quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Levando a testa ao chão

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
 
Quem diz isso é o Gilberto Gil e essa é uma das letras dele que mais gosto. Eu interpreto o "falar com deus" como falar consigo mesmo, da forma mais profunda e mais genuína. Não gosto de colocar "Deus" como um ser externo, a quem devemos satisfação ou, pior, a quem pedimos coisas. De modo geral, não gosto muito de pedir... "quem quer faz, quem não quer, manda" (ou pede, rs...).
Mas, enfim, não é sobre isso que quero falar, e sim sobre o que vem depois: esse exercício de humildade, aquietamento do ego, sem se sentir vítima, sem se sentir ofendido. "E apesar do mal tamanho, alegrar meu coração".

Ontem tive uma aula (duas, na verdade) sobre a relação Mestre-discípulo e aprendi muita coisa, embora eu achasse que já era uma excelente discípula. Falta muito... mas cada vez mais eu tenho a clareza de que é um processo fundamental para a evolução do ser humano: saber ser discípulo. E quem sabe um dia, saber ser Mestre.
 
Enquanto discípula, vou ficar quietinha, ouvindo, assimilando, sentindo.

Mais um pouco do Gil, lindo, lindo, lindo!

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ora bolas, não me amole, com esse papo de emprego!

Faz pouco mais de um ano e meio que eu não tenho emprego. Tenho sim muito trabalho, mas nada de emprego. E estou gostando. Independente do ofício, acho que quando a gente trabalha de forma autônoma se sente mais motivado, mais "impelido", eu diria. Uma das coisas que mais me incomodava no sistema "CLT" é que todo mês eu sabia que ia ganhar aquela quantia - engraçado, né? Para muitas pessoas esse é o sonho dourado da estabilidade financeira... Mas quando você sabe que vai ganhar aquele X, corre um risco muito grande de se acomodar. No emprego pode ser que você escape desse risco devido à grande competitividade, pois se não mostrar serviço, tem outro profissional com MBA te esperando na fila. E olha que stress... "deus o livre", como dizem os caipiras.

Agora suponha que você não se acomodou no emprego e consegue viver bem com esse stress competitivo, afinal, isso também pode ser motivador para algumas pessoas. Aí vem o outro risco de se acomodar, que é financeiramente. Se você sabe que vai ganhar aquele X no mês, as chances de você ganhar mais do que X são muito pequenas, porque você já se programou para ganhar aquilo. Parece doido?

Trabalhando de forma autônoma eu não faço ideia de quanto vou ganhar (para uns isso é sinônimo de pânico!), mas justamente por isso, me permito os mais ousados e otimistas horizontes, o que vai ampliando a minha percepção de "ganhar dinheiro". Cada novo trabalho, cada nova possibilidade de trabalho, abre canais para que o dinheiro venha de fato.

Claro que precisa ter um pouco de sangue frio, pois pagamentos atrasam, propostas são recusadas e a velocidade dos acontecimentos nunca depende só de você. Junto com o sangue frio ajuda também um bom limite de cheque especial e cartão de crédito, desde que usados com moderação! Outro aprendizado bacana do trabalho autônomo é aprender a lidar com riscos. Em seu valor de hora/trabalho tem que haver uma "folga", além daquele valor pago para contratados CLT, justamente para cobrir os juros do cheque especial, do cartão de crédito, da conta que atrasou porque o seu pagamento saiu um dia útil depois. Isso sem falar em férias, décimo terceiro, previdência... e mesmo colocando tudo isso, seu preço ainda pode ser bem competitivo, pois um trabalhador CLT custa caro para o empregador.

E o risco pode ser tanto para o prejuízo quanto para o lucro, tem que saber equilibrar. Não é sempre que o pagamento atrasa, não é sempre que tem que apelar para cheque especial.

Ainda estou aprendendo, mas já consigo dar algumas dicas ;)

Agora o principal para ser um trabalhador autônomo é gostar do que faz! Se você é empregado e não gosta, vai levando, pois sempre tem "o dono" que quer que o negócio dê certo, funcione, então é ele que vai trabalhar pra isso. Quando você é autônomo, é você que tem que fazer o negócio dar certo e funcionar, e se você não gosta do que faz, não vai dar certo nunca!

Uma ótima oportunidade também para pensar se o que você está fazendo vale a pena... e quando você resolver fazer o que realmente gosta e as pessoas olharem para você perguntando "mas isso dá dinheiro?", não se abale, siga em frente e poderá se surpreender!

