas tudo tem limite!) e assuntos futebolísticos (isso me irrita MESMO e eu "passo a foice" sem dó). Tudo bem, o Facebook é uma ferramenta bastante lúdica, tem que divertir mesmo, mas a sensação que eu tenho é que fica só nisso... detesto essa expressão mas tenho a impressão de ser "coisa de brasileiro"...

Alguém aí, por favor, me diga que eu estou errada!

Sobre a questão dos índios não vou atrever a escrever, porque realmente não conheço os detalhes. Só sei que é real e muito grave. Saiba mais em:

Saber já é um bom começo. Depois, faça com que outras pessoas saibam. E para contribuir de forma concreta, sem sair da cadeira, assine a Carta ao Ministro da Justiça elaborada pelo Instituto Socioamebiental:

Se quiser e puder sair da cadeira, acontecerá hoje, em São Paulo, na PUC às 19h um Ato Contra o Genocídio do Povo Guarani-Kaiowá.



terça-feira, 22 de novembro de 2011

Formadores de opinião

Fiquei espantada com a repercussão do vídeo dos "globais" sobre a hidrelétrica de Belo Monte (Movimento Gota D´Água). Uma enxurrada de compartilhamentos, o site para assinar a petição travado por tantos acessos, quantidade enorme de assinaturas em um tempo recorde.

E é claro que esse "boom" não passaria despercebido pelos críticos de plantão, nem mesmo a essa que vos fala :) É realmente um prato cheio analisar a manifestação dos atores - e a reação do público - frente a um assunto desse!

Recentemente muitos artistas se manifestaram sobre as mudanças no Código Florestal e, como eu já disse em postagem no Facebook, achei muito bacana, mas gostei mesmo quando vi um professor falando sobre o assunto.

Claro que pra mim o discurso do professor é perfeitamente assimilável, pois já estou familiarizada com os termos e com o assunto de forma geral... mas fico pensando se é tão difícil assim para um leigo entender... onde os "ambientalistas" estão errando na transmissão de suas mensagens? Por que será que precisamos que o "moço da novela" venha traduzir nossos argumentos?

Na verdade acho que não tem "erro" na transmissão da mensagem, mas é óbvio que um texto dito e interpretado por profissionais do ramo tem alcance e contundência muito maiores. Eu sempre tenho o cuidado de não subestimar as profissões (já devo ter falado sobre isso aqui...), acho muita prepotência querer fazer algo sem ter formação específica pra tanto, quando essa formação existe e existem profissionais se dedicando ao ofício.

Então, no quesito "comunicação com o grande público", ninguém melhor para transmitir a mensagem do que um profissional da comunicação com o grande público, ou seja, ator de novela! Tão perfeito que o sucesso do vídeo sobre Belo Monte atesta.

Li um comentário azedo sobre o filme, dizendo que se tratava de um "blá, blá, blá decorado"... Não acho que seja blá, blá, blá, mas o que a pessoa que escreveu o tal comentário talvez estivesse querendo dizer, e é justamente o que eu queria chamar atenção, é que os caras são muito bons para transmitir mensagens, mas isso não quer dizer necessariamente que a mensagem seja boa ou verdadeira.

A profissão deles é fazer qualquer coisa se tornar convincente! Você tem ideia da arma que isso representa?!

Concluindo, fica aqui meu apelo: procure saber quem está falando. É a Maitê Proença ou a personagem Maitê-Proença-fazendo-campanha-ecológica? No primeiro caso, quem é ela pra dar uma opinião pessoal nessa área? No segundo caso, quem escreveu o texto que ela fala tão bem? Que bagagem tem essa pessoa?Em que fontes ela bebe?

Achei o vídeo interessante, assinei a tal petição, divulguei. Mas... mas... não sei. Num primeiro momento tive um lampejo de alegria esperançosa do tipo "caramba, será que finalmente teremos uma mensagem de massa que valha a pena?".

Mas logo em seguida veio aquela sensação de que essa história vai ser só mais um gancho para as pessoas reclamarem, falarem mal do governo, dizerem que pagam imposto pra fazer obra superfaturada, que esse tipo de coisa só acontece no Brasil e que seria melhor mesmo se os "americanos" viessem tomar conta da Amazônia. Índios e ribeirinhos? Ninguém nem vai lembrar deles...

