quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Jalapão e Chapada dos Veadeiros - Parte 10 de 10: freestyle

Coisa que gosto é poder partir sem ter planos, melhor ainda é poder voltar quando quero...

Ah, Milton, nem fale, deve ser mesmo uma delícia! Mas agora me dou conta de que nunca fiz isso e começo a pensar por quê...

1) adoro planejar as coisas! No caso das viagens, planejar já é um jeito de começá-la, estendendo assim os preciosos momentos on the road. Eu realmente me divirto navegando por sites e blogs, perguntando pras pessoas que já foram, folheando os Guias 4 Rodas!

2) e quando ao "poder voltar quando quero", bem, isso pra mim é realmente um mistério da vida nômade. Não entendo como as pessoas conseguem esse nível de desprendimento. Todas as datas das minhas voltas de viagens sempre estiveram atreladas a compromissos escolares ou profissionais... se bem que na época da faculdade, quando tinha quase três meses de férias, até que conseguia fazer um esquema "quando acabar a grana eu volto". E aí surge o outro limitador: grana! Mais um mistério da vida nômade pra mim. Quando leio relatos de viajantes que ficaram meses, anos, viajando sempre me pergunto: Quem paga? Como ele consegue?

Quem sabe um dia eu consiga o desprendimento dos compromissos e consiga também superar o paradigma financeiro de que viagem é sinônimo de gasto sem entrada. Só pelo exercício de quebra de paradigma já seria interessante, vou pensar no caso ;)

A reflexão também me traz a vontade de fazer uma viagem totalmente "sem planos". Totalmente mesmo, já pensou? Fazer uma mochila básica, ir até a rodoviária e escolher o destino, a partir daí, outro e outro, ou então ficar apenas no primeiro, quem sabe?! Acho que vale a pena passar por isso pelo menos uma vez na vida!

Mas mesmo com os planejamentos e uma certa imobilidade de datas, ainda considero importante o "espírito" freestyle ao viajar. No caso dessa viagem nós tínhamos alguns grandes objetivos: conhecer o Jalapão e passar na Chapada dos Veadeiros, mas os detalhes ficaram em aberto. Não definimos exatamente onde pernoitaríamos ou quanto tempo ficaríamos em cada lugar. E mesmo o que foi definido, estava aberto a mudanças. Tem que estar, ou você quer ter a pretensão de controlar o destino?!

Pra mim a grande vantagem do planejamento prévio é economizar tempo de viagem e muitas vezes dinheiro, pois com alguns indicativos de onde ir, você vai mais rápido e gasta menos com bobagens. Mas e se na hora que chagar lá não for o que você estava imaginando? Muda! Sem drama, simplesmente vai atrás de outra coisa.

Esse jogo de cintura é fundamental quando acontecem os imprevistos (que sempre acontecem, então com isso já conseguimos prever o imprevisto, rs... por mais paradoxal que seja é a verdade. Quando você sabe que pode acontecer um imprevisto, fica de sobreaviso, calcula um tempo um pouco maior pra fazer a viagem com tranquilidade, leva um dinheirinho a mais). Mas nada de paranoia! Não gosto de ficar pensando em coisas ruins ou planejando em cima de suposições (e se o carro quebra, e se alguém fica doente, e se...). Basta levar o cartão do seguro, um kit de primeiros socorros, um livro (pras longas esperas), um amigo (que vai com você ou aparece no meio do caminho!) :) Além disso, o que mais se há de fazer?! Deixa vir, deixa rolar. No fim, tudo é história e situações inesperadas nos levam a lugares inesperados (é memo?!), com suas surpresas e novidades.

Gosto de encarar a viagem como uma oportunidade de autoconhecimento. Estar em lugares desconhecidos estimula o cérebro. Estar em situações de rara beleza faz aflorar emoções intensas. Ver outras realidades nos faz pensar melhor nas nossas. Sentir novos cheiros, novos gostos, ver novas flores, ouvir novos cantos, sentir a pedra, a água, o sol! Estimular os sentidos nos faz vivos!

E para isso tudo é preciso estar aberto, é preciso esquecer um pouco o relógio, o calendário, o celular, o e-mail... esses são os momentos freestyle das viagens pra mim. E são nesses momentos que você pensa "quer saber, vou ficar aqui mesmo!", quando na verdade tinha planejado ir adiante; ou então são nesses momentos que você escuta uma história sobre um lugar XYZ, que te dá uma vontade louca de ir conhecer e vai, quando o plano seria ficar mais um pouco.

Mesmo que você tenha partido com planos, mesmo que você não posssa voltar exatamente quando queira, o tempo entre a data de partida e a de chegada é seu e os planos podem mudar junto com os ventos.

Fotografias:
De uma só vez os dois últimos passeios da Chapada: Rei do Prata e Ponte de Pedra. Picasa.

Cenas do próximo capítulo:
Rá, pensou que tinha acabado?! Por falar em freestyle, ainda falta o último lote de fotos, do lugar que foi o "bônus" da viagem: Brasília.


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