PS - ouvi muito isso quando resolvi fazer engenharia florestal... você pode achar estranho, mas foi há 12 anos e pouquíssimas pessoas sabiam do que se tratava. Primeiro eu ouvia um "engenharia o quê?!" e depois me falavam que eu ia acabar trabalhando de graça pra alguma ONG... haja paciência!!! E hoje, vejam só, as questões ambientais estão "super na moda" e dá sim pra ganhar dinheiro, até trabalhando em ONG, rs... mas eu gosto da vanguarda e já começo a ouvir essas exclamações interrogativas de novo...

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Entendendo (ou tentando entender) os ciclos femininos

Tenho a impressão de que TPM tem sido uma desculpa cada vez mais frequente para qualquer braveza ou choradeira feminina. Por um lado, as mulheres tem um ótimo álibi, mas tudo tem limite. E se a tal da TPM é tão famosa e "compreendida", por que não evidenciar também as outras fases do ciclo? Ando pensando nisso e tenho algumas linhas para escrever a respeito. Antes de começar, porém, é importante fazer duas considerações iniciais:

1. Toda essa reflexão não se aplica a mulheres que estejam sob efeito de hormônios externos, como os métodos anticoncepcionais hormonais (pílulas, adesivos, injeções...). Mulheres que usam esses métodos tem ciclos artificiais, pois não ovulam. Eu não sei se você tem consciência da gravidade do fato, mas eu demorei pra me tocar disso. Usei esses métodos por algum tempo e nunca me adaptei bem, até que dei um basta. São sim muito práticos, mas... e o resto?! Se você é mulher, faço um apelo para que pense sobre a importância de ovular. Mesmo que não queira ter filhos, isso é o de menos. Ou você acha que a mulher ovula a cada (em média) 28 dias porque a natureza quer maximizar nossa capacidade reprodutiva e só? Se você é homem, assuma também a responsabilidade pelo planejamento familiar e controle de natalidade. Você pode até se surpreender com uma parceira mais feliz e leve, sem tantas e tão fortes crises de TPM - eu tinha TPMs monstruosas sob efeito de pílula anticoncepcional, ficava irreconhecível, era outra pessoa! Não é exagero!

2. Outro ponto importante é que tudo que vou dizer aqui é bem pessoal, resultado principalmente de auto estudo, mas também de leituras informais em revistas, sites, conversas com amigas (e amigos), conversas com mestres, dos mais variados. Não vou citar fontes porque nem lembro direito de onde tirei cada coisa, portanto já abdico aqui também de qualquer "direito autoral" - torne-se este texto de domínio público! E mesmo bebendo em várias fontes, lembre-se de que esse é um relato do que eu penso, do que eu sinto. É complicado estabelecer regras e padrões em se tratando de ser humano, e nem é essa a intenção, mas conhecer outras experiências pode ajudar a ir mapeando as suas próprias. No texto a seguir pode parecer que estou ditando regras, dizendo que é assim, não é asim, mas tenha em mente esse filtro, de que aqui vai a minha experiência ;)

Então vamos lá. Quando começa o ciclo? Por uma questão de praticidade, no primeiro dia de menstruação, pois não há dúvida de que ela começou! Mas eu acho que o ciclo começa no dia da ovulação, só que aí fica mais difícil de identificar com precisão, embora muitas mulheres saibam sim o dia exato em que estão ovulando. É só uma questão de se conhecer. De qualquer forma, é um ciclo, então volta sempre pro mesmo lugar e o ponto de partida acaba tendo pouca importância.

Dessa forma, vou dividir o ciclo feminino em quatro partes: menstruação, preparação para a ovulação, ovulação e preparação para a menstruação (onde entra a TPM, rs...).

A fase de menstruação é uma fase de renovação. Deixar sair tudo o que não é mais importante no momento. O que está com o "prazo de validade vencido". Ah, e não me venha com nojinho, porque é um processo perfeitamente normal, natural e saudável. Nesse período a gente passa por uma fase de limpeza, não apenas do aparato reprodutor, mas de todo o corpo. Muitas mulheres se sentem "sujas" nesse período, mas é só uma questão de ponto de vista... a sujeira está indo embora, e por isso ela aparece! Ter uma relação saudável com a própria menstruação é muito importante para se conhecer e se aceitar. Desconfortos como cólicas e fluxo muito intenso, muito longo, podem ser indicadores de questões mais profundas a serem resolvidas. Encarar o momento com sentimento de renovação pode ser um ótimo exercício.

