segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Mais um blog...

Essa semana está oficialmente no ar o blog da Unidade Itu do Método DeRose: http://metododerose-itu.blogspot.com

E adivinha quem está escrevendo? Quem, quem, quem?!

O blog é mais interessante para quem é de Itu, pois divulga as atividades da escola, mas eu não poderia deixar de anunciar no Aralume esse novo "irmãozinho". Então aproveita e dá uma olhadinha lá!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O mundo está grávido!


Não, eu não estou grávida. Nem pretendo tão cedo... mas estou numa fase em que as pessoas da minha faixa etária "resolveram" procriar! Já há algum tempo tenho "notícias isoladas" de contemporâneos se multiplicando, mas agora está acontecendo uma verdadeira avalanche. Até a personagem do seriado que estou assistindo anda às voltas com uma barriga e muito enjoo.

E nesse cenário não tem como não pensar sobre o assunto. Vou confessar que já fui mais xiita, e me ver assim "amolecendo", me preocupa, rs... esse fim de semana conheci o filhote de uma amiga da faculdade, a Teluíra. Que neném fofo! Ele é tão risonho, lindinho e fofinho... e a Telu tá tão feliz, realizando sonhos, mudando de vida. Me peguei pensando: "por que não?!".

Na minha fase mais xiita, meu principal argumento - usado comigo mesma - era de que o mundo já está estufado de gente, e que aumentar essa população seria um ato insano com o planeta e com os próprios seres a se integrarem nessa loucura. Para mim o ímpeto de ter filhos nada mais era do que uma manifestação do gene egoísta (isso é sério, se não conhece, corra pro Google!). Um ato egóico de preservar sua carga genética em detrimento de toda uma espécie - ou de centenas de milhares de espécies, já que a nossa faz o que quer com todo o resto.

Ok, calma, essa fase já passou. Passou porque eu entendo que é preciso colocar no mundo pessoas bacanas, filhas de pessoas bacanas, pra ver se conseguimos pelo menos chegar naquele trecho onde é possível vislumbrar um tantinho de luz no fim do túnel. E além disso eu já estou desistindo de levar a vida muito "ao pé da letra"; faça isso, não faça aquilo.
Tá, mas se não é por "convicção ideológica", o que me faz sentir uma preocupação - pra não dizer pânico - ao me deparar com a possibilidade de uma vontade de um dia ser mãe? Em primeiro lugar é medo. Medo de passar mal, medo de ficar cheia de frescura, medo de não conseguir fazer as coisas que eu sempre fiz - e, mais ainda, as coisas que eu não fiz e que morro de vontade de fazer! Medo de sentir dor, medo de ver o meu corpo mudar, medo de me sentir vulnerável, medo de depositar uma carga muito grande de felicidade e expectativa em uma coisinha miúda, que vai crescendo e cria asas. Medo de ver meus medos espelhados num ser que para mim deveria refletir a perfeição.

Isso não é pouca coisa... mas ainda tem mais: também sinto muita preguiça. Preguiça de ouvir conselhos, preguiça de refazer rotinas, preguiça de pesquisar - mãe moderna pesquisa, e muito! Preguiça de pensar que vou passar noites sem dormir - pro resto da vida! Preguiça de explicar pras pessoas porque não vou dar carne pro meu filho. E por aí vai.
Enquanto isso eu me divirto com sobrinhos e filhos de amigos. E vou tentando fazer as coisas que eu acho que não conseguiria fazer se tivesse que cuidar de criança. Quanto aos medos, não sei se tem muito jeito... desconfio que toda mãe e todo pai carrega esse sofrimento, essa angústia, nem que seja lá no fundo. E mesmo assim dizem que é a melhor experiência da vida (experiência nada, que não existe "experiência" pro resto da vida!). Vai entender...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Saudade

O Paulinho da Viola, no documentário sobre sua vida "Meu Tempo é Hoje", diz que não sente saudade. Mesmo assim, ele tem uma música linda que fala da saudade, na verdade, Pra Fugir da Saudade. Talvez ele tenha conseguido:
Saudade
Você fez da minha vida
Uma rua sem saída
Por onde andou minha solidão
E hoje
Quando tudo é esquecimento
Uma flor sobrevive ao tempo
E se desfolha em meu coração
Para aliviar o meu sofrimento

Rompe em silêncio meu canto de felicidade
Dentro de um samba eu desfaço o que ela me fez
Quero abrigar, no entanto
Mais uma flor que renasce
Para fugir da saudade e sorrir outra vez

Eu não consigo fugir da saudade. Nem quero... não acho que sentir saudade seja assim tão ruim. Mas pesquisando um pouco sobre o assunto, nos meus queridos Google e Wikipédia, descobri que o que sinto é um pouco mais sério. O que eu sinto é nostalgia. Veja só a "gravidade" da coisa:

"Nostalgia é um sentimento que surge a partir da sensação de não poder mais reviver certos momentos da vida. O interessante sobre a nostalgia é que ela aumenta ao entrar em contato com sua causa e não diminui como o sentimento da saudade. Exemplo: se alguém sente saudades de um conhecido, este sentimento cessa ao se reencontrar a pessoa; com a nostalgia é exatamente o oposto, ao reencontrar um amigo que gostava de brincar, este sentimento nostálgico irá se alimentar, e não diminuir como a saudade."

