terça-feira, 6 de abril de 2010

A humana de um cachorro preto

Certo dia a Carol, minha amiga e cunhada, que também é admiradora dos seres de quatro patas, chegou em casa contando que viu na calçada da padaria um cachorrinho simpático, que estava sozinho. Aí ela "puxou papo"com ele - coisas do tipo: ei, o que você faz aqui sozinho? - e apareceu um rapaz dizendo: eu sou o humano dele! Nos divertimos com a história e a expressão pegou.

O primeiro cachorro preto do qual fui a humana foi o Jiguê. Acho que ele já existia na nossa família quando eu nasci (mãe, conta essa história?), mas me lembro do dia que me pai veio me falar que ele tinha morrido... foi uma sensação bem estranha e, como acho que acontece com todo mundo nessas situações, a ficha demorou um pouco pra cair. Claro que fiquei muito triste, mas eu sonhava com ele passeando no mato, feliz. Lá no sítio a gente tinha o cemitério dos bichos e agora, olhando pra trás e relembrando isso tudo, acho que foi uma boa "introdução à morte"...

Muitos anos depois apareceu na minha vida o segundo cachorro preto, o Pajé. Eu estava indo morar no sítio (o mesmo do Jiguê e do cemitério), e precisava de um "guardião", portanto, não poderia ser filhote. Não foi difícil encontrá-lo, pois meu pai adestra cães e está sempre às voltas com cachorros dos mais variados tipo e humanos idem. Quando ele me falou que tinha achado um cachorro preto e peludo, como o Jiguê, o senti um pulo no coração. Fomos encontrar o Pajé, que ainda não tinha esse nome, e lá estava ele, amarrado num quintal... os então humanos dele o haviam pego para fazer companhia a uma criança, mas o Pajé em pouco tempo ficou bem maior e mais barulhento que a tal criança e aí, já viu... virou um problema. Problema pra eles, solução pra mim!

Em um mês meu pai o transformou em um lord (que depois tratei de dar uma "estragada", rs...) e lá fomos nós dois pro sítio! No começo eu ficava com medo de que ele fugisse, mas logo entendi o quanto ele me era grato por tê-lo tirado daquela situação humilhante que ele vivia... e ele também sabia o quanto eu era grata a ele por me fazer companhia e por cuidar de mim (é impressionante como um cachorro preto mete medo!).

Depois voltei pra Pira e o Pajé foi junto, claro. Aí fui morar com o PC e foi um longo e minucioso trabalho para fazer a amizade dele com o Jawa, nosso outro cachorro. Hoje eles são super amigos e se fazem companhia, até dividem a mesma casinha nas noites de rojão ou tempestade!

Quando "resgatei" o Pajé ele tinha um ano, ou seja, já era adulto, mas isso não foi problema nenhum, ele acostumou comigo e até mudou de nome! A amizade dele com o Jawa também mostra que com carinho e atenção (e de preferência auxílio de um adestrador!), é possível fazer dois machos adultos ficarem amigos.

Eu não entendo muito essa coisa de comprar cachorro, pois realmente acho que amigo não se compra... se você quer ter um cachorro, procure por bichos que estejam precisando de um lar! Há tantos... e das mais variadas raças, tamanhos, cores, pelos, idades, históricos... a Carol, lá do começo da história, se envolveu bastante com a proteção animal e pode deixar aqui alguns contatos para quem quiser adotar (hein, Flor?).

PS - pra quem não percebeu, as fotografias acima foram tiradas no mesmo local, com exatos 20 anos de diferença! O cachorro preto da primeira é o Jiguê e o da segunda, o Pajé, ambos com sua humana. Ah, nessa tem também o Lucas, meu irmão. Abaixo tem uma outra foto, que minha mãe achou outro dia "por acaso"... antes mesmo de conhecer o mundo "aqui fora" eu já era a humana de um cachorro preto!






5 comentários:

  1. Como a Carol está viajando e "a vida é urgente", se você quiser adotar um cão procure o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses - informe-se na Prefeitura), que é para onde vão os cachorros de rua (gatos também e até cavalos, rs...). Depois de um tempo lá esses bichos são sacrificados, pois não há espaço para todos.

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  2. "Senta que lá vem história!"
    Então, o Jiguê foi um filhote que ganhamos do Pereira, o Velho, lembra dele? O pai do Jiguê era o Ígor, a "alma canina gêmea" do Velho! (seu pai pode ajudar a melhorar esta história)
    Como disse o antigo Caetano, adoro nomes("Língua"). Jiguê é aquele que foi tomar banho para ficar branco como seu irmão Macunaíma tinha ficado, só que o outro já tinha quase acabado com a água e só deu pra ele molhar as patas, ôps, os pés e as mãos, o resto continuou preto. O nosso, por ter cauda, também molhou a pontinha.(reler Macunaíma!)

    A foto que mandei foi feita no dia 5 de maio de 1981, e lá estamos nós três: eu, você e o Jiguê, no quintal de casa em São Paulo, a dois dias do seu nascimento! Maravilha!
    Beijão da mãe!

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  3. Que legal mãe, obrigada pela foto e pela história... nossa, dois dias antes de eu nascer, que coisa! Eu lembrava do Macunaíma, mas não que o Jiguê era "neto" do Pereira... ê famílias caninas!

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  4. ahh, eu não sabia desses detalhes da biografia do Pajé! poxa, da vida amarrada no quintal pra um perfeito cachorro mimado que dorme na poltrona! que saudades desses dois! Agora sou meio babá de uma daschund (uma lady preguiçosa que a Ana conheceu). E quando eu tiver cachorro, vou pedir consultoria pra sua mãe pra escolher o nome: a sacada do Jiguê foi demais!

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  5. Pois é Ana, cachorros e livros, coisas que você gosta "pouco", rs... o Pajé e o Jawa pelo jeito andaram bebendo na tal fonte do Macunaíma, mas eles foram bem cautelosos, pois só molharam a ponta do focinho, hehe. Eles estão um charme de barbicha grisalha!

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