Eu adoro limpar, adoro ver a sujeira indo embora (gosto mesmo de fazer uma faxina!), então deixo a menstruação fluir (pode parecer estranho isso, né? Afinal, não tem como não deixar... na verdade, tem sim, em casos extremos e graves, mas num meio termo, a mulher que não quer menstruar, como atitude emocional, consciente ou não, vai dificultar o processo e pode sofrer aqueles desconfortos). Bem, em alguns momentos estar menstruada pode ser bem chato, embora a tecnologia nos ajude bastante, com absorventes dos mais variados tipos (ah, leia a postagem "Para mulheres modernas"). Mas quando a menstruação "atrapalha" é um sinal de alerta: o que está atrapalhando o que?! O problema é a menstruação ou é com o trabalho? Com o passeio? Com o parceiro? Até quando você vai ficar se colocando em segundo plano? O que realmente importa? [ok, aqui estou sendo meio radical, mas a gente precisa de uns chacoalhões de vez em quando, ainda mais em se tratando da vida em uma sociedade machista e repressora. Pense nisso].

Aí a menstruação passa e o corpo, limpo e renovado, começa a se preparar para para mais uma ovulação (que é o "grande lance" e por isso eu a colocaria como começo do ciclo... whatever...). Essa fase é uma delícia, é quando estamos mais bem dispostas, com milhares de ideias, com vontade de fazer e acontecer, com muito pique! Olha que maravilha: a mulher que tem ciclos naturais (sem hormônios fajutos) vive a cada 28 dias a sensação do primeiro dia do ano! Essa fase é muito rica e deve ser muitíssimo bem aproveitada, desfrutada. No meu caso, é quando vou pra cozinha fazer minhas aventuras, é quando trabalho mais (o que pode compensar dias menos produtivos das fases anteriores), é quando escrevo mais, é quando cuido mais de mim e das outras pessoas.

E logo vem a ovulação, o grande apogeu, com um apetite sexual delicioso, que pode ser canalizado das mais diversas formas, inclusive no sexo stricto sensu ;) - já escrevi sobre sexo aqui também. "Estranhamente", os métodos anticoncepcionais com hormônios diminuem ou eliminam a libido e já ouvi de um médico ginecologista: "ah, tudo bem que o desejo sexual não está lá essas coisas, mas melhor isso do que um nenezinho, né?". Essa frase caiu como uma bomba em mim e quase pulei no pescoço do imbecil do médico. Como se a única forma de evitar "um nenezinho" fossem esses hormônios destrutivos (ao longo do texto a minha revolta com os hormônios vai ficando mais intensa, né?). E mesmo que fosse, isso lá é coisa que se diga? Isso lá é coisa que se faça? Sinceramente, não sei como as mulheres que tomam hormônios (e seus maridos, namorados, parceiros) vivem. Ou será que sou só eu que tenho/tive essas reações adversas?!

Mas mesmo que você, mulher, tome hormônios e não sinta esses efeitos colaterais, ou consiga conviver bem com eles, uma coisa é fato: você não ovula :( A fertilidade da ovulação não é só física, não é só reprodutora, no sentido de gerar um novo ser. É reprodutora no sentido mais amplo que possa assumir! Reprodutora de ideias, de ideais. Criadora. É aí que reside a magia de ser mulher. É nessa capacidade reprodutora e criadora que a mulher se distingue do homem.

Depois da ovulação, bem... depois da ovulação o corpo vai dar conta de recolher as garrafas vazias, os copos, desligar o som, varrer os confetis e tirar os enfeites da parede. Traduzindo: começa a preparar a menstruação. Eu interpreto a TPM como o reflexo emocional de um fracasso evolutivo: o óvulo foi embora e você "não foi capaz" de fecundá-lo. Enquanto a gente tiver essa ideia "animalesca" de evolução; essa ideia de que o ciclo da vida se resume em nascer, crescer, reproduzir e morrer; enquanto o consciente, sub-consciente e/ou inconsciente iterpretarem a vida assim, sentiremos na pele, todos os meses, essa sensação de fracasso.