Com essa definição simples não preciso de mais nada para o diagnóstico. E é interessante notar que esse sentimento é geralmente deflagrado por músicas e cheiros - no meu caso. Ontem mesmo, ouvindo o disco "Circuladô", do Caetano (o vinilzão mesmo, que aumenta mais ainda a nostalgia, rs...), um turbilhão de imagens e sentimentos me veio à mente, de quando eu era pequena - o disco é de 1991 e eu tinha 10 aninhos... Minha mãe cantando, no sítio, eu e minha irmã brincando na terra, subindo nas árvores, esporadicamente o carro atolado e a gente cantando dentro!

Um lembrança puxa outra e, lembrando do sítio, vem de uma vez só um resumo da minha vida, que teve muitos dos seus momentos importantes vividos naquele lugar (mãe, não chora!). Haja nostalgia!

Enfim, música traz instantaneamente lembranças muito especiais. Eu não sei se com todo mundo é assim, mas eu geralmente quando "descubro" um disco, ouço até quase a exaustão, depois descubro outro e assim vai indo, de forma que aquele período fica bem marcado pela "trilha sonora".

Por exemplo, o "Fuá na Casa de Cabral", do Mestre Ambrósio, me lembra muito o estágio que fiz em Botucatu, com Assentamentos Rurais. Esse foi meu primeiro estágio na faculdade, e deve dar pra imaginar a quantidade de sensações que isso me trás. Mas o Mestre Ambrósio marcou toda uma época, pois seus três discos são realmente apaixonantes.

Da época que conheci o Paulo Cesar, o disco "Tábua de Esmeralda", do Jorge Ben, é um dos grandes ícones, junto com o sugestivo "Transa", do Caetano. E depois disso ele deu uma boa bagunçada nos meus registros musicais, porque um novo mundo se abriu, com milhares e milhares de músicas e novos artistas!

Mas o "Ventura", do Los Hermanos, marcou um certo verão Piracicabano, quando eu fui no primeiro show da banda e vi que eles eram muito mais do que "Ana Júlia", rs... teve também o primeiro álbum da Maria Rita, que leva seu nome, e traz lembranças de uma fase um tanto quanto turbulenta... "de repente cai o nível, e eu me sinto uma imbecíl".

E por aí vai... com relação aos cheiros, é muito engraçado, pois eu não sou de usar perfume, mas gosto de variar os cremes hidratantes, e quando eu retorno pra algum que usei há mais tempo, as memórias também são instantâneas, e lá vem a nostalgia!

Eu não vejo problema nisso, muito pelo contrário, até gosto! Eu fico feliz quando essas lembranças vem, pois me sinto viva. Reviver essas sensações me lembra o quanto fui (e sou) feliz, lembra também o quanto já consegui superar de coisas difíceis na vida, e isso me traz força para encarar as novas dificuldades - às vezes, inclusive, mostrando que algumas dificuldades presentes nem são assim tão grandes...

Sei que não corro o risco de "viver do passado", pois desde que me entendo por gente carrego comigo essa nostalgia, e ela não se restringe a um tempo específico, mas a todos os momentos da vida. Por isso tenho certeza que daqui a uns anos vou lembrar com carinho dos "tempo de Itu". Então agora vou escolher uma boa trilha sonora, tomar um banho e usar aquele hidratante novo! ;)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O sonho acabou

É o que acontece quando a gente acorda. E geralmente é uma sensação de alívio que vem nessa hora, por mais que o sonho tenha sido bom. Nada como a realidade!

E está sendo assim com o fim da Sempre Viva Orgânicos. O empreendimento relâmpago foi um sonho bom. Nunca vou esquecer de uma das primeiras vezes que eu estava na horta, trabalhando sozinha tirando uns matinhos, quando o S. Klaus (dono do sítio) chegou e puxou um papo, comentando como era bom mexer com a terra. Aí logo em sequida ele perguntou: "e na vida real, o que você faz?"... achei aquilo engraçado e pensei: "será que ele acha que eu to brincando aqui?!". Mas ele tinha razão. A horta foi muito mais um hobbie, uma diversão, um passatempo, do que um negócio.

Só que quando a diversão começa a ter muitas cobranças e compromissos e, pior ainda, consome uma verba que não estava nos planos, deixa de ser diversão. Mesmo que eu não quisesse que fosse só diversão; por mais que eu quisesse ser realmente uma agricultora, uma empresária do "agro-eco-negócio", a entrega não foi suficiente. Faltou perna. Aliás, faltou perna, braço, cabeça. Faltou estar presente.

Aprendi na pele, na prática, que não dá pra ter duas profissões e se dar bem nas duas. Ou você é bom em uma coisa, ou não é em nenhuma! Outra lição importante é que pra "mudar de ramo" - ou de galho, ou de árvore! - é preciso ter cacife. Tem que ter uma reserva financeira considerável, porque nenhum começo é fácil. E justamente porque nenhum começo é fácil que esse começo é tão importante em termos de entrega. Tem que suar a camisa mesmo! E não dá pra fazer isso com um pé em cada canoa...

Enfim, na decisão de ou ela ou eu, a engenharia florestal ganhou. Eu gostaria que o outro caminho tivesse sido mais longevo, mas olhando pra trás eu vejo que do jeito que começou, não daria mesmo.

Lucro financeiro líquido não houve, mas os aprendizados superam qualquer prejuízo e, no balanço final, eu fico com a minha querida profissão, aquela do "deproma". Olhando esse saldo eu vejo o quanto sou privilegiada, e afasto aquela nuvenzinha de frustração. Os afazeres cotidianos aos poucos apagam as lembranças daquele sonho que foi desfeito, e daqui a pouco é noite de novo, outros sonhos virão.