terça-feira, 9 de março de 2010

Como é bom ter um Mestre!

Desde o início da adolescência eu sempre quis ter um mestre, uma pessoa que me conduziria com segurança pelos tortuosos caminhos da vida... eu lia Paulo Coelho, Castañeda, Osho, histórias de Buda, tradições xamânicas, mitologia celta e ficava pensando como seria bom ter um mago, uma bruxa ou qualquer outro ser misterioso e sábio para "me ensinar".

Com o tempo isso foi se dissipando (ufa!) e as religiões e misticismos, por incrível que pareça, respondiam menos às minhas questões do que a "fria e lógica" ciência (ok, quando assisti Harry Potter tive uma recaída e tudo que queria era estudar em Hogwarts!).

Nessa época eu estava na faculdade, cercada de professores e professoras admiráveis - não tanto quanto os do Harry :D - mas foi quando, finalmente, meio sem querer, encontrei meu primeiro mestre! Foi o Prof. João Batista, meu orientador do mestrado - hehe, eu também sou mestre ;). Foi pelo João que eu senti pela primeira vez uma mistura de sentimentos que inclui respeito, admiração, carinho, identificação e uma vontade de "ser assim quando eu crescer". Mas isso tudo a gente pode sentir por muitas pessoas, sem que elas sejam necessariamente um "mestre"... o diferencial é que o mestre é a pessoa que tem um conhecimento que você não tem, mas quer ter e, mais importante: está disposto a seguí-lo fielmente para onde ele te levar. Pelo mestre a gente também tem um sentimento de hierarquia, onde ele sempre está acima. Isso não tem nada a ver com essas "picuinhas" de patrão/empregado, polícia/cidadão, mais rico/menos rico. Esse sentimento de hierarquia é natural, não precisa ser imposto, caso contrário, não vai dar certo... é gostoso sentir que aquela pessoa tem "algo" de especial e ainda assim se importa conosco a ponto de compartilhar seu tempo e nos transmitir seu conhecimento. E o mínimo que você deve ter por uma pessoa dessas é um profundo respeito.


O João me ensinou muito mais do que métodos quantitativos - e mesmo se tivesse sido "só" isso, já teria cumprido sua função de mestre. As conversas que tínhamos, junto aos outros "discípulos", incluiam assuntos da vida, comportamento, arte, filmes, enfim, tinha hora que parecia pura "conversa fiada", mas ter contato com aquele ponto de vista, com aquele caráter, com aquela mente brilhante, sempre foi um privilégio.


Bem, o mestrado acabou e eu fui embora da nossa "Hogwarts", tentar colocar um pouco em prática as magias que havia aprendido lá. Tenho feito isso há três anos e nesse meio tempo encontrei poucas vezes com o João. Não, ele não deixou de ser meu mestre, pois isso é impossível, mas os ventos mudam...


Agora tenho um outro mestre, que é um pouco mais naquela linha que eu almejava no início das minhas procuras, no que diz respeito aos "mistérios da vida", ao auto-conhecimento, ao aprimoramento enquanto ser humano. Mas ao mesmo tempo é totalmente diferente. É como um giro de 360 graus... ele te faz voltar pro mesmo lugar? Talvez, mas você não será mais o mesmo. Depois de ter dado a volta ao mundo, você nunca volta para o mesmo lugar, as coisas não são estáticas, muito menos a natureza.


Meu mestre é o DeRose e eu assumi seu Método como minha filosofia de vida (http://www.metododerose.org/). Embora não tenha um contato tão próximo com ele, é um grande privilégio ser contemporânea dessa figura e poder encontrá-lo de vez em quando, ouvir sua voz, ver o brilho nos seus olhos e sentir sua força (esse fim de semana, por exemplo, estive em um curso com ele). Como conexão direta entre nós dois, está minha querida instrutora Carla Mader, por quem eu também tenho todos esses sentimentos que caracterizam a relação mestre-discípulo e com um "quê" a mais: a Carla é mulher! Essa afinidade de gênero aprofunda a identificação, pois agora eu tenho outros atributos para me espelhar e também cataliza o aprendizado, já que falamos a "mesma língua", ou melhor, a mesma linguagem!


Se pudesse resumir tudo isso em um sentimento, seria gratidão. E esse sentimento é maravilhoso, porque ele aumenta a auto-estima (afinal, se sou grata é porque mereci alguma coisa), solidifica as relações e nos impulsiona a retribuir; essa retribuição gera um retorno kármico positivo, que vai nos alavancando e nutrindo.


Aprendi com meu mestre: Não peça; agradeça. Minha interpretação disso é que quando pedimos estamos tendo uma atitude passiva, esperando que o "bom deus" lembre-se de nós, mas quando agradecemos, estamos tendo uma "atitude ativa" (lembre-se que agradecer é retribuir). Quando tomamos essa atitude, estamos assumindo a responsabilidade e o controle de nossas vidas; não precisamos mais que o "bom deus" se compadeça! Toda ação gera uma reação, de igual intensidade e direção oposta... aja!


Sempre temos o que agradecer; sempre temos como retribuir!

3 comentários:

  1. Nossa Carol, incrível!

    incrível como o seres humanos inventam tantos jeitos diferentes de dizer a mesma coisa!

    eu não conheço o métod DeRose mas pelas últimas linhas do seu texto vejo que os pricípios são os mesmos do coaching!!fiquei curiosa!

    bjo grande!!

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  2. Pois é Carol, acho que esses jeitos diferentes são porque as pessoas são diferentes, e cada um entende, assimila melhor de uma forma. Pelos seus textos do blog eu também identifiquei muitas semelhanças de abordagem com o Método DeRose.

    Se quiser saber mais, o assunto anda bem em pauta no blog dele (www.metododerose.org/blogdoderose). Bem, uma coisa que me encanta no Método é que as raízes filosóficas são muito antigas e, apesar disso, não precisam de nenhuma adaptação para que a gente coloque em prática nos dias de hoje (conceitos éticos, por exemplo), e tem também toda a parte de técnicas corporais, que são realmente surpreendentes e igualmente sem "adaptações" ao mundo moderno.

    O grande trabalho do Mestre foi resgatar uma cultura que estava esquecida, organizar tudo e colocar à nossa disposição, sempre alertando para a importância de "não deturpar" (uma tentação que quase todos tem, rs...). Enfim, eu acho que conhecer e, quem sabe, praticar o Método DeRose iria ampliar consideravelmente sua atuação como Coach ;)

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  3. Pra quem não frequenta o Blog do DeRose, compartilho o comentário que ele fez sobre essa postagem - nada como o ponto de vista de quem já está patamares acima ;)

    "DeRose Reply:
    março 11th, 2010 at 23:14

    Carol, você escreve muito bem e a leitura flui gostosa. Na questão da volta de 360 graus, você não volta ao mesmo lugar porque é uma volta em espiral ascendente. Quando você termina, está um patamar acima!
    Quanto ao trecho final, eu sou mais pela ação do que pelo agradecimento. Acho que devo ter dito algo mais ou menos assim: “Não peça; ofereça. Minha interpretação disso é que quando pedimos estamos tendo uma atitude passiva, mas quando oferecemos, estamos manifestando uma ‘ação efetiva’.” Beijos e obrigado por compartilhar um ideal."

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