Eu acho que estou conseguindo não sentir (ou sentir menos) esse fracasso, pois minhas TPMs estão cada vez mais suaves. De qualquer forma, esse é um período de introspecção, de se recolher, de meditar. Pode ser um período interessante para repensar ideias, digerí-las, sem aquele entusiasmo todo, que acaba ofuscando. É nessa fase que as boas ideias se consolidam, deixando queimar na fogueira as que eram só "fogo de palha" da empolgação da fase anterior.

E o que não serve mais mesmo, acaba indo embora, com uma nova menstruação e o ciclo recomeça... sempre, e sempre. Se a ideia de voltar ao mesmo lugar te deixa "tonta", podemos pensar em uma espiral ascentende, e aí, a cada volta do ciclo você chega em um patamar superior, vivendo as "mesmas" experiências, mas vivenciando-as sob uma nova ótica.

Vai chegar um momento em que essa espiral deixa de ser física. Esse momento é conhecido como menopausa. Claro que ainda não passei por isso - tenho só 29 anos - mas há relatos de que a partir deste momento a espiral vai subindo e girando livremente, desvencilhada dessas "amarras" cíclicas. Quando eu chegar lá, prometo que te conto ;)

Não é a toa que a mulher, o feminino, é associado à lua. Essas quatro fases do ciclo feminino podem ser facilmente comparadas à lua nova, crescente, cheia e minguante. Há quem fale que a menstruação é lua cheia, transbordante, mas eu acho que a ovulação é lua cheia, esplendorosa. Claro que isso não deve ser levado ao pé da letra! Não tem a ver com a fase que a lua se encontra nesse momento, senão todas as mulheres menstruariam juntas, ficariam de TPM juntas, já pensou?! rs...


E o homem, por sua vez, é sol. Forte e constante. O sol é sempre sol. Um pouco mais poético no alvorecer e no crepúsculo, mas sempre sol. Já a lua, tem fases, tem nuances, tem mistérios, diferentes formatos. Quando a gente reconhece isso, fica mais fácil ser mulher. Diria que fica lindo ser mulher! E no caso dos homens, acho que fica mais prazeroso estar ao lado de uma mulher que gosta de ser mulher, que sabe ser mulher.

Outro dia ouvi que todo homem precisa de uma musa...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Feira de Trocas

Nesse fim de semana aconteceu a I Feira de Trocas da República Chá Quentinho (o nome inicial era outro, mas agora pensando melhor gostei mais desse aí, rs...).




O evento foi um verdadeiro sucesso, com a participação de convidados dos mais variados planetas, que se entrosaram perfeitamente e fizeram ótimos negócios!


A ideia de uma Feira de Trocas é fazer a energia circular, desfazendo-se de itens que não tem mais (ou nunca tiveram!) utilidade para você, mas que podem ser interessantes a outras pessoas. A principal regra é que os objetos devem estar em bom estado, afinal, ninguém quer levar lixo pra casa.

É também uma ótima oportunidade para praticar o desapego e fazer uma avaliação "fria e calculista" do acúmulo de bens materiais.



Nos dois quesitos anteriores os participantes tiraram nota 10! Tinha muita coisa interessante e mesmo os objetos que eu elegi como "as bizarrices de feira", foram trocados!!! Além disso, todo mundo que chegava estava no espírito de "Gostou? Leva pra casa!", sem drama (exceto uma participante que trouxe uma coleção de Revistas TPM, desde o #1, com cerca de 80 revistas, mas não arredou o pé na regra de "só leva se levar todas", tsc, tsc...).

Como é tradição na República Chá Quentinho, rolou um som da mais alta qualidade, até mesmo porque músicas também foram itens trocados ;)




Fazendo parte da tradição, também teve um rango de primeira, feito no modelo colaborativo.

Foi um dia muito gostoso, antes, durante e depois. Antes, pois parte dos convidados chegou no sábado, inclusive a coisa-mais-fofa-da-dinda, também conhecida como Clara, que não reclama nem dos meus apertões, beliscões e mordidas (quem manda?!). E depois, porque sempre tem a "galera do fundão", que vai ficando, cantando e faz a festa recomeçar e re-recomeçar! Só teve que parar mesmo porque segunda-feira todo mundo pulou cedo da cama e os derradeiros convidados, Moli e Ana, tomaram seus rumos pra Piracicaba e Sampa, respectivamente.

Fiquei muito feliz com a presença de todos, os de longe e os de perto; os filhos e os pais; os amigos e os amigos dos amigos!