Tomara que seja só uma sensação ranzinza... tomara.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Correndo

Ouço muita gente dizendo "estou na maior correria", "essa vida tão corrida", "correndo, como sempre" e coisas afins. Pois eu tinha esquecido o quanto correr me faz BEM! Correr no sentido literal, é claro ;)

Não sei como consegui ficar tanto tempo sem sentir o corpo suado e pulsando desse jeito que só a corrida proporciona. Claro que existem outras maneiras de ficar com o corpo suado e pulsando, mas não é a mesma coisa, cada prazer em sua hora.

No tempo que eu comecei a correr, quando morava em Piracicaba, ainda não tinha essa "febre" de iPod e eu achava que correr ouvindo música atrapalhava o aprofundamento na "essência" da corrida (é, sou assim meio CDF, meio conservadora). Talvez porque meu esporte anterior tenha sido a natação e eu gostava tanto daquele som oco da água e aquilo me levava a estados semi-meditativos. Na corrida acontecia algo parecido, tanto que nunca gostei muito de correr com companhia, pois dispersava.

Só que agora fui "contaminada": levei meu iPod pra correr... e foi muito bom! É diferente, menos meditativo, mas ainda é como um "portal". Me sinto dentro de um filme, com uma trilha sonora escolhida à dedo.

E quando acaba é que vem a melhor sensação, aquela, do corpo suado e pulsando. Um certo incômodo pelo sal na pele, vontade de tomar banho - e eu adoro um banho! Mas sentir o sangue percorrendo o corpo todo de forma alucinada, os músculos formigando, o sorriso satisfeito pela "missão cumprida"... ah, como é bom!

E sabe quem me proporciona tudo isso? Elas, as viagens!!! Quando comecei a correr estava me preparando pra viagem de bicicleta Maceió-Recife. Continuei correndo depois, só que quando mudei pra Itu fiquei desanimada por não ter um local apropriado (ainda mais pra quem estava acostumada a correr na Esalq...). E agora, com a iminência de camelar a 4 mil metros de altitude, cá estou eu correndo pelas ruas de Itu. Feliz, feliz!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Posso te ligar?

Ando meio nostálgica. Eu sou meio nostálgica. Esse sentimento que é mais do que saudade vai tão longe que de vez em quando tenho a impressão de ter saudade de coisas que nem vivi.

Nunca fui uma pessoa muito popular, outro dia até comentei com o Paulo Cesar que a infância na roça possa ter deixado essa sequela de "bicho do mato"... mas ultimamente venho sentindo falta daquelas conversas no meio da rua, das visitas inesperadas, de não ter que ficar marcando e marcando e marcando pra encontrar uma pessoa!

Diz-se que não é de bom tom aparecer na casa de alguém sem avisar. Realmente, dependendo da hora e da visita pode ser um inconveniente, mas, pensando bem, um inconveniente momentâneo, uma pequena readequação da agenda, porque a companhia daquela pessoa e a "conversa fiada" valem muito mais! (claro que existem as "visitas mala", mas geralmente são exceções, né? Se não ou você não anda sabendo escolher amigos ou já não consegue mais encarar com leveza uma mudança de planos...).

Mas a gente não quer ser a visita mala e liga antes de passar na casa da pessoa. Aí a pessoa não pode, está de saída ou qualquer coisa e pergunta se não pode ser em dia e horário tal, ao que você invariavelmente vai responder dizendo que tem um compromisso XYZ e quando se derem conta estão agendando uma visita casual com três meses de antecedência!

E agora tenho a impressão de que surge uma nova modalidade de etiqueta urbana: a gente chama a pessoa em um bate papo on line e pergunta se pode ligar... não acho que esteja em um nível "grave", mas farejo algo, uma suspeita de que estamos incluindo mais um protocolo no convívio, que vai ficando cada vez mais virtual.

Queria discorrer mais sobre isso, mas agora está na hora da minha corrida de treino pra Trilha Inca \o/

Deixo as lacunas para serem preenchidas!